CAPÍTULO 7

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❝Mas, às vezes, as coisas não acontecem em ordem cronológica na vida das pessoas. Especialmente em nossas vidas. Já faz um bom tempo que a nossa ordem cronológica ficou bem confusa.❞ — Colleen Hoover, Pausa.

Depois que Corbyn estacionou o carro, andamos por cerca de cinco minutos numa rua comercial, até que ele dobrou à esquerda e entramos em uma viela estreita que provavelmente terminaria em um beco.

— Devo começar a gritar? Me avise o momento certo. Tenho tendência a perder a deixa. — Comento com um sorriso zombeteiro. 

Corbyn está a um braço de distância de mim, mas consigo sentir seu perfume masculino mesmo assim. Acho que ele não vai segurar minha mão. Isso me deixa estranhamente mais calma.

Se ele fizer algum movimento, como me abraçar ou tocar meu rosto, tenho a impressão de que não vou saber corresponder e a coisa toda vai ser muito constrangedora.

— Você faz aulas de defesa pessoal e é boa. Não sou eu quem deveria estar preocupado? — Ele fala, arqueando as sobrancelhas. 

Uma mecha de seu cabelo cai na altura da pálpebra do olho e ele a deixa ali, intocável.

Tento não encarar Corbyn por muito tempo, embora seja difícil, porque ele é bonito até num canto mal-iluminado.

— Como sabe que faço aulas de defesa? — Indago curiosa. Eu nunca disse isso a ele.

Por ser mulher meu pai sempre achou importante que eu soubesse me defender quando ninguém o pudesse fazer por mim. Por isso desde pequena frequentei muitos tatames. Passei por alguns estilos de luta, mas só aprendia o básico. Eu não me cobrava muito. Afinal, não estava atrás de uma medalha e um lugar no pódio.

— Você não se lembra? — Corbyn volta a olhar para mim. 

Balanço a cabeça. Nunca troquei mais de cinco palavras com ele. Muito menos sobre isso.

— O professor te fez demonstrar alguns movimentos na aula de educação física ano passado. Aquilo foi verdadeiramente impressionante.

— Ah.

Agora me lembro. Aquilo foi, na verdade, constrangedor. 

— É aqui.

Corbyn para em frente à uma loja pequena. A porta é um modelo antigo de madeira com quadrados preenchidos por vidro grosso. O letreiro está piscando, mas ainda é legível. Há uma lua minguante antes do L que forma a palavra Luna. Lua em espanhol.

É bem iluminado lá dentro. As mesas e cadeiras são azuis e o papel de parede é de desenhos de xícaras e grãos de café. Um lugar bem peculiar, mas lindo. Eu nunca havia ouvido falar desta cafeteria antes.

Corbyn põe as mãos nos meus ombros e gentilmente me vira na direção em que viemos.

— Olhe para cima. — Ele pede, e eu faço. 

Perfeitamente alinhada a loja, espremida entre os prédios da viela apertada, está a lua grande e brilhante, com sua sombra fantasmagórica pairando sobre nós.

A lua de frente para Luna. É um paralelo muito irônico. 

— Uau! Isso é genial. — Exclamo maravilhada.

É como um grande farol iluminando a loja. Acho que daí veio o nome Luna.

Corbyn parece se deliciar com minha expressão extasiada, quase como uma criança no parque de diversões.

— Eu sabia que você iria gostar. — Ele diz.

Volto a me virar e espio o interior da loja. Só há duas mesas ocupadas por casais.

Contando Até DezOnde histórias criam vida. Descubra agora