Prólogo - Parte 1

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Dylan Becker

Me concentro em fazer a maior quantidade de pontos no jogo em que Breno e eu jogamos, mas isso é uma missão impossível com todo o turbilhão de pensamentos que estão em minha cabeça. Solto um suspiro pesado e meus dedos apertam com mais força o controle em minhas mãos. Não me sinto realmente aqui e só sou jogado para à realidade quando vejo meu avatar sendo morto e sinto uma almofada contra meu rosto.

- Porra! Eu 'tava tão perto. - Falo com raiva e jogo o controle ao meu lado na cama. Até em momentos de diversão aquele homem estraga minha vida.

- Cara, relaxa... É só um jogo. - Breno diz rindo ao meu lado e desliga a TV em seguida. - O que está acontecendo, Dylan? Isso é porque vocês vão jantar com seu pai? - Ele pergunta mais sério e travo meu maxilar ao que ele se refere àquele homem como meu pai.

- Ele não é meu pai. - Falo convicto e ouço o suspiro do meu primo ao meu lado.

- Para com isso, Dylan... Ele te ama, não merece isso que você está fazendo. - Ele diz mais sério, mas não ligo para isso.

- Isso não me importa, eu não tenho um pai viado. - Falo com calma, mas minhas palavras saem afiadas.

O silêncio reina ao nosso redor depois disso e nenhum de nós dois ousa falar nada. Todos acham que eu sou cruel por dizer isso, mas eu não acho. Marcos realmente não é mais meu pai, ele fez a escolha dele ao se tornar um viado nojento e nos deixar.

- Dylan? Vamos, seu pai está nos esperando... Venha se despedir dos seus tios. - A voz da minha mãe ecoa do andar debaixo e reviro meus olhos.

Sem nenhum pingo de vontade, eu me levanto da cama e dou uma última olhada para Breno, que está com os olhos fixos no teto... Pensativo.

- Só espero que um dia você se arrependa da sua atitude e peça perdão ao seu pai. Tio Marcos é um homem e pai incrível para você. - Ele diz e seus olhos passam a fitar os meus. - Você não sabe o que é crescer sozinho e sem família, então dê valor a sua.

- Você e seu discurso de ex órfão. Pode deixar, priminho, eu sei cuidar da minha vida. - Falo com deboche e deixo seu quarto em seguida.

Sei que posso ter machucado Breno com minhas palavras, mas isso não me importa, ele que não deveria se meter na minha vida. É tão difícil somente me deixar em paz?

Desço às escadas com calma, tentando adiar minha ida ao inferno, mas parece que isso não adianta muito, pois em poucos segundos estou na sala de estar. Vejo minha mãe já de pé no corredor que leva até à porta de entrada e meus tios estão de frente para ela.

- Breno não quis descer? - Tio Alfredo pergunta ao me notar e eu nego com um aceno.

- Ele estava com sono. - Minto e abro um sorriso pequeno, me aproximando mais deles.

- Ele deve estar mesmo cansado, passou a noite estudando para uma prova. - Minha tia diz com um sorriso no rosto.

Jesus, dá até sono ver o quanto eles são orgulhosos do meu primo. Mas como não ser? O menino é o típico garoto perfeito e acho que isso se deve ao fato dele ser adotado... Ele deve ter medo de ser devolvido, por isso se esforça demais. Ok, acho que peguei pesado demais.

- Nossa, isso me fez lembrar que eu necessito estudar para a prova de matemática... Então não vai rolar jantar, mãe. - Falo e olho para minha mãe, que apenas revira os olhos para mim.

- Eu te conheço Dylan, você saiu de mim... Agora vamos. - Ela diz, me deixando sem escolhas.

Solto um bufo irritado e sigo ela para fora da pequena mansão dos meus tios, logo após ela se despedir da irmã e do cunhado. Eu apenas dou um aceno de cabeça e sigo em passos duros até o carro estacionado em frente à casa.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora