Capítulo Trinta e Sete

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Uriel Castro

Aceito a xícara com chá que Dylan me oferece e bebo um gole da bebida quente, sentindo o gostinho de canela. Assim que terminamos nosso treino e tomamos banho, meu namorado insistiu em fazer chá quente para mim, alegando que não posso pegar um resfriado. E são nesses momentos que entendo o porquê sou tão apaixonado por esse garoto. Dylan pode ser um ogro às vezes, mas também tem seu lado bondoso, mesmo que não enxergue isso. Ele tem uma preocupação genuína para comigo, seu pai e nossos amigos, e isso é lindo.

- Você está se saindo um ótimo namorado, sabia? Acho que fiz bem em te aceitar. - Falo em brincadeira e vejo ele fazer uma careta, enquanto se senta ao meu lado no sofá.

- Me aceitar? Eu que aceitei você, almofadinha. - Ele retruca e isso me faz gargalhar.

- Cuidado, hein? Meu pai acha que isso é um xingamento e não apelido fofo. - Aviso e volto a beber meu chá.

- Seu pai acha tudo o que eu faço ruim, amor. Acho que eu posso achar a cura para o pior vírus, ele ainda vai me olhar torto e dizer que não fiz mais do que minha obrigação. - Ele responde e quase guspo o chá, pela crise de risos que toma conta de mim.

- Ele não é assim também. - Falo e Dylan arqueia uma sobrancelha para mim, em desafio. - Ok, ele é. Mas eu sou o único filho dele, entende? Sem contar que quase morri há menos de um ano atrás. Então é compreensível que ele seja super protetor. - Explico, pois eu entendo esse lado do meu pai.

Confesso que é irritante algumas atitudes dos meus pais. Minha mãe me vigia o tempo todo, dizendo aquilo que posso ou não fazer. Meu pai é aquele que não me deixa nem bater o meu dedinho do pé, está sempre como um cão de guarda atrás de mim. Às vezes tenho vontade de explodir com eles, mas então eu me lembro que isso é apenas excesso de amor e cuidado. Não é fácil para os pais ver seu filho quase morrer, então eu apenas relevo e sigo minha vida.

- Eu sei, acho que seria igual se tivesse filhos. - Ele diz e isso me deixa curioso.

- Você pensa em algum dia ter filhos? - Pergunto e ele dá de ombros.

- Sei lá, não sei nem se estarei vivo amanhã. - Dylan responde e não gosto dessa resposta. Mesmo fazendo tratamento, depressão não é algo que some do dia para à noite e eu tenho muito medo que ele tenha uma recaída.

- Não fale assim. - Peço com calma e busco por sua mão livre, entrelaçando nossos dedos. - Sei que nossas vidas são imprevisíveis, mas eu só te perguntei se isso é uma vontade sua. - Falo.

- Eu realmente não sei, Uriel. Só tenho dezessete anos, não sei nem cuidar de mim, e não me imagino fazendo isso no futuro. - Ele responde e isso me deixa desapontado.

Tá! Não é que eu esteja planejando nosso casamento, mas eu penso no futuro e nele eu me vejo com Dylan. E, sim, eu sou um bobo que pensa em contos de fadas. Sonha em se casar e ter uma família... Sonha em dar amor e carinho de todas as formas possíveis.

- Mas... Eu posso mudar de ideia até lá. - Dylan continua sua resposta e um sorriso pequeno se abre em meu rosto. - E você? - Pergunta.

- É sim uma vontade minha. Acho bonito a adoção. Há muitas crianças precisando de um lar. - Respondo e sinto meu rosto um pouco quente, então desvio meu olhar do dele e volto a beber meu chá.

- Isso é verdade. Meus tios fizeram isso com Breno. - Ele diz e meus olhos se arregalam.

Como assim, Brasil?

- Breno é adotado? - Pergunto, incrédulo.

- Sim, acho que ele tinha uns três anos quando foi adotado pelos meus tios. Minha tia, irmã da minha mãe, ela não pode ter filhos, então eles recorreram a adoção. Breno sempre soube e nunca teve vergonha disso, mas eu já fui babaca com ele quanto a isso. - Ele responde, suspirando em seguida.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora