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A pixie ainda apontava a arma para elas e Alina a encarava com as mãos atrás da cabeça.

"Ela vai abaixar a arma se vocês prometerem considerar tudo que for dito aqui." O doutor parecia cauteloso com a tensão assassina que pairava entre Alina e a pequena pixie.

"Claro, desde que saiamos vivas daqui." Tam estreitou os olhos para ele. "E sem nenhum arranhão."

"May May, abaixe a arma." A pixie parecia obedecê-lo com um gosto azedo na boca. Alina não tinha medo de caretas e continuou encarando-a.

"Pode falar, doutor." Tam tirou as mãos de trás da cabeça e as colocou nos quadris. Ela estava esperando, impacientemente.

Ele não sabia como começar, então soltou a primeira bomba de muitas e torceu para que aquelas duas assassinas traficantes fossem compreensivas, "Existem outros mundos."

Silêncio.

"Ok." Tam o olhava como se tivesse acabado de perceber que ele era um maluco de alta periculosidade e qualquer movimento brusco o assustaria.

"Eu preciso que vocês sejam mente aberta para o que está acontecendo." Ele olhava de uma para outra. Como elas não falaram nada, ele resolveu continuar, "Começaremos com a Inquisição. Já ouviram falar na líder deles?"

"Eu sabia que era uma mulher." Tam não se conteve.

"Mulher humana." O doutor se voltou para ela.

"Não." Tam exclamou, incrédula. Aparentemente havia se esquecido de que há alguns minutos atrás estava sob a mira de uma arma.

"Sim." Um momento depois, "E uma bruxa."

"Impossível. Todas foram dizimadas na Caça às Bruxas. Há milênios atrás." Alina interveio, desviando apenas por um momento os olhos da pixie.

"Não, não. Temos uma última bruxa sobrevivente, não de milênios atrás, mas ainda sim, uma bruxa. Ela é, provavelmente, a última bruxa desse mundo." Ele apontava para o chão.

"Quantos anos ela tem?" Tam parecia realmente interessada.

"Essa é uma das poucas perguntas, as quais não tenho a resposta." Ele parecia desapontado por não saber.

"Fale sobre os outros mundos." Alina quis saber.

Ele balançava a cabeça, "Existem tantos que não tem nem por onde começar. É muita informação desconhecida e pouca informação descoberta, até agora."

"E como sabe sobre eles?" Ela estava desconfiada.

"Governo." Ele fez uma pausa e olhou nos olhos dela. "Eu tenho alguns contatos que me permitem saber sobre coisas que os civis comuns não sabem. Eles ainda não se sentem prontos para falar sobre isso, mas conseguimos viagens para muitos mundos dessa galáxia. Acontece que..." Se apoiando em um pé, ele colocou uma mão na cintura e a outra coçava sua cabeça. "...existem mundos em outras galáxias. Viagens de uma galáxia para outra é quase impossível... E proibido, de certa forma." Ele olhou para Tam, que já havia cruzado os braços. Ele começou a ficar inquieto. "Como posso explicar isso?" ele cochichava para si mesmo, andando de um lado para o outro. "Ela teve acesso àquele mundo de alguma forma, que eu ainda não sei como. Como uma bruxa, antiga e treinada na Arte, ela quer ser a única bruxa naquele mundo e daquela galáxia, também. Isso não pode acontecer. Ela não é naturalmente de lá, não importa se tem magia ou não."

Tam refletiu por um momento e disse, "Quer dizer que tá tudo bem viagem entre mundos, mas não tá tudo bem viagem entre galáxias?"

"Isso."

"Por quê?" Tam e o doutor conduziam a conversa.

"Como eu disse, ela não é naturalmente de lá. Imagine ela como um anticorpo estranho em um corpo. Aquele mundo não reconhece a linhagem dela, porque ela não nasceu ali. Ela só apareceu. Do nada. Esse corpo estranho vai incomodar e o mundo vai querer expulsá-la dali, nem que para isso, ele precise se autodestruir, levando todos os seres vivos habitantes de lá com ele."

"Então ela vai fazer o mundo se autodestruir?" Tam perguntou.

"Sim."

"Mas esse aqui não se destruiu..." Tam ainda não compreendia.

"Isso quer dizer que ela é daqui. Ou desse mundo ou dessa galáxia."

"Então ela é como se fosse uma destruidora de mundos?"

"De galáxias diferentes? Sim." Ele repetiu.

"E ela não sabe disso?", questionou Tam.

"Possivelmente não." Respondeu inclinando levemente a cabeça para o lado esquerdo.

Era um trabalho. Ele estava explicando porque queria convencê-las a cooperar.

"O que quer de nós?" Alina estava curiosa e desconfiada sobre as intenções dele.

Ele pensou mais um pouco.
Não, ele não estava pensando, ele estava sendo cauteloso, deduziu ela.

"Vocês vão até lá, descobrir como ela está viajando entre galáxias e depois de descobrir, irão matá-la."

Um Conto KyobanOnde histórias criam vida. Descubra agora