" Duas, três, quatro..." Garrafas de vodka desceram garganta abaixo, Laura exagerou como notamos. Estava bêbada quase quatro horas da manhã, na sacada. Duas coisas que não combinam. Ela olhava para baixo e ria, como se algo chamasse sua atenção.
- Laura? O que você está fazendo acordada? — Natasha aparece sonolenta e coçando os olhos. - Ah porra, cê tá travada? Quantas você já bebeu? — vai para próximo a ela e vê um estilhaço de caco de vidro no chão.
- Tem que ir lá contar. - apontava para qualquer direção e rindo. - Eu vou contar pra você. UMMM, DOIS... O que vem depois do dois? - Gargalha novamente. - QUATRO...CINNNCO. - se inclina na sacada.
- Sai daí. Vamos entrar. — toca no ombro dela e ela recua.
- Sai de perto de mim. Vocês são chatas em?
- Só tem eu aqui, maluca. Vamos entrar e eu vou por você no chuveiro.
- Tem duas de você e as duas são chatas! Sabe por quê eu bebi? Porque EU DESISTOOOOOOOOOOOOO. - Grita o mais alto que pode. - Da minha vida. Foda-se todo mundo. - levanta uma garrafa pro ar comemorando. - Isso aí, foda-se Taylor, Jason, Chyler, aquela detetive...
- Vai me mandar se foder também? - cruza os braços e Laura olha para outra direção. - Se você me ama um pouco que seja, entra comigo.
- Não quero entrar.
Laura estava pra lá de Bagdá e falava alto, isso acabou acordando todos da casa. As meninas acompanhavam a insistência de Natasha para a convencer que não era uma boa ela ficar ali.
- O que é isso? Posso? - com calma Natasha aponta um papel no chão e Laura não impede que ela pegue. - Uma carta? Legal.
- Você já recebeu alguma? - se escora para não cair.
- Oh sim, da minha mãe.
- E o que dizia?
- " Fui trabalhar, tem frango na geladeira descongele e frite. O arroz tem que requentar. Beijos, mamãe." - A própria ri e acaba arrancando um riso da amiga também. - Vamos entrar? Está frio.
- Tá bom. Já que me encheu tanto a paciência... - solta a garrafa e entra cambaleando.
Natasha revira os olhos, mais aliviada. E tranca a porta de vidro da sacada para que Laura não voltasse ali.
Em seguida ainda tem uma luta para fazer com que Laura fosse para o quarto, mas conseguiu com alguns minutos de insistência.
As meninas assistiam tudo, até tentaram interferir mas Natasha fez sinais para que só ela ficasse, ela saberia lidar com a amiga e que se houver algum surto, elas poderia intervir, caso fosse necessário.
Laura tomou um banho frio e de toalha pegou no sono, Natasha apenas a deixa ali e fecha a porta. Descendo as escadas, onde elas estavam reunidas.
- Como ela está? - Marjorie se levanta e vai até ela.
- Agora está bem. Dormiu e só acorda lá por uma da tarde... Bem eu realmente não quero ser chata, mas acho que temos um problema com a Laura.
- Do que está falando? - Taylor entra na conversa, mas não se levanta.Natasha caminha até o centro da sala. - Olha, já tem muitos anos que sou amiga da Laura e eu nunca a vi beber tanto igual ela está bebendo. — todos fazem uma cara de tipo que já sabiam, mas não queriam aceitar. - Ela deu sinais para nós, aquele dia ela bebeu e dormiu na sala, Marjorie pode confirmar isso, pois ela a cobriu e tirou a garrafa de bebida da mão dela. No outro dia, ela bebeu de novo e arrumou briga no bar e acabou apanhando junto, eu tive que cuidar dela. E hoje ela bebeu de novo e podia muito bem pular da sacada a qualquer momento. Porque quando estamos bêbados, tudo parece ser uma boa idéia. Sem contar que Chyler me falava inúmeras vezes que Laura estava bebendo até no café da manhã.
- Tá, mas o que você tá querendo dizer? - Marjorie, cruza os braços. Esperando a resposta, que já previa.
- Que a Laura, está virando uma viciada, mais conhecida como alcoólatra.
Essa frase causou um impacto tão grande em todas, inclusive em Natasha. O peso da verdade, foi difícil para aguentar.
- O pior é que você tem razão. - Taylor bufa, olhando para cima.
- Eu sei. Só não sei o que fazer, com relação a isso.
- Tem tratamentos para isso. - Ste tem voz por um instante.
- Sim, mas o tratamento só funciona se o paciente querer fazer ele. Caso contrário, não. E eu duvido que ela admita que tem um problema...
- Ela não vai admitir. - Taylor complementa - Mas ela tem que entender que não dá para beber dessa forma exagerada, ela vai acabar machucando alguém ou se machucando.
- Sugere o que? Que nós iremos fazer ela se internar na marra?
- Se for a solução.
- Gente é da minha filha que estamos falando, vamos conversar com ela amanhã. Se ela negar, vamos achar outros meios, mas a forçar nunca!
- Ok. Vamos tentar do seu jeito, dona Marjorie. - Natasha dá um sorriso meio tristonho. - Tudo vai se acertar...
O clima pesa para cada uma delas, desde sentimentos maternos ao amor. Logo cada qual vai para seus quartos para tentarem descansar, apesar do dia já estar amanhecendo.
Mais tarde por volta das três da tarde, elas estavam na mesa conversando, mas não tão animadas quanto nos outros dias. Até que Laura aparece, com uma cara péssima.
- Hey, Laurao! Senta aqui com a gente. Come alguma coisa. - Natasha tenta agir o mais normal possível.
- Oi gente. - Fala com a voz baixa e meio morta.
- Filha...
- Sim?
- A gente pode conversar?
- Ih sobre o que, mãe? - pega um copo de café.
A mulher fica quieta tentando achar as palavras e Natasha toma as rédeas da situação.
- Nós chegamos a conclusão que você tem andado mal ultimamente e isso leva você a beber um pouco exageradamente. Ontem, por exemplo eu te tirei da sacada... Não acha que deve diminuir um pouco?
- Olha só. - Da um gole no café. - Eu não estou doente, ok?
- Ah não? Me explica aquela gritaria de madrugada? - Marjorie acha a voz. E Laura não entende nada. - Você bebeu todo o estoque que tinha guardado no armário.
- O estoque era meu.
- Exatamente e eu o tranquei, para ver se você freava um pouco. Mas você estourou o cadeado... - Natasha fala também. - Olha, não nos leve a mal. A gente ama você e queremos...
- Eu sei, vocês querem o meu bem... Me amam, bla bla bla... Vocês não entendem, porque não são vocês que acabaram de sair de um relacionamento, não são vocês que carregam o mundo inteiro nas costas pelas consequências idiotas do passado, não são vocês que perderam a pessoa que vocês amam... E nunca irão entender, porque EU sou a ferrada aqui e faço de TUDO para concertar as coisas e proteger cada uma de vocês. Mas segundo o que eu entendi, sou uma bêbada, solitária. - levanta e sai da cozinha, abrindo a porta e indo para fora.
- Era esperado... - Ste fala e o clima tenso só aumenta.
Ninguém fala mais nada e até param de comer em pensar no possível problema. Será que temos um problema?
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Outra Vez Você ( CONCLUÍDA)
Roman d'amour" Um casal perfeito, cheio de defeitos... Sim, éramos felizes juntas. Mas as coisas saíram dos trilhos quando começamos a nos desentender e discutir muito. Para piorar ela voltou a se envolver com alguns " amigos" os quais eu não gostava por motivos...