Sábado
Papai chegou 1 hora antes do jantar, mas não me importei muito com isso, fiquei feliz em saber que ele vai ficar domingo com a gente também. Meu vestido foi escolhido por mamãe que está nervosa por não gostar de políticos, papai está tranquilo como sempre e eu estou uma pilha de nervos, não gostei nem um pouco dessa sensação.
O vento esvoaça meu vestido assim que deixo o carro quentinho, encaro a enorme casa a minha frente, meus pais param do meu lado e meu coração acelera. Mamãe suspira e aperta a mão de papai que segura o riso, eles são um casal engraçado. Achei que dar o primeiro passo seria a coisa mais difícil, mas quando os olhos negros da mãe do meu namorado me capturaram e me analisaram, tive a certeza que o primeiro passo foi a coisa mais fácil que fiz a noite toda.
- Então – Fionna, mãe de David e Liam, me encara e segue o olhar para minha mãe, que está ao meu lado – David me contou que vocês moravam em Nova Iorque também – Observo David franzir o cenho.
- Eu ainda moro lá – Papai tomou a dianteira com seu jeito carismático, queria ter herdado isso dele – As meninas que vieram para cá.
- Isso – Mamãe confirma e acaricia a mão do marido, eles parecem estar num filme hoje.
- Não é ruim para a Amylind? – Seguro o ar de deboche que quer sair e encaro meus pais.
- Nós somos presentes na vida dela, então não, não acho que seja ruim e ela está indo bem até agora.
- Que ótimo! Ela deve ter uma boa inteligência emocional.
- Sim, ela tem – Mamãe responde, não seria eu que deveria responder isso?
- Como está a comida? Fui eu mesma que preparei – A mais velha pergunta e encara o marido por segundos, senhor Wells não falou muito.
- Está deliciosa – Mamãe encara a mulher.
- Realmente, está muito boa – Papai também diz e eu concordo com ele, a mulher sorri agradecida.
- O que você quer fazer na faculdade? – Senhor Wells me encara, seus olhos têm uma mistura como cor, consigo enxergar ali o azul, o verde e o castanho dependendo da luz que o cerca, nunca tinha visto isso antes.
- Eu vou fazer medicina – Encaro seu olhar, parece satisfeito.
- Seguir os passos do pai – Ele sorri para o homem que me criou – E a quem vai cuidar da empresa da família da sua mãe? – Mamãe não conseguiu encarar o homem e isso quase me fez rir, quase.
- Essa é uma boa pergunta – Respondo e ele encara a parede atrás de mim, acho que não era bem a resposta que ele queria.
- Bom, com o tempo certamente vocês vão resolver isso – Assinto e ele volta a prestar atenção no que come.
- Bom, olhando assim, vocês parecem um casal bonito – Senhora Wells sorri, ainda não a entendi, às vezes ela parece ser sincera ao elogiar, mas outras vezes ela parece falsa, falsa demais.
- Obrigada, mamãe – David parece cansado.
- Você já conhecia o Liam, Amylind?
- Sim, eu o conheci há algumas semanas – Encaro o irmão de David que é a sua cara, ele sorri para mim e eu retribuo.
- Isso é estranho – A socialite suspira e sorri por isso – Não costumamos jantar assim para conhecer as namoradas.
- Também não costumamos fazer isso – Papai diz e sinto o olhar de minha mãe sob mim.
Os adultos, exceto mamãe, começam a falar sobre política e eu simplesmente desligo meu cérebro da conversa, o conflito em minha cabeça está mais alto e mais interessante. Eu gosto do David, certo?
Meu coração acelera ao encarar as pessoas na mesa, parece até que irei casar e isso está me assustando. Eu não sabia que gostar de alguém poderia ser tão assustador assim.
Nos livros só contam como é lindo amar e os únicos problemas é a dificuldade para os protagonistas ficarem juntos, nunca me contaram das dúvidas que sinto sobre meus próprios sentimentos, nunca me disseram da ansiedade de querer saber o que a pessoa está pensando e se ela sente o mesmo. Apenas aprendi o clichê, não mostraram o por trás e a realidade não é apenas as coisas boas de gostar de alguém.
As borboletas surgem em meu estômago assim que fico sozinha, na cozinha, com David, enquanto nossos pais conversam sobre algum assunto na sala. Ajudo-o com as louças em silêncio e ele aceita meu distanciamento sem questionar. É assustador que eu não preciso falar nada para ele entender que não é um bom momento para sermos um casal, agora.
É errado pensar assim? Tem momentos num namoro que não estamos bem para ser namorada ou namorado? Afinal, o que é o namoro? Minha cabeça vai longe e nem percebi quando estava aterrada no peito de David, ele me abraça apertado e estranhamente consigo respirar melhor novamente. Eu devo gostar muito dele, eu gosto muito dele. Eu estou sim apaixonada por ele.
- Está tudo bem, Amy – Consigo sentir o sorriso dele – É normal ter dúvidas.
É assustador pra caralho, como é que ele sabe das minhas perguntas e inseguranças? Será que ele lê mentes? Óbvio que não, Amylind, não seja boba. David gargalha sozinha e passa a mão no meu cabelo. Gente do céu, será que eu estou mesmo namorando um cara que lê mentes?
- Sabe o que eu acabei de lembrar aqui? – Apoio meu queixo em seu peitoral e o encaro.
- No que?
- Em nada, só queria ouvir sua voz – Franzo o cenho e ele ri sozinho, de novo – Você é linda.
- Você é lindo – Ele deixa um selinho nos meus lábios e logo voltamos a arrumar a cozinha.
Foi a conta de terminamos a arrumação e meus pais me chamaram para ir embora, despeço-me receosa de meus sogros. Sogros. Credo. Beijo a bochecha de Liam e a boca de David, o vento volta a esvoaçar meu vestido quando enfim volto ao lado de fora e sorrio aliviada ao entrar no carro quente.
- O que acharam? – Mamãe pergunta, papai começa a rir.
- Deu na cara que você não suporta políticos, amor – O mais velho fala e mamãe bufa.
- Eu tentei fazer o meu melhor, ok?
- Está tudo bem, mãe, a gente aprecia o seu esforço – Ela sorri e eu seguro o riso, juntamente com meu pai.
- Mas sobre eles, o que vocês acharam?
- Eu não sei se aquela mulher gostou da gente não – Papai como sempre é muito sincero – Mas ela ao menos foi educada.
- Eu achei ela bem falsinha – Mamãe diz, será que eles estão comentando sobre nós também? – O John é estranho, caladão, né?
- Preferiria ele falando?
- Não – A mulher quase grita, não consigo segurar a risada mais – Deixa ele caladão lá, não precisamos ficar escutando a voz de político dele não.
- Você é doida – Balanço a cabeça em negativa e sorrio por estarmos em família.
- É isso que me faz te amar mais – Papai pega a mão da mulher e deixa um beijo delicado nela, papai pode não ser muitas coisas, mas quem falar que ele não é romântico, precisa ir ao psicólogo urgentemente. Finn Neompsey é o homem mais romântico que já conheci na vida.
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Para Sempre Sua, Amy
Teen Fiction"- Não vai ser fácil - Consigo sentir as lágrimas se formando em meus olhos e meu nariz começa a arder - Não vai ser fácil mesmo. - Eu não te obriguei a me amar, Amy - Seus olhos me avaliam com cuidado, ele sempre faz isso, sempre faz eu me sentir a...