Capítulo VIII

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Foram necessários muitos minutos e desculpas ao telefone, para que Alice perdoasse Sara por ficar tanto tempo sem telefoná-la. A jovem estava há mais de um ano longe de casa e a vida entre a faculdade e o hospital se intensificava cada vez mais. Após alguns reencontros, Santiago havia se tornado o seu melhor amigo e a pessoa com quem mais conversava, principalmente quando precisava desabafar ou pedir conselhos. Beto e Ágata estavam quase sempre no trabalho, envolvidos com grupos de oração ou ações sociais, mas, mesmo raramente, ainda a convidavam para sair.

Por outro lado, Dominique e Ulisses estavam mais apaixonados do que nunca, o que fazia com que passassem boa parte do tempo juntos. Acreditavam mesmo que tivessem sido feitos um para o outro.

— Gostaria de dizer, neste momento, diante das pessoas que mais amo, o quanto estou feliz – Ulisses disse, erguendo a taça de champanhe. — Há algum tempo, conheci uma garota incrível que me fez repensar o quanto eu havia perdido da vida, o quanto eu precisava de alguém como ela. É difícil compreender que duas pessoas possam se apaixonar em tão pouco tempo, mas o amor nunca exigiu um prazo. Esses prazos, na verdade, são consequências do amor. E o amor é tudo o que nós precisamos. E é por isso que, nesta noite – ele ajoelhou-se diante de Dominique, tirando uma caixinha de aliança do bolso do paletó —, quero lhe pedir que viva o resto dos seus dias ao meu lado, porque, se existe uma pessoa certa para cada um nessa vida, tenho a certeza de que você é a minha. Dominique, aceita se casar comigo?

Os poucos convidados para o jantar ficaram apreensivos. A mãe de Ulisses soluçava escondida, muito emocionada, secando o rosto com um lencinho de bolso. Dominique, sorrindo de orelha a orelha, enquanto o intenso verde de seus olhos refletiam a emoção, suspirou profundamente, como se tivesse esperado aquele momento durante toda a vida.

— Eu cometeria o maior erro da minha vida se dissesse que não. Então, sim, eu aceito me casar com você!

Todos vibraram, enquanto o casal se beijava em meio aos aplausos.

— Dá para acreditar? – San perguntou à Sara, sorrindo. — Quem diria que um dia as coisas acabariam assim.

— Não, não dá para acreditar, porque ainda não acabou – ela riu. — Mas, meu Deus, o tempo passou tão rápido! É engraçado como, de uma hora para outra, pequenos detalhes acabam mudando tudo à nossa volta. Como o futuro é imprevisível.

— Exatamente! Nos conhecemos em uma choperia e hoje os nossos amigos estão noivos. Isso é muita loucura, não acha? Uma choperia é um lugar quase irreal para se firmar um compromisso.

— Vou lhe confessar uma coisa – Sara aproximou-se do ouvido dele, para que ninguém mais escutasse. — Odeio noivados. E casamentos, também.

— Não acredito! Tá aí mais uma coisa que temos em comum.

— Sério? Você também não gosta de noivados e nem de casamentos? – A jovem questionou, surpresa. — Você está todo comovido, não parece não gostar de noivados.

— Ah, estou feliz por eles, mas não significa que eu goste de noivados.

— Qual a sua história? – Sara perguntou, interessada.

— A minha história? Como assim?

— É! Por exemplo, o meu noivo me deixou no dia do meu casamento. Namorávamos desde a adolescência e eu achava que era o homem da minha vida. Mas eu deveria ter desconfiado que isso iria acontecer, porque já havia me disse que nunca iria se casar. Não sei porque insistimos nisso.

— Não brinca! Você já ficou noiva? – San a encarou, boquiaberto. — Mas por que iriam se casar, se ele não queria?

— Acho que ele começou a se sentir pressionado. Depois de todo aquele tempo namorando, o meu pai começou a tocar no assunto todas as vezes em que o Ben aparecia lá em casa. Um dia, nós fomos ao cinema e, na metade do filme, ele me perguntou se eu queria me casar com ele, assim, do nada. A princípio, pensei que ele apenas queria que eu considerasse a ideia, mas era um pedido de verdade!

O Filme das Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora