Capítulo XXVII

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Pessoal, esse é o único capítulo que se passa pela perspectiva da San.

Espero que gostem! 💙


Santiago estava muito cansado, mas não se permitia dormir. Estava ansioso, estressado demais para descansar. Queria ter notícias urgentes do que estava acontecendo, mas sabia que demoraria para tê-las. Haviam muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, como o fato de Dominique ter invadido a sala de cirurgia e de Ágata e Beto terem desaparecido. Santiago se preocupava com eles e temia que tivessem algum lapso psicológico.

Benício e Alice haviam saído para conversar e Bianca permanecia ao seu lado, cuidando dele e falando frases de incentivo. Ela parecia ter amadurecido muito nas últimas semanas, e ele até mesmo se esquecia da forma rude como ela o tratava.

— Santiago, vamos dar uma volta, pelo menos – ela pediu carinhosamente. — Já que não quer descansar, vamos tentar fazer algo que te distraia. Você vai se sentir melhor, tenho certeza.

Santiago olhou a jovem nos olhos e assentiu. Estava tão frágil com toda a situação, que acabou concordando em sair dali. Juntos, desceram pelo elevador e passaram pelo saguão. O lugar estava deserto, com exceção dos dois funcionários na recepção.

— Ei, não podem transitar por aqui – o segurança falou. — Os enfermeiros estão em greve e não há atendimento.

— Estamos com o médico Amaro – Bianca respondeu.

O homem os encarou por alguns instantes e balançou a cabeça, permitindo. Os dois continuaram o trajeto, chegando ao lado de fora. O dia não estava muito quente e havia um ou outro rastro de nuvem nó céu. No estacionamento, pouquíssimos carros.

Santiago e Bianca permaneceram caminhando, mas não tinham um destino certo. Os pensamentos do rapaz pareciam distantes e um pouco desordenados, talvez por causa do cansaço. Sentia uma leve dor de cabeça, também, mas isso era a menor de suas preocupações.

Bianca segurou em suas mãos e o levou até um dos bancos de concreto, que ficava de frente para uma das saídas do hospital. O local era arborizado e dava todo o charme ao hospital, que tinha as paredes pintadas de branco e tinha cinco andares.

Santiago sentou-se ao seu lado, apoiando a cabeça em seu ombro. Então, fechou os olhos por alguns instantes.

— Nós somos muito diferentes – ele ouviu alguém dizer. — Muito diferentes mesmo.

Santiago abriu os olhos e, de frente para ele, estava um garoto de aproximadamente sete anos. Ele tinha o rosto arredondado e era bochechudo. Seus olhos eram escuros e o cabelo liso caía por cima dos olhos.

— O que disse?

— Nós dois somos muito diferentes – ele respondeu.

Santiago olhou ao redor. Bianca havia desaparecido. Não havia ninguém por perto, a não ser aquele garoto.

— Quem é você, garoto? Onde está a sua mãe?

— Não percebe, Santiago? – Ele sorriu de lado. — Eu sou você!

Santiago espantou-se, arregalando os olhos. Aquele garoto realmente se parecia com a criança que havia sido um dia, mas aquilo seria possível?

— Como... De onde... O que você quer dizer com isso?

— Você me deve uma vida, Santiago – ele respondeu. — Há muito tempo você vem tirando isso de mim. Você se tornou alguém que nós nunca desejamos ser. Alguém sem fé.

O Filme das Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora