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Dormir a noite inteira sobre um chão duro, não mostrou ser o desafio que Alina pensou que seria.
Ela acordou depois do meio do dia.

Descansada, alimentada com os restos da janta e sozinha no quarto, ela começou a preparar um plano.
Caminhando de uma extremidade à outra, com as mãos na cintura e olhos agitados, ela checou o que sabia sobre a rainha e que pessoas e informações conseguiu reunir.

A jornada revelou ser cansativa e ainda longe do fim.
Sua mente começou a vagar, voltando para aquela noite, mais especificamente, no laboratório do doutor elfo, que por descuido, ela não sabia como se chamava.
Ela analisou cada informação que ele expôs sobre a líder da Inquisição. Algumas perguntas que surgiram foram:
Como ele sabia que ela transitava entre dois mundos?
De que forma ele descobriu sobre os mundos?
Por que ele deixou claro que somente ele conseguiria construir um portal que funcionasse?

Sua mente deu um salto no tempo, parando na conversa que teve com Tam, antes da viagem. A jovem bruxinha de olhos verdes humanamente impossíveis revelou saber mais sobre o passado da rainha. Mas como? Ela não parece ter vivido mais do que quinze anos.

Alina relembrou do primeiro encontro que teve com ela, no Caminho dos Freixos. Com um estalar de dedos ela havia feito o corpo de caçador evaporar lentamente. Uma demonstração de habilidade com a magia despertada e aprendida, que em seu mundo era chamada de magia antinatural. Mas se ela era uma humana que havia despertado o poder da natureza em si e aprendido a usá-lo à seu favor, não fazia sentido se deixar capturar pela rainha, também bruxa, quando poderia ter enganado os guardas e fugido. Porque ela se deixou ser pega novamente pela rainha?

Esfregando as duas mãos no rosto, frustrada, ela concluiu que as pessoas daquele mundo estavam se mostrando serem mais complicadas do que ela imaginou. Aquele mundo era parecido com o seu, mas estava muito longe de funcionar com a Terra. Ela estava sentido falta daquele lugar. Sentiu falta de ver criaturas mágicas em todo lugar, caminhando pelas ruas e na tv da sala de sua casa, assim como de toda a alta tecnologia. Lembrava-se de como era bom quando sua única preocupação era com a mãe. Agora, além da ameaça de vida que o doutor havia feito contra a mãe, ela se preocupava com alguém que nunca passaria pela cabeça que estaria em apuros. Tam. Nas masmorras da rainha, logo abaixo do nariz do inimigo, como havia dito o capitão. Alina estancou.

O capitão.

Ele conhecia o palácio com a palma da mão e tinha o controle dos soldados que serviam à rainha. Caminhando até a janela, olhou para baixo, avistando a rachadura no muro pela qual havia passado. Com Tam nas masmorras, ela não tinha um parceiro.

Havia um ditado milenar no mundo dela que dizia: uma andorinha só não faz verão. Existiam muitas maneiras de interpretar aquele ditado, mas para Alina só um dos significados se encaixava naquela situação.

Ela necessitava do capitão da guarda da rainha ao seu lado, como um aliado, ainda que para isso, precisasse torná-lo um traidor.

Ele a odiava e sua estratégia de convencimento tinha tudo para dar muito errado. Mas ao pegar a espada e sair do quarto sem armadura, ela estaria disposta a arriscar.

Alina estava à meio caminho das escadas que desciam para o salão onde havia se escondido do dragão, quando um grito agudo de arrepiar todos os pelos do corpo, ecoou pelas ruínas do castelo.

Paralisada nos degraus da escada, ela se questionou sobre quando seus esquemas começariam a seguir conforme ela os havia planejado, sem elementos surpresas pelo caminho.

Com uma noção do que estava acontecendo, Alina respirou fundo e subiu as escadas de volta, correndo em direção ao quarto da mulher que deveria estar dormindo mas por sarcasmo dos deuses, resolveu dar a luz, justo naquele momento.

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