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"Impossível."

Ele já havia repetido essa mesma palavra, três vezes. Ainda sentada no chão, ela não esperava que aquela informação fosse afetá-lo daquela maneira. Ele abaixou a espada e se virou de costas. Seus ombros subiam e desciam, Alina quase conseguia escutar a batalha interna entre ele e as palavras dela.

Então ela esperou.
Esse era o seu plano: questionar a lealdade dele e esperar que a semente de seus questionamentos, gerassem dúvidas dentro dele.
Alina percebeu, desde o primeiro dia da viagem, o valor incerto de sua lealdade. Fazendo perguntas sobre seus pais, ela queria descobrir se ele era tão cego pela rainha à ponto de não ver o reino se desfazendo. As pessoas não esqueceram o rei, porque à sua rainha não mostrava interesse no reino. Guelya só queria o poder absoluto em suas mãos. Ele via a degradação em que o reino estava, mas optava mostrar indiferença, pois seu avô e seu pai, amavam servir à coroa. E Asher amava seu pai. Continuar servindo à coroa, era o mesmo que buscar a aprovação dele e agradá-lo. Asher também queria defender o reino que seu pai havia defendido por toda a vida.
A sua lealdade se resumia em seguir os passos do homem que admirava.
Asher havia se esquecido de que proteger, também incluía se preocupar e cuidar.
Ser leal à coroa, significava ser ao mesmo tempo, leal ao reino.

Os últimos raios de sol do dia, iluminavam o céu. Alguns minutos mais tarde a noite se instalaria no céu.

"Onde ele está?" Asher se virou para Alina. "Você disse que o conheceu. Que o viu."

"Não posso contar sem antes me dizer de que lado está."

"Certo." Asher balançava a cabeça para cima e para baixo. Ele já havia se decidido. "Estou do lado do herdeiro legítimo da família real."

Alina se satisfez com o que viu no rosto de Asher. "Ótimo, porque eu também." Ela deixou claro.

E contou sobre o que sabia do passado de Guelya, sem mencionar sobre a criança. Ainda não sabia se era seguro partilhar essa informação.
Eles haviam a acabado de jantar os peixes que Asher pescou. Estavam sentados lado a lado, ao redor da fogueira.

Asher olhava para a fogueira, hipnotizado com a chama crepitante e quente. "Todos estavam abalados com a morte do rei e da rainha." Ele explicou. "Meu pai me passou essa história, mas quando ele contava a conselheira não parecia ser mau."

Alina riu. Obviamente.

"Se ela queria o poder, precisaria da aprovação momentânea do povo, não concorda?" Ela virou o rosto, olhando o perfil do capitão.

Ele concordou.

Depois de um tempo ela confessou, "Precisamos de um plano."

"Para tirar uma bruxa extremamente experiente e poderosa de seu governo secular, vamos precisar de um que seja muito bem elaborado e executável." Ele parecia descrente de que conseguiriam.

Alina se incomodava com pessoas baixo astral. "Você é o capitão da guarda dela."

"Você me subestimou, Caçadora." Incomodado por não saber seu nome, ele articulou. "Se vamos trabalhar juntos, eu preciso saber como se chama." Desviando os olhos do fogo, ele a encarou.

Um sorriso se espalhou por seu rosto, iluminando sua expressão, quando ela disse, "Alina." Ela viu os olhos dele descerem até a sua boca, atentos à pronúncia do próprio nome. Ela viu também quando ele umideceu os próprios lábios e virou a cabeça, voltando-se para o fogo. Ele corou.

Seu sorriso foi de manhoso à perverso, gradativamente, conforme ela entendeu o que viu.
Lembrou-se do que havia prometido à ele, caso vencesse.
E ele havia vencido.

Asher confessou, "Posso reunir alguns soldados de confiança."

Ela desfez a névoa de devassidão de sua mente antes de pensar e responder, "Precisamos tirar Tam das masmorras." Alina se esqueceu de que ele achava que Tam era sua irmã. "A minha irmã." Ela esclareceu.

Então ela explicou o que tinha em mente.

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