Capítulo Dois

3.2K 487 328
                                    

Dylan Becker

Sinto minha cabeça latejar e solto um suspiro, tentando abrir meus olhos. Levo alguns segundos para poder ver realmente alguma coisa e então meu quarto entra em meu foco. Só queria saber como cheguei até aqui.

- Droga! - Falo baixo quando me coloco sentado na cama e minha cabeça lateja ainda mais.

Fecho meus olhos e passo minhas mãos por meu rosto, sentindo resquícios de pó em meu nariz. Fico alguns minutos inerte em minha cama, querendo apenas dormir mais, mas sei que não posso e as batidas de Marcos na porta não deixam.

- Você está atrasado! - A voz dele anuncia e reviro meus olhos.

- Não me diga?! - Falo com deboche, mas me arrependo por minha dor de cabeça aumentar.

Desisto de ficar na cama e me levanto, meio cambaleante, seguindo até o banheiro em meu quarto. Tiro minhas roupas, que estão fedendo a bebida e entro em baixo da água fria do chuveiro. Sinto meu corpo estremecer devido ao choque de temperatura e solto um suspiro pesado. Fico alguns minutos apenas sentindo a água cair em meu corpo, até terminar meu banho. Escovo meus dentes antes de voltar para o quarto e escolho uma roupa para começar meu último ano de tortura naquele colégio.

Me visto e sigo até em frente ao espelho em meu closet. Olho em meus olhos, que ainda estão meio avermelhados pela noite regada a bebidas e drogas. E essa imagem me causa raiva, pois é tudo o que minha mãe mais abominava, mas acontece que ele não está aqui... Nunca mais vai estar.

Sinto meus olhos arderem, mas me recuso a chorar e guardo em meu peito a dor que parece me dilacerar por dentro. Respiro fundo e dou às costas para meu reflexo. Pego minha mochila e meu celular, saindo do meu quarto em seguida.

Desço às escadas e sigo até à cozinha, encontrando Marcos, sentado sozinho à mesa. Pelo menos ele me respeita e não traz nenhum de seus casos para casa, já que eu infelizmente tenho que morar com ele por ainda ser menor de idade.

Em silêncio eu vou até à mesa e pego uma maçã na fruteira. Sinto o olhar dele sobre mim, mas não faço questão de falar nada. Ele sabe que estou nessa casa contra minha vontade e não vejo mais ele como meu pai. Há seis meses eu sou apenas um órfão que perdeu a mãe, a única pessoa que amava.

- Não vai comer de verdade? Sei que andou bebendo, chegou ontem de madrugada. - Ele diz e minha vontade é rir... Ah, se ele soubesse.

- Já estou comendo, isso é uma maçã se não sabe. - Falo com ironia. - E não se preocupe, em breve eu faço dezoito anos e saio dessa casa.

- Quando vai parar de me ver como seu inimigo? Eu sou seu pai, Dylan. - Ele diz, me olhando com mágoa

Abro a boca para o responder, mas a buzina em frente de casa me faz ficar quieto e apenas sair sem falar nada. Saio de casa e atravesso o jardim, algo que acho desnecessário... Pra que tanto verde e flores? Deus me livre!

Passo pelo grande portão de ferro e vejo Camilo me esperando em seu carro junto com Matias.

- Você está horrível! - É a primeira coisa que Camilo me diz e mostro meu dedo médio para ele.

- Você estaria igual se tivesse ido a festa. - Retruco e Matias solta uma risada, esse deve ainda estar chapado de ontem.

- Eu passo, não quero mais essa vida. - Camilo responde sério e dá partida no carro.

- Esqueci que você agora é o correto. - Debocho e ele me manda o dedo do meio.

Solto uma risada e deito minha cabeça no encosto do carro, fechando meus olhos em seguida. Ainda estou morrendo de sono, culpa de ter chegado depois das três da manhã em casa. Mas que culpa eu tenho? Estava rolando a melhor festa de volta às aulas.

Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora