Capítulo 17

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JungKook.

Volto para casa cabisbaixo,
Depois de saber que o Jimin não mora mais aqui e agora não sei mais como encontrá-lo. Eu perdi muito tempo tentando fugir dos meus sentimentos, abrindo mão da felicidade que estava tão perto.

Entro em casa, pouco me importando com a bagunça que deixei na cozinha, subindo direto para o meu quarto. Me jogo na cama me sentindo um baita idiota. Eu mesmo deixei isso acontecer.

O abandonei no hospital, ele me avisou que já estava em casa, e eu sequer respondi. O ignorei todo esse tempo, eu poderia ter ligado, poderia ter respondido, poderia ter dito a ele como eu me sentia feliz por ele, que gostava de estar ao seu lado. Que somente com ele... Eu me senti vivo novamente. Eu poderia ter feito e dito tantas coisas, mas o não fiz. Agora, mesmo que eu queira ligar.ou enviar uma mensagem, ou até mesmo ir até ele, já não posso mais. Não tenho mais nada.

Procurar pelo pai dele depois do que eu fiz, não vai adiantar nada, ele perdeu a confiança em mim, deixou bem claro na última vez que conversou comigo, disse que eu não sou diferente do outro, que eu só era amigo do Jimin cego.

Não adianta me lamentar agora.

Me arrumo, vou para a oficina, pego o material que tenho que entregar na escola.

Entro no meu carro e vou fazer a entrega.

Ao chegar na escola, procuro pelo Seokjin.

— Oi, eu vim trazer as coisas que você encomendou — digo logo que o encontro — Posso entregar lá na loja?

— Sim, eu vou com você — Seokjin me acompanha — Eu vou guardar e já volto.

Seokjin entra na loja com a caixa e o Taehyung se aproxima me olhando de uma forma estranha.

— Tudo bem? —pergunto — Qual o problema?

— Eu que te pergunto,  qual é o seu problema?— Taehyung diz me olhando sério — Eu nunca esperei uma atitude assim, não vinda de você...

— O que eu fiz? — pergunto sem entender do quê ele está falando.

— Pelo que vejo, você não entende muita coisa! — Taehyung diz — Ou talvez, você não queira entender.

— Taehyung, seja claro, para com essas insinuações e diz de uma vez, por favor! — digo impaciente — Eu não sou muito bom em charadas.

— Estou falando do Jimin! — Taehyung diz por fim — Eu ouvia ele falando de você com tanto entusiasmo. Falava tanto de como você era especial, inteligente entre tantos elogios. Você sabia que ele não queria fazer a cirurgia? Sabia que ele só fez para te agradar? Você sabia que ele sofre por ter sido abandonado mais uma vez?

Eu abaixo minha cabeça, sem saber o que dizer.

— Ele queria te ter por perto, ser seu amigo, ele se sentia seguro ao seu lado! — Taehyung continua — Por saber que você é hétero, ele nunca te faltaria com respeito, Jimin te admirava tanto. Você era o assunto preferido dele. Falava com orgulho dos seus inventos tecnológicos. Hoje ele esteve aqui, nos contou que foi abandonado por você logo após a cirurgia. Ele foi embora, por saber que você não o queria mais por perto, que você não queria mais a sua amizade. Sabe qual é a sua sorte, ou azar, não sei... É que Jimin é muito mais forte do que aparenta. Por baixo daquela aparência frágil, do jeitinho meigo e amoroso, tem uma fortaleza! Ele se refaz a cada pancada que a vida lhe dá, engole o choro, e segue em frente!

— Eu nem sei como te explicar — digo cabisbaixo — Eu nunca quis magoá-lo. Na verdade, eu estava confuso e não queria aceitar meus sentimentos por ele. Eu tentei fugir, evitar, me esconder de tudo que estava sentindo. Quando eu decidi aceitar, pedir perdão, já não era mais possível. Ele foi embora, mudou o número do celular. Agora é tarde!

— Nunca é tarde quando realmente queremos algo! — Seokjin diz ao se aproximar, colocando a mão no meu ombro — Se você quer realmente se aproximar dele novamente, você vai conseguir. É só deixar o orgulho de lado e correr atrás. Você mora ao lado da família dele. Agora, vai ter que reconstruir a confiança que eles tinham em você, vai ter que provar que os seus sentimentos são verdadeiros. Agora é com você, vai desistir ou lutar?

