Capítulo Trinta e e Quatro

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Dylan Becker

Pago o taxista e saio do veículo, seguindo até o portão de casa. Tiro a chave do meu bolso e abro o portão, entrando em seguida. Percebo que as luzes de casa estão acesas, indicando que meu pai está presente e nesse momento eu nem sei como olhar para ele. Foi meio que impactante saber que meu melhor amigo é apaixonado por ele. Camilo é apaixonado por Marcos, vulgo meu pai!

Ando em passos lentos até à porta de entrada e ainda me sinto um pouco aéreo. Uriel não sabe, mas quando ele me mandou sair, eu ainda fiquei por um momento escutando atrás da porta e pude ouvir bem sua conversa com Camilo. É tão estranho saber que meu amigo está mal por uma paixão, ainda mais sendo ela por meu pai. Nunca, em mil vidas, eu iria pensar na possibilidade dos dois juntos, mas, pensando agora, até que não é ruim.

Abro a porta de casa e posso ouvir o barulho baixo da TV. Deixo minhas chaves sobre o aparador perto da porta e tiro meus tênis, andando descalço até à sala, onde encontro Marcos deitado no sofá, assistindo TV.

- Quer companhia? - Pergunto, chamando sua atenção para mim.

Seus olhos vêm em minha direção e ele abre um sorriso, me chamando para perto com um gesto. Sigo até ele e me deito no sofá junto a ele, me apertando ali para não cair no chão. E por um momento eu posso me lembrar da minha infância, de quando nós fazíamos a mesma coisa.

- Você cresceu muito desde a última vez em que ficamos assim. - Ele diz e isso me faz rir, pois é uma verdade.

- Cabiamos nós três nesse sofá. - Falo, me referindo a minha mãe também.

Olhando para o passado, até há quase dois anos atrás, nós tivemos tantos bons momentos, que me dói muito não poder compartilhar com ela agora. Dói não ter ela para me abraçar, dói não ter ela para me dar conselhos, dói até mesmo não ter ela para puxar minha orelha quando necessário... Dói não tê-la mais aqui.

- Eu amava aqueles momentos, tinha as duas pessoas que mais amo no mundo em meus braços. - Ele diz e sinto a sinceridade em suas palavras, sinto o amor, como em todas às vezes que ele se refere a minha mãe.

E por um momento eu já cheguei a duvidar do amor dele por ela, mas hoje eu não tenho dúvidas. De alguma forma, eles foram a alma gêmea um do outro.

- Está na hora de acrescentar mais alguém aqui, não? - Pergunto e me viro, ficando com meu rosto de frente ao seu. - Tudo certo com seu namorado? - Questiono e vejo a leveza em sua expressão ir embora.

- Não muito, mas vai ficar. - Ele responde em um suspiro e posso notar que essa situação está mexendo com ele.

Fico alguns segundos em silêncio, apenas o analisando e penso se devo dizer ou não sobre tudo o que sei. Meu pai me ajudou quando mais precisei e continua fazendo isso, então acho que posso ajudar também... Eu acho!

- Pai, eu já sei sobre Camilo... Ele contou a mim e Uriel. - Conto e não vejo surpresa em sua face, acho que ele já imaginava isso. - Ele está péssimo, assim como você e seu namorado.

- Eu sei e me odeio por isso, mas não tenho o controle dessa situação. Eu amo Sandro, amo mesmo, ele esteve comigo desde a morte de sua mãe, me deu apoio em todos os momentos e começamos a nos envolver uns dois meses depois da morte de Letícia. Ele me fez e faz tão bem. Mas então Camilo surgiu e bagunçou tudo. - Ele diz com frustração presente na voz e fecha seus olhos, respirando fundo em seguida. - Eu simplesmente não sei o que fazer.

Solto um suspiro e me levanto, voltando a me sentar em seguida no sofá, dessa vez, trazendo a cabeça dele para deitar em meu colo. Percebo que ele fica um pouco surpreso com meu ato, mas então sorri.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora