Pela manhã, depois que acordou de um pesadelo envolvendo a mãe e Tam, percebeu que outra criada estava à seu serviço. Não deixou de se perguntar o que teria acontecido com a da madrugada.
Ela trouxe o café da manhã e antes que saísse, Alina pediu, "Poderia me trazer outra capa, por favor?" Ela acenou e saiu.
Quando voltou, não foi só para trazer a capa que Alina havia pedido, trouxe um soldado da rainha no seu encalço. Ao depositar a capa em cima da cama, ela chegou mais perto da criada para sussurrar, "Não quero ninguém tocando nas minhas roupas." Propositalmente, esperou para acrescentar, "Por favor." E saiu, seguindo o soldado.
Andando à luz do dia pelo palácio era mais fácil memorizar o caminho. Mas ainda sim confuso, pois não haviam objetos de decoração nos corredores que facilitassem a identificação. Ela voltou ao corredor da entrada, por onde passaram na noite anterior. Eles seguiam em direção às portas que ela havia chutado que seria a sala do trono. Um chute certeiro.
Quando as portas foram abertas ela pode ver o quão lindo era aquele lugar. As Janelas de vidro enormes à direita, deixavam passar a luz da manhã e as janelas à esquerda, permitiam uma vista privilegiada e maravilhosa do nascer do sol. A luz da manhã parecia mágica ali. Era tão... majestoso. Alina se sentiu como uma formiguinha. Havia um tapete preto comprido que afagava o som dos passos dela e do soldado ao seu lado, enquanto caminhavam em direção ao trono. Tronos.
Eram dois. Lado a lado. Não havia ninguém ali. A rainha ainda não havia chegado. Resolveu admirar mais um pouco. Era tudo em mármore branco, desde as colunas até o chão. O teto era abobadado e atrás do trono, um gigantesco vitral exibia uma cena.Um guerreiro estranho, sobre um dragão preto. Alina olhou mais atenciosamente. Era uma guerreira em cima do dragão, empunhando uma espada. De armadura dourada e longos cabelos pretos saindo do capacete, voando ao vento, a guerreira parecia uma líder e o dragão parecia feroz e totalmente leal à ela. O dragão era tão cheio de detalhes que Alina sentiu vontade de sentar no chão e demorar seus olhos em cada pedacinho dele. Aquele artista merecia que alguém levasse um dia inteiro para apreciar aquela obra de arte. O dragão havia sido retratados com detalhes muito precisos e belos. Assim como a armadura da guerreira, os olhos dele eram dourados. Como ouro líquido. Ela não entendeu porque o símbolo daquele reino eram dois dragões dourados e não apenas uma guerreira e um dragão, como mostrava o vitral.
Alina contemplava a possibilidade daquela guerreira ser o outro dragão quando um movimento ao lado direito dos tronos, chamou sua atenção. Era a rainha.Não havia chance de alguém dizer que aquela mulher era uma bruxa poderosa e que liderava um poderoso grupo de ódio. Aquele era um rosto da vendedora de uma rede de joalheria famosa. Ou até mesmo o rosto da vice presidente da empresa. Era delicado, em um corpo com proporções muito femininas e sensuais. Seu cabelo preto como carvão tinha um corte muitíssimo curto, como o do capitão da guarda, sua pele era branca e seus olhos eram de um tom de mel claríssimo, quase laranja. Ela tinha piercings. De uma pequena argola de ouro no nariz, uma fina e delicada corrente pendia, conectando-se à um dos diversos brincos de ouro em sua orelha. Além do piercing de seu nariz e de um em cada sobrancelha, ela tinha também duas argolas nas extremidades de seu lábio inferior.
Trajava preto do pescoço aos pés. Uma calça de veludo preto e uma jaqueta, preta com bordados dourados, de mangas compridas e gola alta. Alina supôs que aquelas roupas haviam sido confeccionadas naquele reino e sob medida para a rainha. Ela não usava coroa e talvez não precisasse, com todos aqueles enfeites de ouro puro.
Sentou no trono com uma graciosidade sobrenatural. Como aquela mulher conservava a vida e a beleza por tanto tempo?
Alina fez uma profunda reverência. "Minha rainha." . Não fazia a mínima ideia de como deveria chamá-la.
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Um Conto Kyoban
Fantasy"Cada momento que se passava, as batidas de seus corações se aceleravam, a tensão se acumulava nos músculos e seus corpos se preparavam para o desconhecido. Tam não conseguia pensar em mais nada a não ser ir e voltar, viva. Alina estava preocupada c...