Capítulo Cinco

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Uriel Castro

Entro no grande hospital e automaticamente meu corpo inteiro se estremece. Eu já passei tantos anos da minha vida indo e vindo de hospitais, que sim, eu me acostumei, mas a sensação de entrar em um não é a das melhores. Quando eu entro em um hospital, eu me lembro de tudo o que eu vivi e sou muito grato por não precisar mais estar em um leito, lutando por minha vida.

Respiro fundo e tento afastar esses pensamentos da minha mente, pois eu vim aqui hoje por outro motivo. Sigo até à recepção e sorrio para a mulher atrás do balcão.

- Bom dia, posso ajudá-lo? - Ela pergunta atenciosa e isso me faz sorrir ainda mais.

- Sim, eu vim visitar o paciente Dylan. - Respondo, sentindo meu estômago gelar em expectativa.

- E você é o que dele? - Ela pergunta um pouco desconfiada, enquanto checa alguma coisa em seu computador.

Bem, eu poderia responder que ele deve me ver como um inimigo, essa é a verdade, mas não ia contribuir para nada, eu só ia ser expulso.

Pensa, Uriel!

- Ah, ele é meu namorado. - Respondo com um sorriso animado demais e escondo minhas mãos trêmulas atrás do meu corpo.

- Ok, quatro 221. - Ela diz e me entrega um crachá de visitante.

Quase solto um suspiro de alívio quando ela me entrega o crachá, mas apenas sorrio e saio quase correndo para longe. Coloco o adesivo em minha camisa do uniforme e sigo até o elevador.

Entro na caixa de metal e aproveito que estou sozinho, levanto meus olhos para o teto e junto minhas mãos em súplica.

- Deus, não me castigue, ok? Foi uma mentirinha do bem, 'tá? - Falo com Deus e após me dar por satisfeito, volto a minha posição de pessoa sã e normal.

Fico satisfeito quando a caixa de metal se abre e eu sigo pelo corredor amplo. Olho atentamente em cada porta, procurando pela numeração certa e abro um sorriso quando encontro a que eu quero. Só que ao invés de bater, ou mesmo entrar, eu fico parado em frente à porta. Me sinto com um pouco de medo e até constrangido. Há minutos atrás essa ideia me parecia excelente, mas agora nem tanto.

Penso em dar meia volta e ir embora, mas essa ideia vai embora quando a porta se abre e vejo um homem sair por ela. Ele deve ter a idade do meu pai e nossa... É um gato!

- Posso te ajudar? - O homem pergunta, me tirando do meu pequeno transe e sinto meu rosto ficar quente de vergonha.

- Ahn... Eu? Ah, pode! - Falo meio confuso e respiro fundo para encontrar concentração novamente. - Eu vim ver o Dylan. - Respondo por fim.

O homem me olha por alguns segundos e vejo curiosidade em seu olhar, o que me deixa um pouco constrangido... Detesto pessoas me encarando demais, parece que estão lendo minha alma.

- Você é amigo dele? - Ele pergunta curioso e isso me faz rir.

- Acho que ele não me vê assim não. - Falo rindo, mas logo me contenho e fico sério. - É que eu ajudei Camilo ontem com ele e só queria ver ele por alguns minutos. Posso? - Pergunto e pisco meus olhos algumas vezes para ele.

Devemos sempre usar nosso "poder angelical".

- Claro, eu vou comer alguma coisa na lanchonete. - Ele responde e isso me faz sorrir.

- Obrigado senhor! - Agradeço e ele sorri também.

- Me chame apenas de Marcos. - Ele diz e sai em seguida, deixando espaço para que eu entre.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora