Capítulo Trinta e Cinco

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Uriel Castro

A ligação cai pela décima vez na caixa postal e um suspiro escapa por meus lábios. Dylan não apareceu na escola e não atende minhas ligações, muito menos responde as dezenas de mensagens que enviei para ele. E isso me preocupa muito. Sei que algo não está certo, meu coração diz isso e o aperto em meu peito também.

Passo as mãos por meu rosto, me sentindo frustrado e me forço a prestar atenção na aula que está acontecendo. Posso dizer que amo números, mas nesse momento só queria eles longe de mim. E sem conseguir me concentrar direito na aula, é assim que minha manhã no colégio se passa.

Aproveito o horário de intervalo e ligo para Marcos, querendo descobrir o que há de errado com meu namorado. A ligação chama algumas vezes e penso que ele não vai atender, mas ouço sua voz segundos depois, me causando alívio.

- Oi, Uriel. - Ele diz ao me atender e quase solto um suspiro de gratidão.

- Oi, sogrinho! Está tudo bem com Dylan? Ele não apareceu, não me atende ou responde minhas mensagens e isso me deixou muito preocupado. - Falo e me encosto contra a prateleira de armários de metal no corredor.

- Então, ele teve uma crise hoje mais cedo e está dormindo agora. Não está sendo fácil para ele. E me desculpe não ter avisado você, só fiquei um pouco abalado com a situação. - Ele explica e então entendo tudo.

O aperto em meu peito se intensifica e me sinto tão mal por isso. Saber que Dylan está mal, sofrendo por algo, me deixa péssimo e com uma sensação de impotência.

- Eu... Eu posso fazer alguma coisa para ajudar? - Pergunto, incerto.

- Sua presença já é essencial, querido. Venha aqui mais tarde, mas tenha em mente que ele pode ser um pouco rude, ok? Não é culpa dele, a situação está pesada demais. - Marcos diz e entendo perfeitamente.

- Sim, eu sei. Obrigado, Marcos! Mais tarde eu passo aí. - Falo e encerro a ligação em seguida, após me despedir dele.

Aperto meu celular contra meu peito e fecho meus olhos, só querendo que tudo isso acabe de uma vez e Dylan fique bem. Tenho a noção de que ele está mais vulnerável do que nunca nesse momento e isso me assusta um pouco.

- Problemas no paraíso? - Ouço a voz irritante de Celine e ao abrir meus olhos, a vejo em minha frente.

- E por que teria problemas? - Pergunto e guardo meu celular no bolso da calça, cruzando meus braços em seguida, a olhando com curiosidade.

- Para quem acabou de assumir um namoro, é estranho seu namorado não estar aqui, não é? - Ela pergunta com deboche e solto uma risada.

- Ai ai! Celine, você já tentou realmente ter amor próprio? - Pergunto e seus olhos quase me matam, pois parecem adagas afiadas. - Sério! Você sabe que Dylan não gosta de você, mas mesmo assim vive perturbando e agora acha que eu tenho culpa por ele gostar de mim? Isso é doentio. - Falo, sincero.

- Doente é você! - Ela diz, aumentando o tom de voz e reviro meus olhos.

- Sério isso? Vai me dizer agora que sou doente por ser gay? Me poupe, garota! Enquanto você vive sua vida amargurada, querendo infernizar os outros, eu estou muito bem com meu namorado. E não adianta espumar de raiva igual cão raivoso, isso não vai mudar que Dylan e eu estamos juntos e nos gostamos. Tchau! - Falo e aceno para ela, lhe dando as costas em seguida.

Confesso que tenho medo dela me atacar, mas sigo pleno e sem olhar para trás. E é um alívio quando consigo chegar até à cantina.

Encontro meus amigos, inclusive Camilo, que tem um olhar mais alegre no rosto, e consigo esquecer por alguns minutos tudo o que está havendo.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora