Capítulo 10

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Laços fortalecidos... Caminhos cruzados.

Jimin.

Acordei bem tarde, meu corpo relaxado. Fiquei um tempo na cama, curtindo uma preguiça gostosa. Fiquei lembrando da conversa com os meus amigos, com meu pai. A vida não é fácil pra ninguém...

Com esse pensamento me levanto, caminhando até o banheiro. Fiz minhas necessidades, tomei um banho demorado pra espantar a preguiça. Escovei meus dentes, sai enrolado na toalha, até o meu closet. Escolhi uma roupa confortável. Um blusão azul, uma calça jeans escura, um tênis... Para compor o look, um par de óculos escuros. Arrumei meus cabelos e desci as escadas em direção a cozinha.

— Bom dia... — digo sorrindo por saber que já passa do meio-dia — Boa tarde!

— Eu já ia te corrigir... — Kai fala sorrindo — Dormiu bastante?

— Sim, o vinho deu uma relaxada, e eu dormi como um anjo — respondo — Acordei cheio de preguiça.

— Hoje é domingo, não tem importância acordar tarde — meu pai diz — Vai almoçar ou tomar café da manhã?

— Se ainda tiver bolo, eu quero... – digo — Que bolo delicioso...

— Tem bolo e Petit Gateau — a Sra. Wang diz me deixando em dúvida — Qual você quer?

Paro pensando um pouco.

— Pode ser um pouco dos dois? — pergunto fazendo uma carinha fofa — Acordei faminto. Sem contar que os dois estão deliciosos.

— Amanhã, você tem oftalmologista. Já avisei ao Seokjin — o Kai me lembra  — Vamos sair bem cedo.

— Eu havia me esquecido disso — digo  — Eu tinha planejado escrever até tarde hoje...

— Já enviou a mensagem para o Jungkook? — meu pai pergunta – Ele te pediu ontem...

— Enviei logo que saí do banho – digo — Ele ainda deve estar dormindo.

Me sento pra comer minhas delícias. Fico perdido em meus pensamentos enquanto como. Fico pensando em como minha vida mudou depois do acidente... Faz pouco mais de um mês...e já sinto como se tivesse passado anos. Tudo se tornou tão intenso ao meu redor... Não tive tempo nem de me lamentar, ou sofrer o abandono. Por um instante, senti todo o peso da dependência que sentia pelo Taemin, e penso em como ele se livrou de mim tão facilmente. Uma lágrima desce sem a minha permissão, sendo acompanhada por outras... Fiquei ali com meus pensamentos, num choro silencioso. Não que eu sinta falta dele, os meus sentimentos estão adormecidos, como se eu tivesse criado um bloqueio em meu coração, só que ao lembrar da maneira com que fui abandonado, me causou tristeza, um sentimento ruim.

Senti braços me envolvendo em um abraço reconfortante... Só me aninho, deixando as lágrimas caírem sem bloqueio, pelo perfume, sei que é o meu pai.

Fiquei ali até me sentir melhor.

— O que houve? — ouço o Jungkook perguntar — Está se sentindo mal?

Respiro fundo, limpo meu rosto com as mãos.

— Foi só um pensamento ruim — digo com a voz embargada — Uma lembrança ruim que invadiu meus pensamentos.

— Não se preocupe filho, você também pode chorar — o meu pai diz ainda abraçado comigo — É bom que lava a alma e esvazia o coração, tudo ainda é muito recente.

— Quer conversar?— o Jungkook pergunta — Se sentir necessidade de conversar, pode contar comigo.

— Quero sim, ou melhor, eu preciso! —  digo segurando no braço do Jungkook — Vamos lá para o terraço... Gostei de ficar lá.

Subimos, eu segurando no braço do Jungkook até chegarmos no lugar que estávamos ontem.

— Senta aqui! — Jungkook me ajuda a sentar no tapete — Quando se sentir confortável, começa.

Respirei fundo, soltando tudo de uma vez.