— Obrigado — digo já sabendo o que fazer — Eu vou lutar e vou começar agora mesmo. Agora eu preciso ir.

Saio da escola, indo direto para casa.

Vou para meu quarto pensar um pouco antes de agir, a essa hora não tem ninguém em casa, de qualquer maneira terei que esperar.

Aproveito esse tempo para trabalhar. Entro para minha oficina, coloco uma música pra tocar, e início meu trabalho.

Acho normal as pessoas que passaram por uma situação como a que eu vivi, se fecharem para o amor. Uma perda irreparável, mesmo que com o tempo, eu tenha descoberto que as coisas não eram bem como eu enxergava.

Vejo a hora e saio da oficina, indo direto para a casa dos Park's.

Respiro fundo, tocando a campainha em seguida. Aguardo ser atendido.

— Boa noite, o Sr. Park já chegou?- pergunto eu a governanta que afirma com a cabeça positivamente — Eu preciso falar com ele.

— Entre, ele está na sala — a sigo até onde o Sr. Park está — Sr. Park, o Sr. Jeon está de volta.

A governanta sai nos deixando sozinhos.

— Qual o motivo da visita?— o Sr. Park me pergunta sem virar o rosto em minha direção — Resolveu aceitar o pagamento?

— Na verdade, não!  — respondo enquanto me posiciono ficando em sua frente — Resolvi aceitar os meus sentimentos e vou precisar da sua ajuda.

— E como eu poderei te ajudar? — o Sr. Park indaga me olhando sério.

— Na verdade, eu ainda não sei. Não faço ideia de por onde começar — digo inseguro — Eu me afastei, quando na verdade eu deveria ter ficado. O Jimin se apoiou no meu amor, de repente, me retirei o deixando sem esse apoio. Não sei como ele está agora em relação a mim, como estão os seus sentimentos...

— Eu posso só falar por mim! — Sr. Park comenta ainda me encarando — Estou muito decepcionado com você, sua atitude derrubou tudo aquilo que eu pensava ao seu respeito.

— Eu entendo os seus motivos, mas gostaria que entendesse os meus — digo cabisbaixo — Eu tenho uma história e não o abandonei por maldade, eu só estava confuso, não aceitava o que sentia por ele. Eu perdi minha esposa, que estava gestante de seis meses, no mesmo dia, perdi as duas pessoas mais importantes pra mim. Entrei em depressão, fiquei um longo tempo em tratamento. Na época, o meu irmão foi preso, acusado de ter derrubado ela da escada. Demorou bastante tempo até eu descobri que o que eu sabia, não era bem a verdade. Alguém tão simples como eu, que só queria encontrar o amor, infelizmente na busca acabei me perdendo, caindo em uma armadilha que desestruturou toda a minha família. Com isso acabei me fechando para o amor, até encontrar o Jimin. No início, eu pensei que o que eu sentia por ele, era somente empatia, cuidado, amizade. Eu quis o ajudá-lo desde o primeiro instante que o vi, quando ele estava no quintal aprendendo a caminhar até o portão. Seu sorriso ao conseguir fazer sua caminhada sozinho, mexeu com algo dentro de mim. Quando ele estava no centro cirúrgico, eu encontrei uma menina que se formou junto comigo, ao marcar um jantar com ela naquela mesma noite em que Jimin havia recuperado a visão, ela querendo de qualquer maneira se infiltrar na minha vida, só ali eu percebi que o meu coração já estava preenchido com tantos sentimentos, na mesma hora me despedi da menina, voltando para casa. Naquela noite eu iniciei uma batalha contra tudo o que sentia. Eu não queria sentir tudo aquilo, não aceitava. Eu tive medo de estragar tudo, já que o Jimin havia me dito que estava fechado para o amor, assim como eu também pensava estar... Após sua visita, desliguei meu celular, e até essa madrugada, quando percebi que não adianta fugir desse sentimento, por entender que ele é maior que eu. Eu entendi que eu preciso dele, muito mais do que ele precisa de mim, por isso, estou aqui pedindo o seu perdão e também a sua ajuda.

Nesse instante, meu rosto está molhado por lágrimas,  expondo a sinceridade doa meus sentimentos.

O Sr. Park se levanta vindo em minha direção, me abraçando.

— Eu acredito em você! — Ele diz — Eu sei bem como às vezes tudo fica muito confuso. Essa coisa de sentimentos não é algo tão simples. Vem, vamos lanchar, depois vemos o que faremos.

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