❝Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.❞
— Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe
É terça-feira e venta muito. As folhas caem lá fora, deixando as árvores ao redor da escola com um aspecto doente. O outono não é uma época do ano que eu goste muito. É tudo muito melancólico. Prefiro a primavera ou o inverno. O verão é irritantemente abafado.
Espeto minhas batatas murchas, tentando distinguir o que Astrid diz do caos de conversas no refeitório.
— Não posso acreditar no trabalho ridículo da Sra. Bennet. Eu não quero ser stalker de ninguém muito menos preciso que alguém seja minha sombra. — Ela bufa, inconformada.
Lisa parece entretida demais com seu sanduíche para dar ouvidos a amiga.
— Não é bem assim e você sabe. Ela estava apenas tentando encontrar algo divertido para fazermos antes do fim do ano letivo. — Saio em defesa da professora. Embora meu parceiro seja o pior possível, gostei da proposta. "Conheça seu colega de verdade. É sua última chance", ou algo assim. É atencioso.
— Você sabe do que estão chamando? — Ela aponta o garfo para mim, e eu balanço a cabeça. — Claro que não. — Astrid desdenha. — "Diário de recém-casados", praticamente isso.
Arqueio as sobrancelhas, pega de surpresa.
— Mesmo? Mas isso é ridículo, não tem nada a ver.
Ela balança a cabeça.
— Todo mundo sabe como a Sra. Bennet é uma romântica de carteirinha. Você lembra daquele trabalho de apresentação literária? Tivemos que vir caracterizados de casais. Casais!
Eu me lembro. Lisa veio de Romeu, ela estava hilária de roupas medievais e botas pesadas, e Astrid de Julieta, com um vestido bufante e uma longa peruca negra.
Fui par de Alec Scott. Nós escolhemos o casal de "Morro dos Ventos Uivantes". Alec foi um bom Heathcliff, bem fervoroso na apresentação.
— Se bem me lembro, isso era opcional. — Replico, olhando para o outro lado do refeitório. Para Hardy especificamente. Ele está sentado com alguns membros do time de futebol, rindo de algo, com Jasmine Mackenzie, a filha do Diretor, agarrada a ele feito um carrapato. Ela é a garota mais bonita da escola; curvas esculturais, olhos azuis como as águas do mar Mediterrâneo. Seus cabelos são os mais lindos que já vi, longos e vermelhos como fogo. Se tem sardas, ela esconde bem com maquiagem. Jasmine herdou o ruivo da mãe, não do pai. Já vi a Sra. Mackenzie algumas vezes em confraternizações da escola. Até suas sobrancelhas são ruivas.
Jasmine olha para Hardy com reverência. Ela o idolatra. E todo mundo sabe que ele não corresponde os sentimentos dela com a mesma intensidade. Com quase nenhuma intensidade, na verdade.
Eles não namoram. É algo não definido; um rolo. Algo que transita entre o relacionamento sério e o estritamente casual.
Ele está brincando com ela, e Jasmine sabe, mas não se importa.
— Detalhes, minha querida. Detalhes. — Astrid diz.
Stanley Aldrich se inclina e cochicha algo para Hardy, e os dois riem. Eles são muito amigos. Você não pode pensar em Hardy sem pensar no Stan. São um conjunto de engrenagens que funciona perfeitamente bem. As más línguas dizem que Stan só é o que é por causa de Riviere. Eu discordo. Aldrich, com seu porte esbelto, cabelos e olhos negros como a noite, não precisa de Hardy para nada.
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Contando Até Dez
Teen FictionGwendolyn está no último ano do colegial. Ela é uma bela jovem excêntrica e extremamente racional. E por mais que não admita, Gwen é inexperiente no amor. O simples pensamento de se envolver com alguém lhe causa verdadeiro pavor. Ela odeia Hardy Riv...