CAPÍTULO 17

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Achou que havia acabado @? Não! O surto é livre.

❝Nós todos carregamos cicatrizes... A minha apenas é mais visível que a da maioria.❞ – Sarah J. Maas, Trono de Vidro.


Quando estou no meio do trajeto de volta, alguém enlaça o braço no meu. O perfume feminino é enjoativo e a pessoa é mais baixa que eu. Olho para saber de quem se trata, sendo neutralizada quase que de imediato pelos incríveis olhos azuis e cabelos vermelhos de Jasmine Mackenzie, a quem eu nunca sequer dirigi a palavra. Mesmo assim ela está agarrada a mim como se fossemos irmãs.

— Oi, Gwendolyn. Está gostando da feira? — Seu tom é carismático, mas, no fundo, corta como navalha.

Eu continuo andando com ela a reboque.

— Ah, oi. Sim, claro.

Será que ela percebe o desconforto na minha voz? Quero puxar meu braço a amaldiçoá-la pelo susto que me deu e por agir como se me conhecesse.

— Você e Hardy andam para cima e para baixo juntos agora. Como está sendo?

Terrível, penso, mas o ato desesperado de Mackenzie me rouba a atenção.

Pobre coitada, tão bonita, e tão burra se pensava que eu não saberia o que ela estava fazendo ali, com aquele sorriso forçado e perguntas taticamente direcionadas.

Jogando verde, Jasmine. Vou te dar algo com que brincar.

— Você sabe como Hardy pode ser irritante com suas cantadas inconvenientes...

Os olhos dela faíscam. Posso ver sua ira crescente. Milhões de formas elegantes de puxar meu cabelo estão passando por sua cabeça. Ah, sim. Ela quer voar no meu pescoço.

O dia acaba de ficar fascinante.

— Mas ele e eu não somos assim. Hardy está pisando em ovos comigo.

A expressão da garota suaviza como o céu pós-tempestade, com direito a arco-íris e pássaros azuis cantarolando. Volta a ser primavera no reino encantado de Jasmine.

Por que mulheres insistem em ver outras mulheres como ameaça se o problema está no homem que não inspira um pingo de confiança?

— Posso pedir para meu pai convencer a professora Bennet a mudar seu parceiro. O que acha, querida?

Há uma alta, bem alta mesmo, expectativa na voz dela. Mas seu querida soa tão falso que quero fingir que não ouvi palavra nenhuma.

Tenho quase certeza de que o diretor só vai suar a camisa se quiser meter o bedelho nos assuntos da nossa professora temperamental. Ainda assim, eu digo:

— Por favor, faça isso.

O largo sorriso branco que ela abre quase me cega.

— Ótimo! Vou cuidar disso. Nos vemos por aí, querida.

Acho que essa pequena vitória teve o mesmo significado de um pedido de casamento, porque Jasmine Mackenzie não anda quando finalmente me deixa, ela saltita. Pobre Hardy. O karma é mesmo uma droga.

Logo estou de volta em frente à barraca. Hardy está discutindo com uma garotinha. O ponto do embate é que ela acha o bolo "a coisa mais feia que eu já vi na vida" e Riviere está empenhado em convencê-la da aquisição altamente benéfica, porque, segundo ele, "quem vê cara não vê coração". Mas ela apenas torce o nariz para ele, ignora toda lábia de vendedor bem-intencionado, segura no casaco da mãe e vai embora.

— Não vendemos nada?

Hardy bufa com as mãos na cintura.

— Apenas um maldito pedaço.

Contando Até DezOnde histórias criam vida. Descubra agora