Capítulo Vinte e Sete

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Uriel Castro

Meus olhos passeiam pelo campo enorme de futebol e solto um suspiro ao ver Dylan todo suado em seu uniforme com as cores do colégio, sendo uma camiseta azul e o short branco, que se agarram em suas coxas grossas. E Deus, como ele é bonito. A expressão está concentrada no jogo e ele grita algumas vezes com os jogadores, já que é o capitão do time e é maravilhoso ver ele correndo com uma bola nos pés. Ok! Já chega, Uriel.

- Limpa a baba, está escorrendo. - Ouço a voz de Beatriz e solto um bufo irritado.

- Falou a que vive observando os abdômen's alheios. - Resmungo. - Aliás, eu já vi o do seu namorado... Bonitinho ele, bem definido. - Provoco e ganho um revirar de olhos.

- Breno não é meu namorado... Ainda! E tire os olhos dele, seu tarado. Já basta o Dylan morrendo seco. - Ela responde e dou de ombros.

- Você não deveria estar na aula de educação física? - Pergunto e volto a fazer meu resumo sobre como surgiu o futebol.

- Deveria, já que não tenho o privilégio de alguns, mas eu não quero. - Ela diz, se referindo ao fato de eu não ser obrigado a participar das aulas práticas de educação física.

- Pois é, algumas pessoas se preocupam com o fato de eu ter um infarto. - Jogo as palavras com ironia e ela ri.

- Eu sei, mas sério... Achei que com o transplante sua vida melhorasse. Não era isso? - Ela pergunta com curiosidade.

- Acontece que eu ainda continuo não sendo uma pessoa cem porcento saudável, mas minha qualidade de vida melhorou após eu receber meu novo coração, só não posso passar dos meus limites ainda. Antes eu não sabia quanto tempo eu sobreviveria, dormia pensando se ia acordar no dia seguinte, mas hoje eu não tenho mais tanto medo. Claro que há riscos, como meu corpo rejeitar esse órgão, por isso tomo remédios todos os dias e vai ser sempre assim, mas em comparação a antes, sim... Minha vida mudou. - Respondo em um suspiro.

- Espero que mude ainda mais e você fique ainda melhor. - Beatriz sorri e fecha meu caderno, me fazendo olhar para ela com irritação. - E então, já decidiu como vai convidar seu boy para o encontro de vocês? - Ela pergunta com empolgação e reviro meus olhos com isso.

- Primeiro, Dylan não é meu boy e segundo, nunca disse que o convidaria. - Respondo e vejo ela fazer uma careta.

- Aff! Você é tão idiota, depois não reclame se Celine beijar ele como sempre faz, afinal, ele está solteiro mesmo. - Ela diz por fim e se levanta, se afasta, descendo a arquibancada.

Solto um suspiro e tento voltar a fazer meu trabalho, mas não consigo, meus olhos se voltam para Dylan e sinto meu peito se apertar. Eu realmente queria que as coisas fossem mais fáceis, mas não são. Eu não tenho certeza de nada, muito menos se ele corresponde aos meus sentimentos. Beatriz diz que ele se importa, mas e se isso for apenas gratidão? Ou uma maneira de não me magoar? Não quero ninguém comigo por pena, muito menos o garoto por quem sou apaixonado.

Ouço o apito alto do técnico soar e isso me tira dos meus pensamentos, observando que o jogo acabou. Vejo Dylan se aproximar da grade, onde há alguns cooler com água e suco. Guardo minhas canetas em meu estojo e pego meu caderno, o deixando junto ao meu peito, e desço da arquibancada, indo até ele.

- Ei! - Falo, chamando sua atenção para mim.

Vejo ele terminar de beber sua água e então ele limpa a boca, olhando para mim em seguida e quase tenho uma parada cardíaca quando seus olhos se encontram com os meus.

Oh nossa senhora dos gays apaixonados, me forças.

- Oi Uriel! - Ele sorri com todos os dentes para mim e esse é o meu fim. Sinto as borboletas no meu estômago se agitar ainda mais e tenho a sensação de que vou vomitar, mas respiro fundo e me contenho. - Está tudo bem? Seus olhos estão arregalados. - Dylan pergunta e se aproxima ainda mais, fazendo seu cheiro misturado ao suor ficar ainda mais presente.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora