Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo Dez

Uriel Castro

Meus olhos permanecem em Dylan, enquanto ele está jogando junto aos outros meninos no campo de futebol e devo confessar que ele é muito bom no esporte. Mas sinto que ele está um pouco distante de tudo, o que não é algo bom para ele e seu resultado final. E enquanto penso nisso, meus olhos se desviam até à garota que o vi beijando há minutos atrás. Eu já havia visto ela algumas vezes pelo colégio e sei que ela é uma das "populares" por aqui.

- Ei, o Dylan tem alguma coisa com aquela garota? - Pergunto para Bia, que está ao meu lado na arquibancada.

Percebo que ela acompanha meu olhar até à garota na extremidade do campo e então solta uma risada, balançando a cabeça em negação.

- Se você diz um relacionamento sério, a resposta é não. Eles ficam de vez em quando e Celine é apaixonada nele, mas Dylan não é o tipo que namora. - Ela explica e isso me faz olhar para ela confuso.

- Por que não? - Pergunto e ouço sua risada.

- Uri, meu amigo, você é tão ingênuo. - Beatriz diz e se vira para mim, olhando em meus olhos. - Dylan é aquele playboy que pega e não se apega. Ele fica com você em um dia e no outro quer distância, pois não suporta ninguém ao lado dele. Você é amigo dele, achei que já tivesse percebido isso.

Dou de ombros e volto minha atenção para o campo, onde o jogo está rolando.

- Acho que na realidade, Dylan não tem cabeça para isso no momento. Acho que ele não quer se apegar a mais uma pessoa depois da perda que teve. Eu não sei, mas eu não vejo o monstro que vocês vêem nele. - Falo sincero e me encolho um pouco mais em meu moletom, por causa da brisa fria que passa por mim.

- É que você é bom demais para esse mundo. - Ela diz e reviro meus olhos.

Por que as pessoas insistem em me ver como um anjo inocente? Sou tão sem graça assim?

Ficamos em silêncio pelos próximos minutos, apenas acompanhando o jogo e confesso que fico feliz quando Dylan faz um gol com uma assistência muito bem feita de Breno. É, eu entendo um pouco de futebol graças às tardes de domingo assistindo junto com meu pai aos campeonatos europeus.

- Uriel? - Ouço o chamado em meu nome e ao desviar meu olhar, vejo Camilo acenando pra mim.

- Oi! - Falo e me levanto, indo até ele. - O que foi? - Pergunto curioso.

- É que você falou que iria ver meu teste e assim... Vai ser agora. - Ele diz meio acanhado e isso me faz sorrir.

- Claro que eu vou, só preciso avisar a Bia. Te encontro na quadra, ok? - Pergunto e ele assente.

- Beleza... Tô te esperando! - Ele diz um pouco alto ao se afastar e vejo alguns olhares sobre mim, o que me faz corar de vergonha.

Balanço a cabeça em negação e volto para meu lugar, vendo que Bia tem um sorriso sapeca no rosto.

- Está sendo requisitado, hein? - Ela zoa e reviro meus olhos.

- Você vem ou não? - Pergunto ao pegar minha mochila.

- Claro que eu vou, não perco um cara lindo todo suado por nada. - Ela diz assanhada e isso me faz rir.

Descemos da arquibancada no mesmo instante em que o apito soa, para marcar o fim da pequena partida e por alguns milésimos de segundo os olhos de Dylan se encontram novamente com os meus, assim como aconteceu antes do jogo. Sinto um pequeno frio na barriga e meu coração acelera um pouco, o que me faz suspirar.