Para Sempre Sua, Amy

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- Como você está? – Pergunto novamente só para ter certeza, observo o revirar de olhos da ruiva.

- Amy, eu juro que se você perguntar isso mais uma vez, eu vou quebrar sua cara – A garota teve alta hoje cedo e está descansando em casa há algumas horas.

- Eu nunca vi sua casa tão quieta – Comento e ela ri com vontade.

- É que só tá minha mãe aqui e ela aproveita esses momentos para ficar na dela – Os olhos de Star brilham, mas não é de felicidade – Eu queria que ela passasse tempo comigo, sabe? Mas é pedir demais.

- Eu nunca vou entender sua mãe – A ruiva balança a cabeça concordando comigo e entrelaço nossas mãos.

- É da criação dela, a gente sabe que ela nos ama, mas afeto não é algo que ela aprendeu – Afeto não deveria ser ensinado.

- Bom, eu vou te dar todo o carinho que eu puder – Sorrio e ela revira os olhos contorcendo o nariz.

- Vocês estão muito lébscas* agora – Loren está encostada no batente da porta e com um sorriso enorme no rosto – Quero participar! – A morena pula na cama, juntando-se a nós e entrelaça sua mão nas nossas – Qual o assunto?

- Eu estava falando para a Star que ia dar muito carinho para ela.

- É, mas eu já ia mudar de assunto para ela e o David – Star sorri e ergue o tronco, encostando na cabeceira, numa posição meio deitada, meio sentada.

- Assunto interessante – Lori se anima e se ajeita na cama, as duas me encaram.

- O que eu deveria fazer? – Minhas bochechas ficam vermelhas por estar sendo encarada ao mesmo tempo pelas duas.

- Por que você está agindo como uma virgem puritana esses dias? – A cara de confusão e deboche de Star é icônica.

- Eu não estou! Isso é um problema sério e vocês sabem, eu sempre fico vermelha em algumas situações, não é por vergonha.

- Se você diz – A ruiva fala num suspiro – Enfim, conta, vocês estão transando?

- Tudo é sexo para você?

- Claro, nós somos jovens, tudo é sexo, drogas e bebidas para nós – Star revira os olhos com obviedade, Loren faz careta, porém concorda e eu respiro fundo, porque até que dá para entender seu ponto.

- Não, a gente não está transando, ficamos um pouco só.

- Tá, eu nem ligaria muito para isso – Star começa – Mas ligo, porque ele dormiu na sua casa e vocês não transaram.

- E daí?

- Como assim? Você nem conhecia o menino direito, você é louca, mas não para chegar nesse ponto.

- Nisso eu tenho que concordar – Loren assente e continua a me encarar.

- Eu estava solitária, vocês não iriam poder ir lá pra minha casa, ele foi um bom amigo, por que não?

- Sabe, eu conversei com a Tânia – Loren começou mexendo nos fios soltos da sua calça rasgada – Ela me disse que vocês dormiram juntos, que pareciam um casal, eu vi a foto, Amy.

- Ela tirou foto? – A risada saiu das nossas gargantas fácil demais.

- Estava bem fofo, foi até estranho te ver daquele jeito, já que você não está mais acreditando no amor.

- Eu nunca disse isso.

- Mas a gente percebe, faz muito tempo que você não fala sobre o amor e você amava esse assunto.

- Não estou gostando do caminho que essa conversa está seguindo – Aviso e reviro os olhos – Mas de qualquer forma, é só atração física e ele até que é um bom amigo, mas não vai passar disso, principalmente agora que ele entrou pro time.

- O que tem a ver?

- É só olhar para ele! – Minha risada sai contida – Ele é clichê demais, óbvio que alguma líder de torcida, se não todas, vão cair matando encima dele e eu não quero estar no caminho delas não.

- Eu não consigo nem mais pensar de tanta merda que meu cérebro recebeu – Faço careta ofendida, mas Star apenas sobe os ombros – Desculpa amiga, mas não tem nada a ver isso que você falou – Ela pausa para beber água – Acho que talvez ele seja perfeito para você agora, você está precisando de um pau permanente.

Agora é a vez de Loren suspirar frustrada – Você estava indo tão bem, Star – A morena balança a cabeça em negação e a ruiva apenas dá de ombro – Você está vivendo sem caminho por um bom tempo.

- Daí eu preciso de um homem para achar uma solução? – Meu coração acelerou, porque eu não preciso de homem para nada na minha vida.

- Não, óbvio que não, mas de amor, sim. Talvez você possa chegar a amá-lo – Loren terminou de falar e por uns 10 segundos ficamos as três sérias e refletindo sobre tudo, mas juntas começamos a gargalhar.

- Mudando de assunto – Meu sorriso invade meu rosto – Você acha que eu não sei o porquê de estar tão romântica e reflexiva assim, né? Não esqueci de você falando que está apaixonada, não.

- E daí? Estou mesmo, diferente de você eu não nego a paixão.

- Eu sou a única ficando enjoada aqui? – Star pergunta depois de muito tempo sem falar nada.

- Sim, sua insensível – Loren sorri.

- Você está real apaixonada? – Star arregala os olhos assim que Lori afirma – Quanta loucura, quem é o felizardo? O Ryan?

- Ele mesmo.

- Mas você só vê ele em festas – Star se interessa.

- Claro que não, a gente sai todos os dias – Loren balança a cabeça decepcionada pela ruiva não saber disso, nem eu sabia.

- Você nunca contou pra gente.

- Mas não precisava contar, estava óbvio – Loren se ajeita na cama, faço o mesmo.

- Se fosse óbvio a gente estaria sabendo – É a minha vez de falar.

- Tudo bem, erro meu então, ele me pediu em namoro agora há pouco – A morena sorri lindamente e meu coração aquece só de olhá-la feliz.

- Estou orgulhosa – A Star adulta aparece do nada e o sorriso que ela manda para a morena é bonito, bonito demais.

- Ah! Quase que eu esqueço – Lori tira um envelope do bolso e entrega para a ruiva – Meu irmão pediu para te entregar.

- Que isso?

- Também quero saber, ele não quis me falar nada, como se você não fosse falar pra gente – A ruiva encara o papel.

- Depois eu abro – Ela diz depois de um tempo analisando o envelope sem abri-lo e o guarda na gaveta ao seu lado – Vamos falar do nosso aniversário – Eu e Loren suspiramos fundo ao mesmo tempo, apenas aceitamos sua escolha e focamos no novo assunto.

- Está chegando – Encaro o cobertor florido da ruiva – Vamos decidir o que vamos fazer antes que fique em cima da hora.

- Certo – Falamos em uníssono e rimos por causa disso, as duas horas seguintes ocupamos nosso tempo para falar sobre um assunto que costumava ser muito mais importante nos anos anteriores.

*Eu sei que é lésbicas, mas eu gosto de falar lébscas, obrigada, de nada.