Para Sempre Sua, Amy

17

Foi pisar na casa de Mellory que o cheiro de suor e álcool adentrou minhas narinas, eu costumava gostar disso, eu costumava gostar de muitas coisas. Consigo ver Charity num canto, os três patetas da festa passada estão com ela, eles me encaram e eu apenas desvio o olhar, não corro hoje de jeito nenhum, nem com carro apropriado estou. Minha mão se entrelaça com a de Star, que já está entrelaçada na de Loren, juntas nos direcionamos para a cozinha, costurando as pessoas pelo caminho.

- Faz tempo que a gente não fala com o Henry – Star comenta baixinho, por ele estar do outro lado da cozinha – Você pegou pesado com ele aquele dia.

- Já faz uma semana Star – Limito-me a dizer isso e pego uma lata de coca na geladeira – Ele já deve ter superado.

- Se tivesse estaria aqui agora – Loren bebe da mistura que acabaram de preparar para ela e eu me forço para não revirar os olhos.

- Ele estava me cobrando, gente, nós só ficamos duas vezes – Meu tom aumenta e preciso me policiar.

- Nisso você tem razão – Loren concorda e faz careta pela bebida – Tá forte demais, quer provar? – A ruiva pega o copo da morena e toma sem cerimônia, ela não faz nem careta.

- E eu que achei super fraquinho?

- Pra você tudo é fraco, sei nem porque pedi sua opinião – A morena revira os olhos e minha risada sai contida.

- Quer dizer então que pensou duas vezes? – Loren me encara e eu sou forçada a franzir o cenho.

- Sobre o que?

- Você e David.

- Ah – Suspiro e encaro o chão – Não sei, é complicado.

- Complicado onde? Ele é bonito, você é bonita, ele tá interessado, você está interessada, pra mim a resposta é simples – Star diz e eu mesclo meu olhar entre minhas amigas.

- Não é bem assim, Star e você sabe disso – Ela revira os olhos e eu suspiro, porque no fundo sei que ela está certa.

- O que não é bem assim? – A dupla chega e Star sorri triste para Jack, não posso deixar de perceber.

- Nada – Loren diz num suspiro cansado, mas seu sorriso se abre de repente, Ryan chega ao seu lado.

- Então, tá legal – Jack passa o braço pelo ombro de Star e Brad me abraça de lado.

- O grupo todo reunido – Henry aparece ao lado de Brad no mesmo instante que eu retribuo o abraço do garoto – Faz tempo que não vejo vocês.

- A gente sempre se vê nos treinos – Brad fala o óbvio.

- To falando com as meninas – Ele encara o rosto da ruiva, da morena e seu olhar percorre todo o meu corpo, dando mais atenção nos braços de Brad na minha cintura, seguro para não falar nada, vai ver é só coisa da minha cabeça – E cadê o bonitão?

- Eu to aqui – Jackson fala e a gente ri, Henry revira os olhos, ele parece sem humor hoje.

- O outro.

- Ta aqui – Brad fala e tira uma mão da minha cintura para apontar para si mesmo e logo volta com a mão em meu corpo.

- O outro – Soa quase como um suspiro melancólico.

- Estão falando de que, galera? – David se intromete na rodinha com o sorriso bonito, seu olhar percorre todos nós.

- Tava perguntando agora onde tu estava – Henry encara o garoto de cima a baixo.

- Acabei de chegar praticamente – Apesar dele estar sorrindo para todos, seu sorriso muda ao me encarar, como se ele estivesse sorrindo só para mim, sorrio de volta.

- Vocês estão ficando? – Henry pergunta, as meninas tentam não rir, Jack e Brad prestam mais atenção ainda e David mescla o olhar entre Henry e eu.

- Defina ficando – David fala primeiro e deixo que ele resolva a situação, porque eu definitivamente não sei o que fazer.

- Vocês se beijam? Constantemente? – Henry parece irritado, minha sobrancelha se ergue sem querer, não consigo mais controlar minhas expressões.

- Constantemente não – Só há algumas horinhas, minha mente me relembra, seguro para não rir.

- Então estão ficando – Ele constata para si.

- Não, se ficar é beijar constantemente – David diz e Henry o encara, ninguém consegue ficar calado por mais tempo e todos caem na gargalhada.

Não lembro quando todo mundo sumiu, também não me importo muito, encaro o azul marcante dos olhos de Mellory e caminho até ela, seu sorriso se abre e assim que chego perto da garota, entrelaçamos nossas mãos e seguimos para onde a música está mais alta e as pessoas estão dançando. Mellory é baixinha e chega a ser engraçado dançar com ela, mas a garota também é sensual e está tentada a hipnotizar um cara que a observa, por isso nossa dança é mais lenta que a música e mais colada em comparação com os outros.

- Você é a única que dança comigo – A garota fala e esfregamos nossos corpos um no outro – Obrigada.

- To aqui pra isso – Sorrio e ficamos de costas uma para outra, meu olhar encontra os olhos de David, nossas costas estão unidas e no mesmo momento descemos até o chão num gingado totalmente improvisado e espero que sexy, Mellory não é mais a única entre nós a querer hipnotizar alguém.

A melodia se estende por mais alguns minutos e minha conexão com Mellory e David ficou intacta o tempo todo, a morena me abraça e corre até o garoto pra quem ela dançava, a consciência bate em minha mente. Caralho, eu dancei para o David. Eu não me ajudo a me ajudar mesmo.

Suspiro fundo e adentro a cozinha, pegando agora uma garrafa d'água, Henry aparece do meu lado, seus olhos claros percorrem meu rosto atento. Bebo da água e deixo a garrafa na boca, pois não quero conversar com ele agora.

- Você precisa ser mais clara comigo a partir de agora – Franzo o cenho confusa com o início da conversa – A gente ia transar outro dia, achei que estivéssemos ficando sério.

- Eu só posso transar com quem estou ficando sério agora? – Pergunto e ele inclina a cabeça.

- É a lógica.

- E depois? Iriamos namorar, formar juntos, manter uma relação à distância durante a faculdade, voltarmos para cá, casarmos e ter filhos?

- É o que acontece – A risada saiu sem receio da minha garganta, devo ter ficado uns trinta segundos rindo, sem parar – Qual é a graça?

- Você é engraçado, Henry – Não, é apenas ultrapassado mesmo queria dizer – Vai me dizer também que depois que eu engravidar, vou ter que parar de trabalhar.

- Eu acho que você nem precisaria começar a trabalhar, é o homem que tem que bancar a casa – Que combo maravilhoso, é machista também.

- E a mulher toma conta da casa?

- Isso.

- E se você me trair é porque não te dei atenção suficiente?

- É natural do homem trair.

- Estou ficando enjoada – Aviso e ele coloca a mão em minha testa – Melhor sair, antes que eu vomite na sua cara.

- Por que você faria isso?

- Porque você é um machista ultrapassado de merda, não sabe em que ano que a gente está não? – Meu tom de voz aumenta, mas logo me controlo de novo.

- Essa é a realidade, Amylind, todo mundo pensa assim.

- Só se for a população da sua imaginação, poucos jovens pensam assim hoje em dia.

- Te achei! – David sorri ao chegar do meu lado – E aí Henry, como tu ta, bro?

- A gente está conversando – O loiro fala com o moreno.

- Nossa conversa já acabou, Henry – Pego na mão de David e o puxo para sair da cozinha junto comigo – Você está de carro?

- Sim – O garoto fala sem entender nada.

- Me leva pra lá.

- Está bem?

- Vou ficar.