— É que tudo ainda é muito recente. Quando o meu irmão me avisou que tenho oftalmologista amanhã, me veio a lembrança de tudo que me aconteceu. Me dei conta que pouco mais de um mês atrás, eu estava planejando o meu casamento, estava feliz na medida do possível. Eu amava o meu noivo, mesmo sabendo que ele não merecia meu amor... Eu o amava, com todas as minhas forças. Tanto que relevava as coisas que ele fazia. Eu o conheci quando eu tinha somente quinze anos, e desde quando éramos somente amigos, ele já me explorava. Eu nem sei dizer o motivo de eu me apaixonar por ele. Um ano depois começamos a namorar... Quando entramos na universidade, ele me pediu em casamento. Depois disso, as decepções só aumentaram. Traição, desrespeito... Ele alegava que fazia isso por eu não aceitar passar dos beijos... Eu não me sentia seguro em seus sentimentos.

— Vocês nunca...— eu neguei com a cabeça — Mesmo estando noivos e morando juntos?

— Não, eu nunca me senti confortável para isso. Depois que ele me traiu na minha frente, essa vontade que já não existia, desapareceu por completo... Ele insistiu para marcarmos a data do casamento, no mesmo dia que sofri o acidente. Quando ele descobriu que eu estava cego,  abandonou. Eu me senti como um trapo, algo sem nenhum valor, algo descartável... Sabe? Por acaso essas coisas voltaram a me assombrar.

— Como você mesmo disse, é tudo muito recente. É normal! — Jungkook diz — Vocês ficaram juntos por muito tempo, ele foi seu único namorado, a única pessoa que você entregou o seu coração. Mesmo ele não merecendo, você o amou.

— Na verdade, a lembrança desse relacionamento me fez perceber que não sei o que é ser amado de verdade. Isso que me causou dor. Por ter dado tanto amor, pra no final, ser abandonado. Mostrando que nunca houve amor... Era apenas uma miragem. Eu não sinto falta dele, por mais estranho que pareça... Eu saí tão machucado desse relacionamento, que o fim dele me deu uma espécie de bloqueio emocional. Só lembrei disso tudo por causa da consulta que terei amanhã. Obrigado por me ouvir... Me sinto muito melhor.

— Eu fico feliz em saber que você está bem — Jungkook faz um carinho na minha mão — Sempre que sentir assim, pode me chamar...

—Obrigado mesmo... Faz pouco tempo que nós nos conhecemos, mas parece que te conheço há anos — digo sorrindo — Eu tenho uma grande admiração por você. Quanto mais nos aproximamos, mais eu te admiro.

— O engraçado é que me sinto da mesma forma em relação a você! — Jungkook fala com um sorriso na voz — Eu também te admiro muito. Te acho incrível, antes mesmo de te conhecer já te admirava. Quando eu li o seu primeiro livro, tinha acabado de me formar no ensino médio. Depois disso, sempre que lançava um novo eu corria pra comprar.

— Eu comecei a escrever ainda bem jovem. Eu comecei a publicar meus livros numa plataforma digital, aos quinze anos — digo — Aos dezessete anos uma editora pediu pra publicar meus livros. Foi sucesso de vendas. Eu comprei meu apartamento com o dinheiro da venda desse livro.

— Você tem um apartamento?— JungKook perguntou surpreso.

— Sim, estou pensando em  vender — digo — Comprar algo mais perto. O apartamento fica próximo a universidade que me formei.

— Conversa com a sua família sobre isso — JungKook aconselha — Eles saberão o que é melhor.

— Sim, farei isso — digo — Eu não vou voltar a morar lá de qualquer forma. Ainda mais sendo no último andar.

— Seu irmão estava conversando comigo ontem... — JungKook fala — Ele me disse que seu caso poderia ser resolvido com uma cirurgia, mas que você não quis fazer. Por quê?

— Não sei te dizer — falo — Era muita informação jogada sobre mim ao mesmo tempo. Eu tive medo de criar expectativas e se não desse certo, eu ficaria mal. Eu prefiro aceitar a minha condição do que criar falsas esperanças.

— Eu tentaria de alguma forma, mas a decisão é sua — o JungKook apoia sua mão em meu ombro — Mesmo eu respeitando a sua decisão, penso que o seu medo não pode ser maior que sua vontade. Se há uma chance de recuperação, eu acredito que você deva tentar. Muitos gostariam de ter essa oportunidade. Pense nisso…

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