Capítulo Vinte e Cinco

3.3K 529 381
                                    

Dylan Becker

Por que me incomoda ouvir sua fala? Por que me causa um aperto no peito constatar que ele não gosta de mim como todos falaram? E por que minha vontade e abraça-lo e dizer que estou ao seu lado? Merda! O que está acontecendo comigo?

- Então nós continuamos amigos? - Pergunto por fim a Uriel e por alguma razão há um incômodo em minha garganta ao perguntar isso.

- Sim, sempre. - Ele sorri em minha direção e sinto um aperto na boca do estômago, o que me faz desviar o olhar.

Voltamos ao mesmo silêncio de antes e tento não me incomodar demais, afinal de contas era isso que eu queria, não? Que fossemos apenas amigos e sem mais problemas como uma paixão. É, isso mesmo, eu não preciso lidar com esses sentimentos confusos que há dentro de mim desde aquele beijo.

- Filho, você está bem? - Ouço a voz do meu pai e ao levantar meu olhar, o vejo entrando no quarto em que estamos. Há preocupação em seu rosto e ele se abaixa em minha frente, checando cada mínimo lugar em mim, principalmente meu rosto que tem alguns hematomas. - Esses moleques são animais! Não acreditei quando sua tia me ligou. - Ele diz de forma séria e isso me faz rir um pouco.

- Eles estão pior, pai... Eu só não poderia deixar eles machucar Uriel. - Respondo e sinto raiva apenas por lembrar o hematoma enorme que está em seu abdômen.

Eu não me importo de levar alguns socos, até porque já briguei muito nesse colégio, mas Uriel não. Ele é aquele garoto frágil e também tem o fato de sua saúde ser algo delicado. É claro que nunca vou dizer a ele, mas quase morri do coração quando o vi desmaiando em minha frente após a briga. Ele estava rindo em deboche e de repente apagou de uma vez. E se não fosse eu ser rápido o suficiente, ele cairia igual jaca madura no chão.

- Está certo. Eu sou contra qualquer tipo de violência e já te avisei sobre isso, mas se tiver que se defender, defenda. - Meu pai diz olhando em meus olhos e deixa um beijo em minha testa após se levantar. - E você, querido... Está bem? Encontrei sua mãe na sala do diretor, amei ela, aliás.

- Mamãe é intensa às vezes. - Uriel diz com humor, mas para de rir quando parece sentir dor. - E sim, estou bem, Marcos... Obrigado por se preocupar.

- Imagina querido, você é da família. - Meu pai diz e noto um tom de humor em sua voz que me faz revirar os olhos.

- Ok, podemos ir? Eu vou ser suspenso? - Pergunto, me levantando da cadeira e preciso me segurar na beirada da cama, pois minha visão escurece por levantar rápido demais.

- Ei, calminha aí! - Ouço a repreensão por parte do meu pai e suas mãos me sustentam.

- Eu tô bem. - Falo, piscando algumas vezes para enxergar melhor.

- Ok e não, vocês não foram suspensos, só os três patetas. A câmera do corredor filmou eles entrando no banheiro quando Uriel estava sozinho e confirmou a versão de vocês. Além daquele próprio Eduardo, eu acho, ter dito coisas bem nojentas. Ele foi expulso e os outros dois estão suspensos por duas semanas. - Meu pai explica e isso me deixa satisfeito, mas não totalmente.

- Jonathan e Pedro também deveria ser. Eles são os piores! - Uriel diz com certa irritação e é a primeira vez que o vejo dessa forma, mas entendo.

- Sim, mas eles são alunos "influentes". - Meu pai diz com desgosto e isso deixa claro que eles não foram expulsos por serem ricos demais e seus pais ter alguma ligação com o colégio.

- Isso é totalmente injusto... Que mundo é esse em que o dinheiro vem antes do caráter? - Uriel pergunta indignado e isso me afeta um pouco, pois já fui um desses até pouco tempo atrás.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora