37

30 8 0
                                    

Em determinado momento a bruxinha de olhos verdes humanamente impossíveis despertou de sua corrida, se libertando de Tam e correndo mais rápido que ela.

Tam a seguiu.

Quando elas fizeram a curva que dava para corredor da rainha, Tam teve um vislumbre de uma figurado adentrando em um dos quartos mais afastados.

Um trovão soou e ela correu mais rápido, deixando a bruxinha para trás.

Ao entrar no quarto seu corpo estancou com a cena que via.

De seu lado direito, Alina balançava um corpo morto.

O capitão.

Do seu lado esquerdo Tam viu a rainha com uma expressão de pura raiva e olhos fechados, enquanto reunia raios violetas.
Tam olhou para Alina.
A bruxa estava mirando em Alina.

Tam retirou a arma que foi buscar no quarto de Alina, do cós de sua calça e mirou em Guelya.

"Minha amiga não, vadia."

E atirou.

Tam não parou de atirar até que escutasse o clique da arma, avisando que a munição havia acabado.

Ela ouviu passos atrás de si, não precisou virar para saber que a bruxinha veio logo atrás. "Coloque o polegar da rainha, na parte que brilha da algema." Instruiu.

E foi até a amiga.
A figura que havia visto tinha sido o capitão, entrando no quarto para salvar Alina.

Alina se agarrava forte ao corpo.
Ela decidiu chamá-la.

"Alina."

Ao levantar os olhos para encará-la, Tam se assustou com o que viu.
O rosto de Alina estava molhado e seus olhos vermelhos.
Vermelhos pelo choro e vermelhos pela fúria silenciosa que se agitava ali dentro.
O rosto de Alina estava duro e inexpressivo.
Alina levou seu olhar até a bruxa morta à sua frente.

Receosa por não reconhecer aquela Alina, Tam observou atentamente, enquanto ela pegava a espada ao seu lado e se levantava.
Ela caminhou até a bruxa, arrastando a lâmina no chão e parou próximo ao corpo.

Tam assistia com horror enquanto Alina se ajoelhou e segurou a cabeça da mulher, que ainda tremia, jorrando sangue pela boca, pelos cabelos curtos e começou a serrar, com a espada, lentamente, o pescoço da bruxa.
Sangue das artérias espirrou no rosto inexpressivo de sua amiga.

Tam já havia visto Alina matar.
Era sempre rápida e extremamente precisa.
Sabia onde causar uma morte rápida e segura.
Aquela Alina à sua frente, decapitando a mulher, era uma Alina que Tam não conhecia.
Ainda em choque, Tam entendeu que aquela era a Alina que a amiga escondia e guardava dentro de si.
Aquela Alina era reservada à aqueles que mexiam com alguém que importava para ela.
Tam olhou para o corpo do capitão.
Se lembrou de como ele havia tratado ela pelo nome e do que viu em seus olhos azuis, antes dele correr para fora das masmorras, quando entendeu o que Alina faria.

Aquele era uma homem que amava.

A imagem de Alina segurando e embalando o homem morto em seus braços, piscou em sua memória.

Aquela era uma mulher que havia perdido um amante.

Alina agora estava encarando a cabeça decepada, ajoelhada em uma poça de sangue.

E Aquela era uma mulher que Tam desejou nunca mais ver.

Um Conto KyobanOnde histórias criam vida. Descubra agora