Capítulo Quatorze

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Uriel Castro

Marco a página em que eu parei no livro e levando meu olhar pela décima vez, checando se os meninos já chegaram. Desde ontem, quando acompanhei Dylan na reunião, eu me sinto preocupado com ele e uma angústia não para de crescer em meu peito, como se eu soubesse que há algo errado.

Se bem que com Dylan sempre há algo de errado.

- O que tanto você olha? - Beatriz pergunta ao se sentar do meu lado no banco do pátio. E eu franzo o cenho ao vê-la com uma latinha de coca cola na mão... E nem são sete da manhã.

- Só quero ver se Dylan virá hoje, o dia ontem não foi muito bom... Eu acho. - Respondo e volto meus olhos para o estacionamento, abrindo um sorriso ao ver o carro de Camilo estacionando.

- Oh não! - Ela resmunga e isso me deixa confuso, a olhando rapidamente.

- Não o que, garota? - Pergunto e murcho um pouco ao não ver Dylan junto aos meninos.

- Você está apaixonado pelo Dylan! - Ela diz um pouco alto e isso faz com que meus olhos se arregalem.

- 'Tá louca, é? As pessoas estão ouvindo sua loucura. - Sussurro gritando para ela, que solta uma risada e bebe um gole do refrigerante em seguida, dando de ombros.

Dou uma olhada ao redor e fico aliviado ao não ver muitas pessoas, sinal de quem ninguém deve ter ouvido as insanidades dessa garota que eu chamo de amiga. Balanço a cabeça em negação e solto um bufo irritado, guardando meu livro dentro da mochila e me levanto do banco em seguida, com a intenção de ir para à sala de aula.

- Não precisa ficar bravo por eu dizer o óbvio. - Ela diz ainda rindo e eu reviro meus olhos.

- Por obséquio, não fale mais comigo hoje. - Aviso e dou às costas para ela, ouvindo ela rir alto.

Solto um suspiro e sigo para dentro do prédio pisando duro. Já estou irritado com as pessoas ao meu redor me falando o tempo todo que eu estou apaixonado por Dylan... Até parece!

Hoje em dias as pessoas não podem mais se preocupar se não for paixão? Ah, tenha dó! E de onde esse povo tirou essa paixão que eu sinto?

Fico tão distraído em meus pensamentos, que acabo esbarrando em uma pessoa e isso me deixa ainda mais irritado. Sinto meu ombro esquerdo um pouco dolorido pelo impacto e ao levantar meus olhos, vejo um dos idiotas da minha sala.

- Sabe olhar por anda não, bichinha? - Ele diz com puro escárnio e deboche na voz, como se isso fosse me atingir.

- Sabe, Pedro, eu tenho pena de você. - Falo e ajeito a mochila em meu ombro, vendo ele me olhar confuso.

- Você tem pena de mim? Deveria ter dó de você mesmo... Sabe o quanto eu tenho vontade de te fazer virar homem? Seria muito bom dar um corretivo em você. - Ele diz em tom de ameaça e isso me faz rir.

- Oh, ser homem pra você é bater nos outros? Coitado! Está equivocado, querido. Mas ok, vou fingir que não ouvi nada, porque mais homem que você eu sou. - Sorrio para ele e vejo seus olhos fervilhar de raiva.

- Olha aqui seu viad... - Ele começa a dizer com raiva, mas para quando Camilo aparece, passando um braço ao seu redor.

- Espero que você não esteja insultando meu amigo, Pedro. Eu não ia gostar de ter uma conversa com o diretor sobre você, ou com a vice-diretora... Pode perder sua vaga no time, lembra? Além de ser expulso, já que você não é "réu primário". - Camilo diz tudo com um sorriso no rosto e me sinto orgulhoso por tê-lo como amigo.

Observo Pedro se afastar com raiva e reviro meus olhos para o infantil em minha frente.

- Você não ficará protegido pra sempre. - Pedro diz e dá as costas para nós, me fazendo revirar os olhos pela milésima vez. Acho que daqui uns dias meus olhos nem voltam mais ao normal.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora