PRÓLOGO

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"O que diabos é isso?"

A vontade era de ter proclamado inúmeros palavrões.

Deparou-se com uma mulher grávida. Alguma coisa estava muito, muito errada.

"Eu posso explicar!" As portas, que haviam se fechado de volta com a entrada dramática dela foram abertas com tanta força que bateram na parede e voltariam a se fechar novamente, se não fosse pelo homem que havia entrado naquele quarto como um potro recém nascido: tropeçando nos próprios pés e sem fôlego.
Ele havia se destransformado.

"Ótimo, porque não foi falado nada sobre uma mulher grávida." Ela parou por um instante, analisando a situação à sua frente.

Olhou para a mulher dormindo de costas sobre grandiosa cama, com uma barriga arredondada e sobressalente, em seguida, voltando a cabeça para o idiota ofegante parado à porta. "Um momento." Se aquela interpretação estivesse correta, ela desceria a espada sobre seu pescoço, sem piedade. "Você não engravidou essa mulher enquanto ela dormia, não é?" Uma repugnância se inchou dentro dela. "Se você estuprou..."

"Não. Pelos deuses, não! Não. Eu disse que posso explicar."

Parecia surpresa sincera no rosto dele. Ela abaixou a espada que já empunhava inconscientemente contra ele. Engraçado, ela só se embrava de ter levantado a espada. Na verdade, se lembrava de pouca coisa, a jornada até aquele castelo havia sido enfadonho e tenso. "É melhor que o quer que seja, que você tem pra falar, não me faça ficar arrependida de não ter te matado primeiro."

Encontrando um espaço na grande e luxuosa cama, sentou-se graciosamente. Ela duvidou que tivesse conseguido ser graciosa, vestida naquela armadura preta. Colocou a espada em seu colo como se aparentando ter todo tempo do mundo, para estar naquele lugar e declarou com uma calma, que sem intenção, soou como um calma assassina, "Comece."

Mesmo após o tempo que ela calculou que levaria para se destransformar e subir as escadas e correr, ele ainda ofegava, seu rosto sujo de fumaça, assim como todo seu peitoral e braços. O cabelo curto e preto como carvão parecia como um ninho de rato, suas calças mostrava ter sido colocada às pressas, talvez porque, realmente houvessem sido colocadas às pressas. Sua pele estava intacta. Enquanto as únicas dores que ela sentia eram onde a armadura de metal preto pressionava a pele com aperto, isso incluía quando ela movimentava o torso e os braços. Suas pernas se recuperavam da corrida desesperada dela para chegar antes dele.
A armadura era bonita, mas não muito confortável.

"Ela é minha esposa."
Involuntariamente ela arqueou as sobrancelhas e piscou algumas vezes como se não houvesse entendido direito. Ele continuou. "E está grávida."

"Você jura?" Ela olhou de volta para a mulher deitada na cama. "Olhando por esse ângulo, este detalhe se torna imperceptível."

Ele implorou, "Por favor, não a mate. Ela não pode morrer ainda."

Descrente por aquela palavra, repetiu curiosa, "Ainda?"

Olhando nos olhos dela, ele explicou, "A criança nascerá daqui há dois dias."

Imediatamente levantou-se.
Se tornou impossível, fingir tranquilidade enquanto aquela situação se agravava bem diante de seus olhos.
Um sussurro ecoou em sua mente.
Ele pode estar mentindo.
Com a espada ocupando uma mão, frustrada, ela passou a mão direita no rosto.
Ela tinha que pensar.
Ultimamente tudo se resumia à isto, pensar no que fazer.
Os imprevistos seguiam-se consecutivamente.

Estava tudo errado.
Estava tudo tão errado.

Esperava que a mulher que dorme, fosse uma idosa secular, cheia de rugas e esperando alguém se dignar a matá-la.
Aquela mulher deitada, dormindo, não parecia estar esperando a morte.

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