Capítulo Dezesseis

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Uriel Castro

* Semanas depois... *

Ouço meu nome ser chamado pela secretária do consultório e respiro fundo antes de me levantar e seguir até o consultório do meu médico, tendo meu pai ao meu lado. Ele entrelaça sua mão na minha e isso me faz sorrir, pois me sinto seguro. Passamos pela porta aberta e rapidamente meus olhos pousam no doutor Soares, médico que cuida de mim desde os meus onze anos, o responsável pela minha cirurgia e por eu estar vivo hoje... Bem, um dos responsáveis.

- Bom dia, Uriel... Tudo bem? - Ele pergunta assim que nos sentamos à sua frente e cumprimenta meu pai com um aperto de mão.

- Ainda não tive nenhum infarto. - Brinco e recebo um revirar de olhos dos dois homens, o que me faz rir. - 'Tô brincando, eu estou bem... Me sinto muito melhor desde a cirurgia. - Falo sincero.

- Estamos tomando todos os cuidados necessários para a recuperação dele. - Meu pai diz e isso me faz suspirar de forma baixa.

- Até demais, né? - Resmungo baixo, mas acho que eles me ouviram.

- Trouxeram os exames que pedi? - Doutor Soares pergunta e meu pai o estende os envelopes em seguida.

Me sinto até cansado em ver todos esses envelopes e me lembrar das horas que passei para realizar todos os exames necessários. Observo doutor Soares ler cada um deles com atenção e confesso que me sinto um pouco nervoso com isso. Apesar de não ter uma sentença de morte como antes, ainda há riscos com minha saúde.

- Seus resultados estão muito bons, Uriel, seu coração novo está fazendo um belo trabalho. - Ele diz após alguns minutos de silêncio e sinto um sorriso se abrir em meu rosto.

Olho para meu pai e também vejo alívio e alegria em seus olhos, o que me deixa feliz.

- Então eu posso pedir uma coisa, não? - Pergunto e sinto dois olhares curiosos sobre mim.

- O que seria? - Doutor Soares pergunta e se levanta, fazendo um gesto para eu acompanhá-lo.

Sigo ele até à maca no consultório e me sento sobre a mesma, deixando minhas pernas balançar enquanto vejo ele ajeitando o estetoscópio para ouvir meu coração.

- Então, no meu colégio há times de esportes e um deles é de natação, algo que eu queria muito fazer, mas meus pais acharam que não seria uma boa. - Falo enquanto tiro minha camiseta, deixando meu tronco a mostra e consequentemente a grande cicatriz que marca meu peitoral.

- Você acha que consegue suportar o desgaste físico? Eu sempre te recomendei os exercícios físicos, Uriel, mas não é como se você estivesse competindo, o que você claramente vai fazer se conseguir entrar nesse time. - Ele diz e isso me deixa completamente desanimado, pois já sei que sua resposta será um belo "não aconselho".

Fico em silêncio, pois não vou perder meu tempo argumentando. Então apenas espero ele terminar de me examinar e saio da maca segundos depois, me vestindo novamente.

- Olha Uriel, eu jamais vou colocar sua vida em risco, ainda mais fazendo tão pouco tempo desde o transplante, mas não vou impedir seus sonhos. - Ele diz quando volta a se sentar e isso me faz prestar mais atenção nele.

- Como assim? - Pergunto, começando a me animar novamente.

- Eu não vou te liberar para competir e fazer parte desse time, pelo menos não agora, mas você pode começar a praticar mais a natação e ver seus limites. Se eu ver que você teve um bom desempenho sem se prejudicar, eu posso pensar em te liberar. - Ele diz me olhando e eu não consigo segurar meu sorriso.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora