Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo Vinte e Quatro

Uriel Castro

Coloco mais uma mão cheia de pipoca em minha boca e observo os dois bobões no sofá ao lado. Meus pais saíram para jantar fora depois que contei do meu plano e eu agradeço por isso, pois já basta segurar a vela para um casal. Sinceramente, Deus... Eu tenho cara de candelabro?

- Podem se pegar, ok? Eu estou saindo. - Falo para Bia e Breno, recebendo um olhar nada agradável dos dois em minha direção. Que ousadia! Eu cedo minha casa e eles me agradecem assim? Péssimos amigos.

Me levanto da poltrona do meu pai suspirando e entrego/jogo a vasilha de pipoca neles. Saio da sala, que está com a luz apagada por causa do filme e sigo até à cozinha. Pego meus chocolates, meu merecido pagamento por esse serviço de cupido e sigo até à área externa da casa, me sentando em um dos sofás acolchoados. Abro uma barrinha de chocolate e dou a primeira mordida, por algum motivo me lembrando de Dylan.

Ainda não respondi sua mensagem e nem quero, pois conversar com ele significa eu ter que me expor e não me sinto pronto para isso quando sei que vou ser rejeitado. E dói muito pensar nisso, pois eu realmente amo ele. É, pode parecer até loucura, levando em consideração todo o nosso histórico, mas eu o amo. Eu pude perceber nesse tempo que Dylan nunca foi uma pessoa ruim e sim mal compreendido. Ele é a verdadeira definição de que para se proteger da dor, ele causava isso as outras pessoas, mas ele mudou e me sinto muito orgulhoso por isso.

Fecho meus olhos e automaticamente me lembro do nosso beijo, quando eu o beijei... Meu primeiro beijo. Eu não estava pensando naquele momento, só me sentia feliz e emocionado demais por ele estar compartilhando algo tão profundo comigo e me lembrar daqueles cortes em sua pele trazem lágrimas em meus olhos. Eu ainda não havia parado para pensar na dimensão desse fato e agora eu entendo que a dor dele é muito maior do que eu ou qualquer pessoa possa imaginar. Uma pessoa chegar ao ponto de se auto mutilar, é porque já não aguenta mais e isso é muito triste. Me dói imaginar todas às vezes que Dylan fez isso a si mesmo, causando uma dor na tentativa de diminuir outra. E meu Deus, isso é cruel demais.

E pensar nisso me faz tomar uma decisão... Irei guardar todos esses sentimentos dentro do meu coração, pois não quero trazer mais problemas a ele. E amar é isso, não? Buscar o melhor para a pessoa a qual a amamos.

Solto um suspiro e limpo algumas lágrimas que escorreram por minha face. Termino de comer meu chocolate e volto para à sala minutos depois, vendo Beatriz e Breno se beijando em meu sofá. Abro um sorriso e fico satisfeito comigo mesmo por isso. Pelo menos duas pessoas estão felizes e... Eu sou um ótimo cupido.

[...]

Termino de fazer minha prova, achando ela relativamente simples, tendo a certeza de que tirei uma boa nota. Guardo minha caneta em meu estojo, o colocando debaixo da carteira e me levanto em seguida, indo até à mesa do professor, onde deixo meu teste sobre sua mesa. Saio da sala em seguida e encontro o corredor quase vazio, por ter a maioria dos alunos ainda em prova. Então sigo até à cantina, com a intenção de comprar um lanche.

Assim que passo pelas portas duplas da cantina, encontro o local mais cheio, mas não demoro muito para comprar meu lanche, que se resume a rocambole de presunto e queijo assado e um copo de suco de laranja. Me sento em uma das mesas vazias e como meu lanche enquanto olho minhas redes sociais. Vejo algumas promoções de livros no Instagram e abro um sorriso, já imaginando qual chantagem emocional farei para meu pai me comprar uma edição de Com amor, Simon e outra de Por lugares incríveis.

Termino de comer alguns minutos depois e espero um tempo para ver se Bia ou os meninos aparecem, mas isso não acontece. Então jogo as embalagens no lixo e sigo até o banheiro, querendo lavar minhas mãos. Encontro o banheiro perto da cantina cheio e isso me obriga a ir no do segundo andar.