Capítulo vinte e sete - Rubí

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     A aula termina e eu me vejo lembrando do que aconteceu ontem, quando me encontrei com Renner e com Courtney no centro comercial. Ela estava dando comida na boca dele e pareciam muito felizes. Aquela imagem não sai da minha cabeça e está doendo muito.
    Debby e Courtney param na minha frente, como se não estivessem me vendo e decidem conversar. Eu tento ignorar cada patacoada, mas meus ouvidos ficam alerta quando oiço o nome do Renner.
    — Eu vou almoçar com o Renner hoje. Ele me convidou. Debby, você não imagina como o meu namorado é perfeito. — Ela ri.
    — Estou vendo que é. Você deve se sentir uma sortuda.
    — Completamente. Além de lindo, inteligente, rico e atraente, ele é muito bom de cama! — Ela diz alto demais.
    Eu arrumo as minhas coisas e levanto do meu lugar. Mas parece que eles querem me provocar.
    — Rubí! — Debby me chama. — Você tem planos para depois?
    — Eu tenho sim. Vou estar muito ocupada. Porquê?
    — Pensei que a gente podia comer um hambúrguer. Zack vai estudar com o Marcus e Courtney vai sair com o Renner...
    — Eu sinto muito, mas também já tenho planos. — Passo por elas e saio quase correndo.
     Renner convidou Courtney para almoçar. Mas porquê eu estou surpreendida? É óbvio que ele quer alguma coisa com ela. Ele sai com ela, transa com ela, esfrega na minha cara que ela é sua namorada, porquê meu coração ainda duvida?
    Seja como for, vou gastar algum tempo fazendo o trabalho. Courtney não tem ajudado em nada e eu não quero ter uma nota má. Vou trabalhar e fico a noite toda fazendo o trabalho. Assim não tenho que pensar naquele... homem.
    Ando distraída no Campus, ouvindo música com os fones no ouvido. Estou ouvindo Justin Bieber, cantando sozinha para não pensar em ninguém. Ou em alguém em específico.
    Mas já não oiço a música e noto que os fones foram tirados de mim. Eu fico mesmo irritada quando vejo que é o Marcus. Ele puxa o meu celular também, agindo como um adolescente. Ele é mesmo um imbecil.
    — O que você está fazendo? — Pergunto.
    — Preciso da sua atenção, babe! — Ele sorri. Está com o rosto machucado. Agora que eu me lembro, Renner também estava.
    — O que aconteceu com o seu rosto?
    — Preocupada comigo? Eu dei uma surra no Renner depois que encontrei ele beijando a minha irmã no sofá de casa depois do funeral. — Seu sorriso desaparece.
    Desvio o olhar. Eu não quero acreditar nisso, mas acho que agora nada que vem do Renner me surpreende. Eu devia desistir disso e seguir em frente com a minha vida. Eu ainda sou jovem.
    — Que bom para você! — Eu tento receber o meu celular.
    — Você bloqueiou o meu número de novo. Tentei ligar para você hoje, mas não consegui.
    — Isso é porque eu não quero mais saber de você. Não entende isso? Tenha um pouquinho de amor próprio e vai embora da minha vida!
    — Rubí, eu te amo. Eu nunca vou embora da sua vida. Mesmo que fuja para bem longe de mim, eu vou atrás. Não tem como se livrar de mim. — Ele toca o meu rosto.
    Eu me afasto. — Eu não tenho tempo para isso, Marcus. Eu tenho que ir embora.
    Ele me entrega o celular. — Está bem. Depois a gente se vê, meu amor. Eu te amo muito, sabia?
    Eu me afasto dele o mais depressa possível. Ele só pode estar ficando completamente louco. Ou está em fase de negação, porque espero mesmo que isso passe. Ele precisa ir atrás de outras e de me esquecer.
    Enquanto ando, não consigo evitar uma lágrima. Quer dizer, será que não é verdade que Renner estava beijando a Courtney no sofá? Eu já vi ele beijando três mulheres na mesma festa. Porquê ele não faria isso?
    Espero o ónibus, pensando se foi errado confiar nele. Eu pensei que estava tudo bem, mas voltamos a estaca zero. Eu não quero me machucar. Também estou cansada de achar que ele vai ficar comigo. Ele mentiu. Não vai terminar com a Courtney, nem vai ficar comigo.

    Começo a servir os clientes, sendo simpática e sorrindo. Cindy também e ela parece adorar fazer o que faz. Não podemos julgar o trabalho de ninguém, mas parece que Cindy gosta de servir mesas.
    Atendo outro cliente, anotando o seu pedido. O trabalho esta ótimo, a casa está cheia. O único problema é Marcus que acaba de entrar.
    Reviro os olhos e vou até ele, tratando-o como um cliente qualquer, porque nesse momento, é isso que ele é para mim: um simples cliente.
    — Boa tarde, seja bem vindo ao Delicious, o que o senhor vai querer?
    Ele sorri. — Você fica sexy com esse avental, com esse uniforme, babe!
    — O que o senhor deseja?
    — Muita coisa, senhorita. Mas por enquanto, eu quero uns nachos com muito queijo e um refrigerante.
    Anoto o seu pedido. — Vem já a caminho.
    Eu vou até a janela da cozinha e entrego os pedidos para o senhor Harrison, depois volto para atender os clientes. Delicious está sempre cheio porque a comida é ótima, eu entendo, mas também dá muito trabalho e é cansativo servir para tanta gente.
    Marcus levanta e fica andando atrás de mim, me seguindo. Eu só quero ignorar isso e tentar não perder o meu trabalho. Eu preciso desse dinheiro, já estou farta de pedir tudo para as minhas irmãs.
     — Olha como a minha namorada trabalha. — Ele diz. — Ela é boa em tudo o que faz.
     — Marcus, por favor, volte para a sua mesa. Eu não sou sua namorada!
    — Mas eu te amo. — Ele sorri e vai correndo na porta de entrada. — EU AMO ESSA MULHER LINDA! ELA É A MINHA RUIVINHA. EU TE AMO, RUBÍ JONHANSON!
    Senhor Harrison e Chris saem da cozinha imediatamente. Não me surpreenderia se perdesse o meu emprego nesse momento. Parece que Marcus quer arruinar a minha vida inteira. Eu não sei o que vou fazer com ele.
    — O que está acontecendo? — Senhor Harrison pergunta.
    — EU TE AMO! TE AMO MUITO!
    — Senhor Harrison, eu peço imensa desculpa pelo que está acontecendo. Não é o que está pensando. Ele é apenas meu ex-namorado. Ele só está ficando louco.
    — Conversa com ele, Rubí! Resolva esse problema.
    — Sim, senhor!
    Eu levo Marcus para fora do restaurante. Ele está se divertindo com as suas brincadeiras, acha graça a isso. Agora, ele está me mostrando quem realmente é, eliminando todas as memórias do homem que eu achava ser perfeito.
    — Você quer que eu seja demitida?
    — Não. Eu só estou expressando o meu amor por você. — Ele se aproxima para me abraçar. Eu me afasto imediatamente.
    — Eu não quero que você me abrace. Não quero que expresse o seu amor. Sabe, dizem que quando você ama alguém deve deixar essa pessoa livre.
    — Isso não passa de uma mentira. — Toca o meu cabelo. — Linda.
    — Marcus, se eu perder o meu emprego por causa de você...
    — Tudo bem. Eu vou me comportar. Por nós! — Ele entra no restaurante e senta na sua mesa sorrindo. Onde eu fui me meter?
    Atendo os clientes sem a chatice do Marcus, mas me incomoda o jeito sinistro que ele olha para mim todo esse tempo. Eu pensava que conhecia esse homem, mas já estou começando a ficar assustada.
    Vou para a cozinha e recebo uma mensagem. Na verdade, é um convite para festa de fraternidade. Eu tinha outros planos, mas acho que vai ser bom eu me divertir um pouco. Tirar Renner dá minha cabeça e talvez conhecer alguém novo.
    Volto ao trabalho, ignorando a presença do meu ex sinistro. Não quero perder esse emprego. E tudo que eu mais quero é me livrar do Marcus e esquecer o Renner. Será que é assim tão difícil? Mas difícil não significa que é impossível, então eu vou tentar.

Rubí - Pedras Preciosas Onde histórias criam vida. Descubra agora