ℒ𝓊𝓏 𝒹ℴ𝓈 𝓂ℯ𝓊𝓈 ℴ𝓁𝒽ℴ𝓈 (𝒥𝒾𝓀ℴℴ𝓀) ( ℳ𝓅𝓇ℯℊ)

Capítulo 16

Jimin.

No dia seguinte, acordo disposto a sair pra dar uma volta, estou com muita saudade dos meus amigos.

— Kai, vamos à escola? — digo animado — Eu ainda não contei a novidade aos meninos...

— Vamos, eu vou me arrumar — Kai se levanta, indo vestir a roupa que compramos ontem no shopping.

Aproveito para olhar os meus emails.

"Seus últimos livros serão publicados. As histórias são lindas e comoventes."

Saio do aplicativo quando Kai chega na sala já arrumado para sairmos.

— Vamos, estou ansioso para ver o rostinho deles — digo realmente ansioso — Eu só conheço a voz deles. O Tae tem uma voz grave e sexy, o Seokjin tem uma voz marcante, mais serena. Só a sua gargalhada é escandalosa.

Saímos do apartamento rindo do meu comentário.

— Kai, você vai dirigir. Eu vou usar meus óculos escuros — digo com um sorriso sapeca — Não fala nada. Deixa eu fazer uma surpresa para os meus amores.

Seguimos alegres até a escola. Eu estava tentando imaginar a surpresa dos meus amigos, tentando imaginar como eles reagiram.

— Está preparado? — Kai me pergunta enquanto estaciona o carro — Chegamos!

Espero Kai dar a volta no carro e abrir a porta, como ele sempre fez. Seguro em seu braço. Por baixo dos óculos escuros, estou com os olhos fechados. Eu não sei explicar direito, o motivo de algumas vezes me pegar fazendo isso.

Seguimos para o centro, indo em direção à sala de aula, segurando no braço de Kai, meus olhos continuam fechados, neste momento não quero que percebam algo diferente no meu modo de andar.

Deixando os meus outros sentidos captarem toda atmosfera do ambiente, mais uma vez, não sei explicar, aqui neste lugar, com meus olhos fechados me sinto vivo, me sinto aceito, me sinto amado, me sinto feliz.

Antes de entrar na sala, seguro forte o braço do Kai, que nesse instante parou de andar ao perceber as lágrimas em meu rosto. O abraço, me escondendo em seu peito, deixando as lágrimas saírem livremente.

— Por que eu voltei a enxergar?— pergunto baixinho, quase para mim mesmo — Eu era mais amado quando não enxergava...

Kai faz um carinho em minhas costas, beijando minha cabeça, na intenção de me acalmar.

— Se acalme, eu sei o que você está sentindo... — Kai segura o meu queixo fazendo eu olhar em seus olhos — Eu estarei sempre aqui, pra te dar todo o amor que você precisa. Você sabe que é muito amado por todos nós, então, não desista só porque um único caminho não te levou a lugar nenhum, você sempre terá a opção de recomeçar.

Limpo o meu rosto com as mãos, abraço meu irmão pela cintura, encostando a lateral do meu rosto em seu peito.

— Obrigado por sempre ter as palavras que eu preciso, eu também te amo muito! — digo durante o abraço — Vamos!

Respiro fundo, voltando a caminhar. Coloco um sorriso no rosto ao lembrar dos meus amigos, mesmo que por dentro eu esteja em pedaços.

Entramos na sala, logo ouço Seokjin gritar.

— Meu bebê! — ele diz, logo sinto seu abraço — Que saudades, você está bem?

— Estou ótimo! — digo — Cadê o Taehyung?

— Ele foi na cozinha — Seokjin responde — Logo estará de volta.

— Eu senti tantas saudades de vocês — me aninho no abraço — Não via a hora de voltar aqui.

Seokjin me leva para o espaço onde os acompanhantes ficam, e nos sentamos no grande sofá.

— Eu estava louco para saber como foi a cirurgia — Seokjin fala — Mas não tive tempo de ir na sua casa. Eu ia te ligar, mas me esquecia quando chegava em casa, era só colocar os pés em casa que meu marido me ligava, e eu esquecia de tudo.

— Que saudades de você! — me assusto com o Taehyung que chega sem que eu perceba — Quero saber de tudo, estava ansioso por notícias suas.

Taehyung se senta ao meu lado. De um lado Taehyung, do outro o Seokjin.

Retiro meus óculos lentamente, olho para o Taehyung.

— Amei a cor da sua camisa! — digo e logo me viro para Seokjin – Pensei que os seus cabelos fossem pretos...

— Você está enxergando? — Seokjin grita surpreso — Meu Deus, que maravilha!

Taehyung já está chorando igual a um bebê.

— Estou tão feliz por isso! — recebo um abraço apertado dos meus amigos, seguido de uma enxurrada de perguntas — E como você está depois que voltou a enxergar? Deve estar muito feliz, é claro!  Como o JungKook reagiu?

— Eu... Pra ser sincero, não sentia muito a falta de enxergar, ainda mais depois que o Jungkook me mostrou toda aquela tecnologia. Eu nunca quis de fato fazer a cirurgia — digo vendo os meus amigos atentos às minhas palavras — Antes de perder a visão, eu não sabia o que era ser amado de verdade, ter amigos, querer fazer parte de algo, como eu me dediquei à escola, sabe? A minha única dificuldade era voltar a escrever, depois que o Jungkook me ajudou, não me faltava mais nada. Depois de uma conversa que tivemos, ele me disse que muitos gostariam de ter a oportunidade de voltar a enxergar, e eu estava desperdiçando. Por isso eu fiz a cirurgia, mais por ele do quê por mim. Eu estava feliz, e por ele ser tão presente na minha vida, eu resolvi tentar... Só por ele.

— Mas e ele, ficou feliz? — Seokjin me perguntou — Qual foi a sua reação ao ver o rosto dele pela primeira vez?

— Quando abri os meus olhos e o olhei, logo reconheci, era exatamente como eu imaginava... Lindo! — digo, já com os olhos marejados e a voz embargada — Pena que depois que eu voltei a enxergar, ele nunca mais foi me ver ou respondeu a mensagem que enviei para ele avisando que já estava em casa. Ele simplesmente me abandonou no hospital, assim que eu voltei a enxergar.

— Sério?— Taehyung diz assustado — Eu pensei que ele faria uma festa! Não passou pela minha cabeça que a história se repetiria.

— E o que você vai fazer, agora que voltou a enxergar? — Seokjin me pergunta segurando a minha mão — Quais são seus planos para o futuro!

— Viver é o meu plano principal! — digo limpando os olhos — Vou continuar escrevendo as minha histórias de amor. Já me mudei para o centro de Seul, comprei outro carro, coloquei meu antigo apartamento à venda.

Logo que os alunos começaram a chegar, nos despedimos. Volto para minha casa, acompanhado do meu irmão.

JungKook.

O despertador do celular me acorda, eu desligo e vou direto para o banheiro. Após a higiene caprichada, vou preparar algo para comer.

Enquanto preparo a minha refeição, fico pensando no que vou fazer, em como me reaproximar. Me sento para comer ainda pensativo.

“ — Ficar procrastinando não vai resolver meu problema. Tenho que tomar uma atitude logo.”— penso.

Deixo tudo do jeito que está, saindo de casa imediatamente. Vou até a porta da casa do Jimin, apertando a campainha. A governanta abre a porta.

— Oi, bom dia! — digo – Eu gostaria de ver o Jimin.

— Ele não mora mais aqui — ela diz — Se mudou logo que voltou a enxergar. O pai dele vai descer daqui a pouquinho. Quer entrar para conversar com ele?

— Não, obrigado! — suspiro me  tentando entender o que ouvi, me sinto um covarde —  Eu já vou. Tenha um bom dia!

Se gostou da leitura, não esqueça de deixar seu voto. Obrigada!