Capítulo XXXI

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Após passar dias com toda uma equipe se mobilizando para ajudá-la a se recuperar, conciliando muita fisioterapia, medicamentos e muita determinação, Sara conseguia dar os primeiros passos sozinhas. Era algo emocionante e ela chorava todas as vezes em que conquistava algo, por menor que parecesse. Todas as vezes que conseguia fazer os movimentos que costumava fazer antes da cirurgia, todo mundo vibrava. E ela fazia os exercícios sempre que podia, colocando, principalmente, o filho como estímulo, e sentia muita satisfação após cada atividade.

— Você está melhor do que pude prever – o médico confessou. — Não posso negar o quanto estou surpreso com a sua recuperação, Sara. Não há nenhuma explicação para isso. Como você está indo bem, vou permitir que veja o seu filho.

Sara gritou, em uma mistura de alegria e surpresa. Todos os que estavam no quarto aplaudiram a decisão do médico.

— Muito obrigada! – Ela chorou. — Muito, muito obrigada!

Benício buscou uma cadeira de rodas para que pudesse levá-la até a unidade neonatal, que ficava do outro lado do hospital.

— Você vai conhecer o nosso filho! – Ele exclamou. Estava quase tão empolgado quanto ela. — Você vai ver o quanto ele é lindo e adorável. Ele faz uns movimentos tão... fofos...

Sara sorria para todas as pessoas por quem passava. Se tudo desse certo, muito em breve o hospital seria um lugar ainda mais familiar para ela, assim que se formasse. Quando se aproximaram da unidade, Sara pôde ouvir o choro dos bebezinhos e o seu coração apertou. Se perguntou, ansiosa, se algum daqueles poderia ser o seu e o sorriso aumentou em seu rosto.

Então, eles chegaram e pararam diante de uma sala de vidro.

— Como você sabe, não permitem que a gente entre – Benício disse, fazendo gesto para a enfermeira. — Ela vai trazer ele até aqui, para que possamos vê-lo.

A mulher levou a incubadora até a proximidade do vidro, onde o casal estava. Mesmo com aquela barreira, Sara sentia uma imensa alegria e um imenso amor ao ver aquele rostinho, tão pequeno e delicado. Ela queria poder entrar lá e segurá-lo no colo, mas não tinha autorização.

— O Davi se parece mesmo com você – disse a Benício, rindo. — Mas o sorriso é meu.

— Espere... Já decidimos que o nome seria esse? – Benício riu.

— Nós, não – Sara riu também, olhando para o rapaz. — Ele escolheu.

Benício a abraçou, acariciando o seu rosto.

— Bom, então agora já podemos registrá-lo – ele falou com empolgação. — Não faz ideia do quanto estou ansioso para fazer isso. Há dias fico imaginando ele, oficialmente, tendo um nome.

— Eu imagino, sim – falou. — Se quiser, pode ir adiantando os papéis. Quero ficar aqui por mais algum tempo, olhando-o.

— Eu posso esperar.

— Não, Benício, você está até tremendo de ansiedade – ela riu. — Consigo alguém para me levar de volta. Prometo!

Benício hesitou antes de deixá-la. Sara ficou durante algum tempo apenas observando o seu filho, sozinha, admirada. Ela o amava incondicionalmente e estava feliz por ter se decidido por ele. Estava feliz por vê-lo bem, saudável e não pensava em outra coisa, a não ser em pegá-lo no colo.

Pelo reflexo do vidro, ela espantou-se, enxergou a imagem de Lisa, observando-a. Mas, ao se virar, não havia ninguém. Simplesmente ninguém. Então tornou a olhar para a frente e o vidro apenas refletia o seu próprio reflexo.

— Me disseram que estaria aqui – Santiago falou, segurando na cadeira, assustando-a. — Desculpe, eu não quis assustar você. Talvez eu devesse ser mais delicado.

O Filme das Nossas VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora