Capítulo XIX

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Naquela manhã, Sara acordou decidida a contar para Benício sobre a gravidez. Então, após o café da manhã, mandou uma mensagem de texto para que ele a encontrasse próximo ao lago, antes de ir para a faculdade. Ele respondeu imediatamente, aceitando o convite.

Ela vestiu uma camiseta mais folgada, a qual não pressionava a barriga, deixando-a em evidência. A calça preta que usava era de malha e extremamente confortável, e isso fez com que começasse a pensar que teria que mudar o guarda-roupa muito em breve.

Fazer caminhada àquela hora da manhã estava sendo muito agradável e, Sara pensou, saudável para ela e para a criança. O céu azul e o vento faziam com que se sentisse bem e se lembrasse das manhãs que passava ao lado do pai, quando mais jovem. Ela sentia muito a falta da família e se comunicava com eles semanalmente por mensagens de texto, mas quase nunca se falavam por telefone. Sara receava que descobrissem pelo tom da sua voz que algo de errado estava acontecendo, mas ainda não se sentia pronta para contar a eles.

A alguns metros do lago, avistou Benício de costas, sentado sob o carvalho. Ele mexia nas próprias mãos, talvez ansioso ou nervoso. Ele usava uma camisa listrada azul da corretora em que trabalhava.

— Bom dia! – Disse ao aproximar-se dele. — Está pensativo.

— Bom dia, Sara! – Ele sorriu, contente em vê-la. — Estou apenas refletindo sobre a vida. Sobre tudo o que acontece. Essas coisas.

— Muito difícil?

— Sempre – Benício sorriu. — Só não podemos desistir.

Sara sentou-se ao lado dele, ansiosa, sentindo um frio na barriga.

— Por que ficamos tanto tempo sem nos falar? – Ele perguntou de forma inocente, mas igualmente amigável. — Cheguei a pensar que fosse algum tipo de vingança.

— Talvez eu devesse mesmo me vingar – ela brincou. — Mas não faço isso, porque doeu. Ainda dói. E não gostaria que você sofresse o que eu sofri.

— E eu me arrependo todos os dias por isso, Sara – ele disse, segurando em sua mão. — Mas eu quero fazer o que for possível para nunca mais te fazer sofrer. Eu quero que você seja feliz, independentemente de qualquer coisa. Quando nos reencontramos, me senti tão grato por você ter me dado outra oportunidade de me reaproximar de você.

Ela respirou profundamente e foi soltando o ar lentamente.

— Que bom que tocou no assunto – ela olhou em seus olhos esverdeados, que refletiam o brilho do sol. — É exatamente sobre aquele dia que quero falar.

— Aconteceu alguma coisa? – Ele ficou preocupado.

— Aconteceu – ela falou firmemente. — Eu estou grávida.

Os olhos dele tornaram-se ainda mais intensos e seus lábios abriram-se em um largo e puro sorriso, como alguém que recebe a melhor notícia do mundo. Ela conseguiu ouvir as batidas de seu coração e a visível emoção estampada em seu rosto.

Não era a reação que esperava.

— Meu Deus, Sara! – Ele sorriu ainda mais, as lágrimas sutilmente escorrendo por seu rosto. — Está me dizendo que vamos ter um filho? Nós dois, juntos, tendo um filho?

— Sim – afirmou, rindo com a reação do rapaz. — Nós vamos ter um filho, Benício. E é um menino.

O homem a segurou pelos braços e a beijou. Sara permitiu. Por mais que tentasse esconder ou negar, ainda era apaixonada por ele.

— Eu sou a pessoa mais feliz do mundo! – Ele comemorou, passando a mão em sua barriga. — Obrigado, Sara! Obrigado por existir! Obrigado por ser a pessoa mais incrível desse mundo! Eu te amo tanto!

O Filme das Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora