Terça-feira
Jack foi embora semana passada, Lori contou que a primeira carta dele chegou ontem, o exército é totalmente diferente do que ele imaginou. Star tenta fingir que não se importa, mas eu sei que ela ainda não aceitou que o amor da sua vida foi embora, eu também não aceitaria. Não suportaria a ideia de não poder ver mais a pessoa e ainda termos assuntos pendentes, Stacy não é tão indiferente a esse ponto.
- Tá pensando em que? – Ellen chega ao meu lado e sorrio ao encará-la.
- Na Star.
- O que tem ela? – A mais velha senta ao meu lado e puxa minha cabeça para seu ombro.
- Ela tem alguns assuntos com o Jackson, mas ele está no exército, deve estar sendo muito difícil para ela – A frase sai num sopro, sinto a mão delicada de Ellen acariciar meu rosto e preciso sorrir pelo carinho.
- A ruivinha sabe esconder os sentimentos muito bem, mas não acho que dessa vez ela está escondendo.
- Como assim?
- Ela deve ter mandado alguma carta para ele.
- Você acha?
- Eu não posso dizer que tenho certeza, mas eu meio que tenho certeza – Sua voz é rouca pela idade, mas ainda muito viva, Ellen me contou uma vez que só tinha um único objetivo de vida e que não sabe se conseguiu alcançar. A mulher é um poço de mistérios.
- Me conta – Preciso sentar corretamente para encarar seu rosto – Qual o seu objetivo de vida?
- Você ainda lembra da nossa conversa há alguns anos?
- Sempre que venho aqui eu lembro.
- O meu único objetivo é ser feliz, Amy – Ela passa a mão em meus cabelos e encara meus olhos com ternura.
- E por que não sabia se alcançou?
- Eu ainda não sei – Ela diz sorrindo, o sorriso de uma sábia – Eu só vou saber quando estiver nos meus últimos dias de vida.
- Eu não entendo.
- A gente pode estar feliz hoje, mas amanhã não, isso é normal, para saber se somos felizes, precisamos colocar na balança, quantas vezes fui feliz e por que estava sendo feliz. Quando a gente se alegra pelas coisas mais simples da vida, a gente sabe que é feliz.
- Achei profundo – Meu cérebro quebrou por segundos, porque nunca uma frase fez tanto sentido na minha vida como agora.
- E é, não acha? Eu amo essas coisas – Ela muda o tom e levanta animada – Tenho que voltar ao trabalho, vai querer mais tortinhas?
- Não, eu já estou indo, preciso terminar o trabalho final.
- Então vai lá – Sorrio pelo beijo em minha bochecha e preparo minhas coisas para ir embora.
- Olha quem está por aqui – Demorei para reconhecer a voz de Wesley, Cohen está ao seu lado e foi estranho o encarar, dá última vez que nos vimos, eu estava pelada.
- Eu achava que vocês fossem de outra cidade.
- E somos.
- Mas vocês estão sempre aqui.
- A pista é melhor aqui – Assinto e dou a volta para passar por eles – Qual é princesa, vai sair desse jeito?
- Vocês têm mais alguma coisa para falar pra mim? – Aproveito o silêncio deles e continuo – Eu não tenho nada para falar com vocês, então, to indo.
- A educação passou longe, né.
- A de vocês então, virou pássaro, porque voou pra longe rápido – Lembro da primeira vez que os vi – Eu tenho que ir.
- Vai ter racha hoje, quer ir?
- Não to afim não – Cohen me encara de cima a baixo e isso me incomodou levemente.
- Por que não? – Não consegui esconder minha careta.
- Sei lá, não to no clima – Reviro os olhos e dou a última encarada nos três patetas antes de virar e seguir até meu carro.
A caminhonete está pela primeira vez estacionada erroneamente, mas não ligo, muito por não ter muitos carros estacionados. Meu banco é aconchegante e o ar está num perfume gostoso, coloco minha mochila no banco ao meu lado e quase grito de susto pela batida na minha janela. Cohen está do lado de fora, suas mãos agora estão dentro do bolso da jaqueta e seu olhar distraído.
- Eu já falei que não estou afim de correr – Digo assim que abro a janela para escutá-lo.
- Eu também não e não estou aqui por isso.
- Está aqui por que então?
- Você quer sair comigo?
- Tipo um encontro? – Observo sua careta fofa e engraçada.
- