Capítulo XXVI

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Pessoal, esse é o único capítulo que se passa pela perspectiva da Sara.

Espero que gostem! 💙


Haviam muitas flores naquele quilométrico jardim. As margaridas misturavam-se em meio às rosas, violetas, girassóis e cravos, e as cores eram das mais variadas possíveis. O cheiro era maravilhosamente agradável. Também haviam árvores de várias espécies e um riacho que corria águas tão cristalinas, que era possível ver os peixes ao fundo, coloridos, seguindo o fluxo. Muitas borboletas sobrevoavam o céu, como se dançassem com o vento. Tudo parecia tão bem cuidado e vivo, que Sara não pensou em outra coisa que não fosse o empenho do jardineiro que cuidava dali.

Ela usava os cabelos soltos e um vestido amarelo, listrado, idêntico ao que tinha quando era criança. Havia uma leve brisa que soprava em sua direção e os raios do sol recaíam fracos sobre a sua pele. Estava descalça e seus pés estavam sujos de terra. Terra úmida.

Era curioso como estava se sentindo bem e feliz. Parecia presa em um sonho, mas, ao mesmo instante, aquilo parecia incrivelmente real. Ela queria sair correndo, sentir o vento indo de encontro ao seu rosto. Queria sentir as flores tocarem as suas pernas, seus pés se afundarem ainda mais na terra. Mas tinha medo. Não fazia ideia de onde estava.

— Não precisa ter medo! – Ela ouviu uma voz, mas não conseguia identificar de onde vinha. — Sinta-se livre!

Sara procurou novamente pela voz, mas não encontrou ninguém por perto.

— Não sei se devo – ela respondeu, olhando ao redor. — Há muitas flores à minha volta. Estou com medo de matá-las.

Então ecoou uma risada graciosa.

— Não se preocupe, Sara. Nada morre por aqui.

Sara segurou na barra do vestido florido, se permitindo confiar naquela voz, e começou a correr para a frente. À medida em que avançava o jardim, as flores afastavam-se, dando-lhe passagem, e seus pés afundavam-se no solo macio. O sorriso estava fixo em seu rosto e as lágrimas de emoção desciam sem que percebesse. Nunca, em momento algum, havia se sentido tão feliz quanto naquele momento.

— Isso é fantástico! – Gritou sorridente e, assim, abriu os braços. — Isso é incrível! Eu me sinto tão livre!

Quando chegou ao topo da colina, ela se jogou no gramado, rindo, olhando para o céu. Sara sentia-se criança outra vez e desejava nunca mais sair daquele lugar.

— Está gostando? – Sara tornou a ouvir a voz, agora mais perto e mais clara. Então, uma jovem deitou-se ao seu lado. — Aqui é um dos meus lugares favoritos. Consigo enxergar muita coisa daqui.

Sara virou o rosto para ela, um pouco surpresa. A jovem tinha aproximadamente a sua idade. Seus cabelos eram longos e ondulados, os olhos escuros e seu sorriso era intenso e verdadeiro. Era uma moça muito bonita.

— Me desculpe, mas quem é você? – Sara perguntou.

— Não se preocupe com isso agora, Sara. Você ainda vai ter a oportunidade de descobrir – ela respondeu de maneira gentil e amigável.

— Onde estamos?

— Olhe bem para tudo isso e me responda você mesma – a jovem falou, ainda sorrindo.

Sara tornou a olhar o lugar. Os pássaros cantavam a mais bela melodia que já havia escutado, nos galhos das árvores. Esquilos e coelhos corriam pelo gramado, se escondendo e reaparecendo nos pequenos montinhos de terra. As nuvens eram surpreendentemente bonitas, volumosas e brancas, e o céu imensamente azul. Em toda a sua vida, Sara nunca havia visto nada parecido. Nem mesmo nas fotos. Tudo parecia surreal e harmônico, e a paz que sentia era genuína.

O Filme das Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora