Dylan Becker
Continuo abraçado ao meu pai e nem sei expressar o quanto senti falta desse contato com ele. Depois que minha mãe se foi eu estava completamente sozinho e ainda me sinto dessa forma, mas ter meu pai novamente junto comigo é uma sensação inexplicável. Ele é a pessoa que eu mais amo no mundo e doía muito não tê-lo por perto. Sei que nós dois fomos os culpados por isso, mas o que importa é que está tudo resolvido agora.
- Eu te amo tanto. - Ele diz em tom baixo e me aperta mais em seus braços, o que eu não reclamo nem por um segundo.
Não sei quanto tempo ficamos nesse abraço, mas é o suficiente para aquecer a gente depois de tanto tempo. Me afasto dele quando já não sinto as lágrimas descendo por meu rosto e eu estou completamente em paz. Assim que miro seus olhos, os vejo vermelhos, o que eu aposto que os meus também estão.
- Também quero te pedir desculpas por mais cedo, filho. Eu não sei o que está passando, nunca tive vício em nada, mas conversando com Camilo pude entender que eu deveria estar te ajudando mais. - Ele diz e franzo o cenho por um segundo, estranhando a presença do meu amigo na conversa.
- Anda conversando com Camilo sobre mim? - Pergunto confuso e ele faz uma careta, se sentando no chão em seguida.
- Não fique bravo, ok? Mas ele está me ajudando desde que nos conhecemos no hospital, quando você foi internado. Ele é um dos seus melhores amigos e mais que ninguém quer te ver bem, também tem o fato dele já ter sido viciado em drogas. - Ele diz e sua voz sai mais baixa na última parte.
E eu confesso, me incomoda demais ouvir a palavra viciado, é como se estivessem me jogando na cara que eu sou um fracassado, que eu não sirvo para nada além de estragar a minha própria vida.
- Tudo bem, não estou bravo. - Falo em um suspiro, mas é verdade minha resposta.
Sei o quanto Camilo se preocupa comigo e não quer me ver seguindo o mesmo caminho que ele. E com meu pai também não é diferente. Mesmo estando distantes, ele sempre demonstrou estar preocupado.
- Isso é bom. Eu vou tomar um banho e o que acha de pedirmos pizza? - Ele pergunta e um sorriso se abre em meu rosto.
- Quatro queijos. - Aviso e ele assente, se levantando em seguida.
- Vou fazer o pedido e você recebe. - Ele diz e deixa um beijo em meus cabelos, antes de se afastar e sair do quarto. E meu Deus, como isso é bom.
Deixo meu corpo cair contra o pufe macio no qual estou sentado e fecho meus olhos. É incrível como eu me sinto bem após essa conversa. É como se uma tonelada de peso invisível saísse das minhas costas.
Fico mais alguns minutos deitado na mesma posição, até que decido tomar um banho novamente. Não demoro muito para fazer isso e logo estou descendo às escadas para receber à pizza no portão de casa. Pago o entregador e volto para dentro com um sorriso no rosto, nem me importando que comi pizza só há algumas horas atrás... Nunca é demais.
Assim que coloco a caixa na mesinha de centro, vejo meu pai descendo, já de banho tomado e com os cabelos molhados. Ele avisa que vai pegar refrigerante e eu concordo com um aceno, me jogando contra o sofá macio.
Espero pacientemente por ele e por um acaso meus olhos vão até o bar no canto da sala, onde não há mais nenhuma garrafa de bebida. Automaticamente me lembro da cena de horas atrás e me sinto mal por tudo, mas aquilo foi bem mais forte do que eu... Eu só queria algo que pudesse aliviar a angústia que eu estava sentindo e ainda sinto aqui dentro, mas eu vejo que nada vai adiantar.
- Ei, toma! - Saio do meu pequeno transe quando um copo enorme de coca cola é posto na minha frente e volto minha atenção para meu pai.
- Eu quero ficar livre pai, nunca quis isso pra mim. - Falo de repente, tendo minha voz embargada.
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Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]
RomanceLIVRO COMPLETO DISPONÍVEL PELA AMAZON!!!! Um segundo pode mudar tudo. Pode ser o fim de uma vida, mas também a continuação de outra. Uriel e Dylan nunca se viram na vida, mas a ligação deles começa no mesmo instante em que Uriel recebe uma parte im...