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- Eu quero ser um pônei – Escuto a irmã de Star gritar do andar de baixo – Mamãe!

- Ela não para – Stacy revira os olhos e levanta da cama só para fechar a porta do quarto, agressivamente.

- Mamãe, a chata bateu a porta, você não disse que ela não podia fazer mais isso? – Freya grita e observo Stacy coçando a cabeça freneticamente, ansiosa e nervosa.

- Freya, será que dá para parar de correr? – Agora é a vez da mãe de Star gritar, e é sempre assim.

- Mas eu quero ser um pônei! – A mais nova torna a gritar, com a voz chorosa agora.

- Eu odeio isso – Star sussurra e esfrega a mão na cara, depois passa a arranhar o lençol com a unha grande.

- Vai rasgar, de novo – Aviso e ela me encara, seus olhos brilhando pelas lágrimas que querem sair – Vem aqui – Libero meu colo e a puxo para deitar em mim – Calma, tudo bem? Daqui a pouco tudo isso passa.

- Isso, afinal tudo passa – Stacy sussurra para si e agarra minha cintura ao escutar o pai gritando dessa vez.

- Você quer passar essa semana na minha casa? – Ela me encara com um sorriso enorme.

- Bem que eu queria, mas meus avós vão vir – E ela terá de fingir que faz parte da família perfeita, concluo sozinha.

- Sinto muito – O abraço de Stacy fica ainda mais apertado.

- Eu também – Sinto os dentes da ruiva cravando em minha barriga e gargalho pela cosquinha.

- Parou! – Grito enquanto rio, logo ela me libera da tortura de cócegas e tenta voltar sua concentração na inscrição para a faculdade – Já pensou em como será para nós três quando você for pra Princeton?

- Todos os dias – A garota me encara com um sorriso triste – Vai ser difícil, mas tenho certeza que vai dar tudo certo.

- Vai sim – Juntamos nosso mindinho como sinal de promessa e observo a ruiva ajeitar os óculos no rosto e voltar para sua inscrição.

- Mas que merda! – A garota pragueja tirando minha atenção dos meus livros e encarando o e-mail em seu computador.

- Não reclama, porque você precisa do dinheiro – Ela suspira e sorri.

- Você tem razão, tenho que ficar feliz.

Stacy trabalha como tradutora desde os 14, escondido dos pais, para conseguir pagar a faculdade que quer desde pequena. Às vezes, eu só queria ser um pouco mais como Star, ela sabe se divertir e sabe ser uma adulta. Ela não acha isso algo bom, às vezes tenho que concordar com ela, nenhum dos adolescentes da nossa idade fazem o que ela faz, porque eles não têm a família problemática que a ruiva tem, por isso a tristeza e a ansiedade.

- Eu te admiro muito sabia? – Ela revira os olhos com uma careta no rosto – Não, estou falando sério. Você é maravilhosa, Star.

- São os seus olhos – A ruiva me encara com um sorriso de agradecimento – Eu não sei o que fiz para merecer você e a Loren.

- Eu também não sei o que fiz para merecer vocês duas – Passo meus braços pelos seus ombros, num abraço desajeitado e rimos com isso.

- Vocês estão namorando? – A voz de Freya é se ouvida e gargalhamos com a pergunta dela.

- Sai daqui pirralha – Star ameaça a irmã com uma almofada e me faz rir ainda mais.

- Mamãe, a chata está namorando a Amylind e ainda me ameaçou com uma faca – A mini ruiva grita, depois de bater a porta ao fecha-la.

- Ela é insuportável – Stacy prende o cabelo num rabo de cavalo e me encara, começamos a rir – Deve ser horrível te namorar – A ruiva brinca, coloco a mão no coração, falsamente ofendida.

- Digo o mesmo – A porta do quarto faz um barulho estrondoso quando o pai de Stacy a abre novamente.

- Não é verdade, pai – Star fala suspirando fundo e num tom entediado – Você vai mesmo acreditar nas coisas que essa pirralha fala?

- Crianças não mentem.

- Crianças não sabem o que é namoro – Star rebate e o senhor Lurmann parece pensar sobre e logo deixa o quarto – Essa foi a conversa mais longa que tivemos em 3 meses, apareça mais vezes – O humor melancólico de Stacy me deixa sem jeito.

- Tem certeza que não tem como você ir ficar lá em casa?

- Infelizmente, tenho.

Meus olhos pesam assim que os abro, forço a deixá-los abertos até achar meu celular para parar o despertador

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Meus olhos pesam assim que os abro, forço a deixá-los abertos até achar meu celular para parar o despertador. Bufo irritada e sento na cama com preguiça.

- Onde está essa droga? – Grito comigo mesma e sou obrigada a levantar para procurar o aparelho que não cansa de gritar em meu ouvido.

Puxo minhas cobertas para cima e me assusto com o barulho do celular caindo no chão, solto os cobertores que caem em meu pé e me jogo na cama. Estendo o braço e apanho o irritante celular que não para de gritar, arrepiando-me pelo piso frio, desativo o alarme, e bufo estressada. Hoje não é um bom dia.

- Bom dia filhota, como você está? Nós estamos bem aqui, qualquer coisa que precisar só falar com o papai, tá bom? – Escuto a mensagem de voz que acabo de receber de meu pai e o respondo rapidamente, já correndo para o banheiro.


- Acordou cedo, Amy – A voz doce de Tânia me faz sorrir.

- Você está de costas, como descobriu que eu estava aqui? – Minha voz sai animada.

- Senti seu cheiro – A mulher mais de idade sorri assim que se vira para me encarar, seus olhos azuis brilham – O que te fez sair da cama?

- Meu celular – Reviro os olhos e recebo o beijo na testa feliz – O que tem para o café da manhã hoje?

Tânia vem de manhã sempre que minha mãe vai ficar com o papai, ela arruma a casa, faz o almoço e sai, infelizmente ainda estou na escola a essa hora e nunca posso dizer tchau. A senhora já de idade é um amor e sempre muito educada, em verdadeiro exemplo para mim.

- Oh, queria algo diferente hoje? Eu fiz o de sempre.

- O de sempre é o meu preferido – Seguro os braços dela ao sussurrar e a puxo para um abraço.

- Bom, então sente-se, por favor.

- Quando vai se juntar a mim? – Pergunto já no meu lugar.

- Quando eu deixar de trabalhar aqui – Reviro os olhos.

- Certo, nunca então – O sorriso meigo dela me aquece.

- Vai buscar suas amigas?

- Como sempre, sim.

- Vou preparar um café para elas então.

- Não pode ficar mimando minhas amigas desse jeito não.

- Claro que posso – Ela termina de colocar as coisas na mesa e começo a comer, conversando com a mulher durante o tempo que tenho.

Para Sempre Sua, AmyOnde histórias criam vida. Descubra agora