Capítulo Trinta e Seis

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Dylan Becker

Corro em volta do campo, assim como os outros garotos, começando nosso aquecimento. Uma semana se passou desde a crise que eu tive e me sinto um pouco melhor. Ainda é muito difícil para mim, mas aos poucos eu acho que consigo vencer tudo isso. Ter meus amigos, meu pai e Uriel ao meu lado já é mais do que suficiente para mim. E pensando naquele garoto, eu ainda não acredito que ele disse que me ama. Isso é tão surreal. Eu, de verdade, não achei que fosse ouvir algo desse tipo tão cedo. Nem pensei em ouvir, para ser sincero.

Eu sou consciente dos meus defeitos e por saber disso, eu sei que Uriel merece alguém melhor do que eu, mas sou egoísta demais para deixar ele ir. Ele é um menino bom, doce, divertido, debochado, uma pessoa que eu não sonho nem a chegar perto de ser um dia. Acho que hoje em dia eu estou um pouco melhor do que antes, mas eu sei que não sou o melhor. Ainda tenho muitas coisas guardadas dentro de mim, que me impedem de me jogar totalmente, de ser eu mesmo totalmente.

Sinto um corpo se chocar em minhas costas e só então percebo que parei de correr.

- Sei que você só pensa no Uriel, mas deixa ele um pouco de fora agora. - Ouço Matias dizer ao passar por mim e reviro os olhos.

- Idiota! - Falo e apoio minhas mãos em meus joelhos, me sentindo um pouco mais cansado.

Nos últimos dias eu sinto que meu fôlego não está mais a mesma coisa, e acho que isso tem a ver com todo o tratamento que estou fazendo.

- Dylan, está bem? - O treinador grita para mim e faço um "joia" com o dedo.

Volto a me pôr de pé e respirando fundo, continuo meu treino.

O treino acaba um pouco depois das duas da tarde e nesse horário Uriel não está mais no colégio. Saio do vestiário, já de banho tomado, e pego meu celular no bolso da calça, procurando pelo número do meu namorado.

- Bebezinho! - Uriel exclama ao me atender e reviro meus olhos.

- Não lembro de ter concordado em você me chamar assim. - Falo a ele, enquanto caminho pelo campo vazio.

- Mas você não precisa, eu sei que ama, só não admite. - Ele diz sem se abalar e solto um bufo.

- Por que eu te pedi em namoro mesmo? Você é tão irritante e mimado!

- Eu sei, mas você me ama assim mesmo. Agora me diga, paixão, estava com tantas saudades assim para me ligar? - Ele provoca e eu realmente não sei como aguento esse menino.

- Ah, Uriel, eu preciso de paciência com você. - Falo e ouço ele rir de forma gostosa, o que eu confesso, adoro ouvir esse som. - Quero saber se ainda quer treinar natação? Com tudo o que aconteceu isso ficou esquecido.

- Oh, é mesmo! Quero sim, amor. - Ele responde e meu coração acelera um pouco mais quando escuto o apelido.

- Pode ser hoje, então? Vou estar livre a partir de agora.

- Mas você não está cansado, Dy? Acabou de sair de um treino de futebol, não quero que ultrapasse seus limites.

- Eu estou bem, amor.

- Tudo bem, te vejo às três. Beijos! - Ele diz e encerra a ligação em seguida, sem me dar tempo de dizer nada.

Folgado!

- Carona? - Ouço a voz conhecida gritar, assim que chego ao estacionamento, e avisto Camilo, já entrando em seu carro.

- Com certeza! - Falo, rindo, e sigo até ele. - Estava treinando também? Como tá o time? - Pergunto e entro no carro.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora