Capítulo Oito

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Dylan Becker

Movo meus dedos pelo controle do jogo e ainda não acredito em mim mesmo por ter como dupla o Uriel. Quando os meninos propuseram isso, eu quase desisti de jogar e subi novamente para o meu quarto, mas aí foi só ver a cara emburrada daquele almofadinha, que eu cedi. E eu não sei porque eu fiz isso, esse garoto é tão irritante, que eu realmente só quero distância dele.

- Mas que porra! - Uriel grita ao meu lado quando seu avatar morre no jogo e eu, assim como os outros, nos viramos em sua direção.

A sala fica no mais completo silêncio e nós nem piscamos enquanto olhamos o almofadinha irritado.

Ele acabou de dizer um palavrão, ou eu estou ouvindo coisas?

- O que foi? - Uriel pergunta emburrado, cruzando os braços após deixar o controle sobre a mesinha de centro.

- Você xingou! - Breno diz quase incrédulo e isso por pouco me faz rir.

- É... Pessoas normais xingam. - Uriel diz despreocupado e eu até gosto dessa ousadia dele, não parece o mesmo idiota que trombou comigo no banheiro. Se bem que ele já foi inconveniente naquele dia do hospital... Garoto intrometido.

- É que sei lá... Você é tão fofinho. - Camilo diz e vejo Uriel ficar vermelho.

- Nossa, isso foi tão gay. - Falo, revirando meus olhos.

- Nossa, isso foi tão idiota. - Uriel retruca e isso me faz bufar.

- Ridículo! - Sussurro e deixo meu controle sobre a mesinha também, me levantando em seguida. - Obrigado pela visita, mas eu quero dormir. - Falo e ouço Matias rir.

- Isso foi tão sutil... Manda a gente ir embora de uma vez. - Ele diz.

- Ainda bem que entendeu a indireta. - Respondo com deboche.

- Ok, nós já vamos. - Breno diz e se levanta, assim como os outros. - Dylan, minha mãe está sentindo sua falta, talvez uma visita faça bem. - Meu primo diz e eu assinto.

- Qualquer dia desses eu passo por lá. - Falo, mas isso é uma mentira.

Desde que minha mãe morreu, eu evito de todas as formas ir até à casa da minha tia. Sei que ela não faz por mal e nem tem como, mas toda vez que vejo ela próxima ao meu primo, eu sinto uma raiva tão grande por não ter minha mãe comigo mais. Então eu acho bem melhor ficar no meu canto, não quero brigar com mais ninguém, já há muitas pessoas para isso.

Acompanho os meninos até à porta e paro assim que a mesma é aberta e eles passam.

- Qualquer coisa pode me ligar, Dylan... E me desculpa. - Matias diz e isso me faz suspirar.

- A culpa não é sua. - Respondo, pois sei que ele se refere às drogas.

Ele assente e se afasta junto de Breno, seguindo até o carro de Camilo, que está estacionado bem atrás do carro de Marcos na garagem.

- Fique bem, Dylan. - Uriel diz e acena antes de ir até os meninos também.

- É tão irritante ele ser bonzinho o tempo todo. - Falo suspirando e ouço Camilo rir ao meu lado.

- Ele também se preocupa com você, meu amigo. - Camilo diz e isso me faz rir.

- Nós mal nos conhecemos, Camilo... Ele não tem o porquê se preocupar comigo. - Respondo e vejo meu amigo balançar a cabeça em negação.

- Esse é o seu problema, Dylan... Não acredita que as pessoas querem o seu melhor. Sim, Uriel nos conhece há pouco tempo, mas para se preocupar com alguém não precisa de anos, precisa apenas sentir alguma afeição. E ele sentiu isso, senão não teria me ajudado a salvar sua vida. Se você está vivo e não foi expulso, isso também é graças a ele. - Camilo diz e isso me faz bufar.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora