Prólogo

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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PRÓLOGO

Três anos atrás.

Os trovões impetuosos ecoavam pela cidade, enquanto a tempestade caia de forma violenta. Descargas elétricas rompiam o céu, anunciando que a forte chuva não iria embora tão cedo. A lanchonete com péssima iluminação, mesas gordurosas e teto encardido estava praticamente vazio, tendo apenas como clientes um casal de adolescentes, dois homens mais afastados, um casal com uma criança que deveria ter uns sete anos e Sara, usando seu disfarce.

A garota usava uma peruca escura com duas tranças malfeitas, óculos de grau falso, aparelho removível, roupas largas e tênis velho desgastado. Em suas mãos, um livro grosso com uma pequena câmera infiltrada, que gravava todo o ambiente do lugar em que ela estava. De repente, ela vê homem magro, alto, com cabelo preto despenteado e olhos negros entrar na lanchonete com uma maleta prata na mão. Ele escolhe uma mesa mais afastada e se senta, parecendo procurar por alguém.

- Sara, esse que acabou de entrar é o dr. Alexander Kouris, um cientista grego, conhecido como Cérebro. Segundo nossos informantes, ele é o homem que veio negociar com Vandal Savage. – As palavras de Ava ecoam pela escuta no ouvido de Sara, que observava o homem atentamente.

- Entendido. – Sussurra Sara, fingindo estar lendo o seu livro.

A garçonete aparece para anotar o pedido do cientista e ele pede apenas um café. Parecia nervoso e continuava a encarar a entrada da lanchonete com preocupação. Algumas vezes também encarava o próprio relógio, verificando as horas, ansioso. O café não demora a ser servido. De tão nervoso que estava, o cientista o bebe rapidamente e respira fundo algumas vezes, apertando com firmeza a maleta que estava em seu colo.

Mais alguns minutos se passam. Alexander mexia as pernas de forma impaciente. Pelo canto do olho, Sara nota que não era a única que parecia observar o cientista. Os dois homens sentados nas mesas mais afastadas também não tiravam os olhos de Alexander. Mas antes que Sara pudesse questionar sua parceira do outro lado da escuta que usava, ela nota mais alguém chegando à lanchonete.

Um homem alto e musculoso, ombros largos e queixo quadrado entra na estranha lanchonete. Usava um casaco enorme e tinha um cavanhaque estranho no rosto. O cabelo que ia até abaixo do ombro com algumas entradas na testa foi o que revelou a Sara que o homem que ela esperava havia chegado.

- Sara. Nosso alvo chegou. Vandal Savage acaba de entrar na lanchonete. – Alerta Ava. – Cuidado.

- Não se preocupe. Isso vai acabar mais rápido do que você imagina. – Garante Sara, observando Vandal caminhar calmamente até a mesa de Alexander, que se levanta no mesmo instante para cumprimentá-lo.

Vandal sorri e aperta a mão do cientista. Sem trocar muitas palavras, os dois se sentam à mesa. Sara nota que Vandal também carregava uma maleta prata, idêntica à que o dr. Alexander tinha. O empresário coloca a maleta no chão ao lado de sua perna. A garçonete volta a aparecer para atendê-los. Assim que termina de anotar seus pedidos, os dois homens são deixados sozinhos novamente. Sara se ajeita melhor em sua cadeira e passa a observar os homens com cautela, tentando entender o que eles falavam.

- Que chuva! – Comenta Vandal, passando a mão pelo enorme casaco que ainda estava molhado.

- Bem-vindo a Londres. – Responde Alexander, forçando uma risada. – São raros os dias que não chovem nessa cidade.

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