CAPÍTULO 24

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❝Seu coração está brilhando

E estou colidindo em você

Querida, me beije, me beije

Antes que apaguem as luzes.❞
Jhon Mayer, XO.

Meu coração martela meu peito furiosamente e meus pensamentos são uma constelação de palavras que não consigo interpretar. Não me lembro de já ter estado tão confusa quanto agora em toda minha vida.

Eu costumava pensar que o ato de beijar alguém era normal como estalar os dedos. Talvez você sentisse uma pequena satisfação no começo, mas nada além disso. No entanto, agora vejo que isso que tenho com Hardy não é normal, é mais intenso do que deveria ser, do que é seguro ser, e se eu não tomar cuidado, vou acabar machucada.

— Hardy… — Começo, estranhando minha própria voz. — Por que…

Por que me beijou de volta? Por que está bravo? Por que se afastou? São perguntas que quero desesperadamente fazer, mas não sou capaz de proferi-las em alto e bom tom, talvez por medo de ouvir respostas que não vou gostar, porém, ao menos uma de minhas perguntas Hardy parece entender.

— Porque você vai se arrepender. Pode não ser amanhã, ou depois, mas vai. — Ele diz, ainda com a mão na maçaneta da porta, de costas para mim.

Não consigo identificar qual é o jogo de palavras que ele está fazendo. Não sei porque eu me arrependeria, e sinto que, nesse momento, é a última coisa na qual quero pensar. Não há espaço para arrependimentos no agora.

Hardy, que sempre foi ousado e inconsequente, deveria saber mais disso do que eu.

Nunca o vi sendo cauteloso, nem esperei que acontecesse. É terreno inexplorado para mim.

Será que está preocupado porque fomos inimigos um dia? Porque dissemos palavras duras um ao outro? Pensei que tínhamos superado essa fase.

Mas posso compreender sua cautela. Talvez seja mesmo mais sábio correr para o lado oposto com todas as minhas forças. Só que não consigo fazer isso. Não posso nem me imaginar tentando.

— E quanto a hoje? — Minha pergunta é quase um grito, uma súplica rasgando o silêncio da noite.

Ele se detém no portal, um pé para fora. Não posso ver seu rosto, não posso ler sua expressão. Estou no escuro. 

— Hoje eu escolhi você. — Digo e ele não me interrompe, então continuo: — Não deveria ser mais importante?

Hardy sussurra um palavrão, apertando as mãos em punhos, como se não pudesse mais se conter, então se vira, andando até mim com passos tão determinados que eu não ficaria surpresa se fumaça saísse de seu rastro. Em segundos que quase não consigo registrar, seu corpo está novamente próximo ao meu, sua mão vai para minha nuca, uma lembrança de seu toque recente, e logo seus lábios estão outra vez contra os meus, calando qualquer coisa que eu planejava dizer.

É meu segundo beijo em todos os meus dezessete anos de vida, com a mesma pessoa, e não achei que seria tão bom quanto o primeiro, mas Hardy supera minha pobre imaginação com uma destreza gloriosa.

Sua mão vagueia para minha cintura, deixando um pequeno aperto ali, enquanto sua boca suga meu lábio inferior, e a sensação é exatamente como imagino que seja a perdição.

Quando ele abandona minha boca para dar atenção ao meu pescoço, penso em protestar, porque nada parece tão bom quanto beijá-lo, mas logo que seus lábios provocam arrepios na pele sensível abaixo da orelha, vejo que estou completamente enganada. Qualquer lugar onde Hardy me tocar será incrivelmente bom.

Contando Até DezOnde histórias criam vida. Descubra agora