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"Estou morrendo e quero que saiba que" meio às tosses e aos goles de ar, Tam continuou, "...eu te odeio."

Alina sorriu, ainda que as coisas estivessem dançando na sua vista. Ela fechou os olhos com força e se pôs de joelhos. Tam estava de quatro e parecia pior do que ela. Mas ainda sim, viva.

"Atire!"

Elas pararam. Até Tam engoliu sua tosse e respirava um pouco ruidosamente, mas ainda não havia se levantando. Recuperada da visão turva, Alina olhou ao redor. Elas pareciam estar em uma floresta densa com pinheiros altos e cheio de musgos. Procurou pela posição do sol e viu que era entardecer. Olhou novamente para Tam, ao seu lado, que ainda estava se recuperando. Então ela procurou pela origem da voz.
Um pouco mais à frente, ela teve que forçar a vista para identificar uma silhueta de capa vermelho escuro, quase preto se não fossem pelos raios de sol, virada de costas para elas. De frente para figura de capuz vermelho escuro, havia outra silhueta vestindo uma capa marrom com capuz. Estava de joelhos e com a cabeça baixa. O capuz escondia seu rosto. Se aquela figura levantasse o rosto, com certeza, conseguiria vê-las.

"Tam, vamos, levante-se." Ela sussurrou para a amiga e pegou seu antebraço, servindo de apoio para que ela pudesse levantar rápido. Tam gemeu. "Shhh, não estamos sozinhas aqui." Estava sussurrando. "Temos de nos esconder sem fazer barulho." Estava difícil fazer isso com uma Tam mole feito gelatina e pesada feito pedra. Continuou puxando a amiga para que se levantasse. "Vamos, Tam..."

"O que está esperando?! Atire!" de novo. A voz estava gritando.

Alina parou para pensar.

Ela iria intervir. Parecia que só haviam elas duas e aquelas silhuetas à frente. Se estivesse acontecendo o que ela deduziu que estava acontecendo, a pessoa de joelhos iria fugir. Ela procurou por uma das facas que havia guardado e a desembainhou, feliz por ver que elas não haviam sumido, como o doutor previra. Isso significava que o relógio no pescoço de Tam também estava inteiro e, se os deuses fossem tão misericordiosos quanto estavam aparentando ser, estaria funcionando. Com um suspiro de não acredito que estou deixando minha parceira meio consciente sozinha no meio do nada, seguiu, silenciosamente, em direção à figura de capa vermelho escuro.

Um Conto KyobanOnde histórias criam vida. Descubra agora