2 - Quando o Amor Acaba

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Apesar de você dizer que nada mudou, um coração abandonado sente o frio da tristeza e o meu peito sofre de hipotermia há mais de duas semanas.

—João Doederlein

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[Amy]

Tropecei em uma caixa que estava jogada no corredor, estávamos morando aqui desde novembro e ele ainda não havia tirado suas coisas da caixa, não porque era desorganizado, muito pelo contrário o mesmo se ocupava o dia inteiro limpando e polindo a casa, o que me fazia pensar que ele na verdade não queria estar aqui.

Desci as escadas encontrando-o sentado no sofá enquanto comia pipoca.

-Tem uns programas legais aqui, você já deu uma olhada? - perguntou.

-Você sabe que eu não assisto TV. - comentei me sentando ao seu lado olhando de relance para a televisão - porque não desfez sua caixa ainda?

-Não tive tempo - disse sem dar atenção ao assunto.

- Mas faz dois meses que nos mudamos - ficou calado sem dizer nada. Suspirei sabendo que ele não iria dizer nada - o que tá acontecendo hein? - fui direta, em um relacionamento prezava a sinceridade.

-Minha mãe me ligou - disse soltando o controle. Ok, até aí nenhuma novidade, como um bom filhinho da mamãe ela o ligava duas vezes por dia todos os dias, perguntando se o mesmo já havia feito coisas simples como se tivesse apenas sete anos e não vinte - ela disse que está doente. -comentou triste.

-O que ela tem dessa vez? - perguntei sincera, o mesmo continuava com o mesmo semblante triste, ele não ligava muito para esses meus comentários pois sabia minha opinião sobre essa relação dos dois.

Desde que havia começado a namorar com ele - há longos três anos - minha sogra tem se mostrado uma mãe incrivelmente narcisista, que não consegue viver longe dos filhos. Até mesmo quando ele passava mais de dois dias na minha casa, ela ligava para ele inventando que possuía um problema novo.

Quando consegui uma vaga em uma faculdade na Coreia do Sul o convidei para vir comigo e o mesmo aceitou, já que era isso ou não tinha como continuar juntos.

Ela por outro lado não concordou com a ideia.

Tinha dois filhos e o mais velho estava com quase trinta e não havia saído de sua asa também, ou seja, eu era a responsável por tirar seu filho mais novo de casa e o levado para o outro lado do mundo, coisa que ela fez questão de dizer, acrescentando que nunca me perdoaria por isso.

Meu namorado havia conseguido algum dinheiro para viajar até aqui, o resto eu dei um jeito.

A forma como o Destino me trouxe pra cá foi um tanto inusitada.

Ano passado enquanto estudava para conseguir entrar em uma faculdade gratuita tive a notícia de que meu pai havia falecido em um acidente. Ele terminou o casamento com a minha mãe quando eu tinha apenas alguns meses de vida e desde então nunca me procurou, trocamos mensagens algumas vezes mas ele sempre fez questão de se mostrar uma péssima pessoa, por conta disso sua morte não me trouxe tanta tristeza, não éramos próximos.

O que eu não sabia, era que meu pai havia deixado um testamento que me tornando dona de parte de uma herança que eu não sabia que existia, assim como um plano para enquanto eu estivesse na faculdade, quando claro, entrasse em uma.

Minha mãe disse que nós éramos parecidos mesmo eu nunca tendo o visto, meu pai assim como eu, tinha um plano pra tudo, até para mim, passei minha vida inteira achando que ele não se importava comigo, mas no final das contas ele pensava bastante em mim, sua única filha.

Two hearts in one home - Kim JinhwanOnde histórias criam vida. Descubra agora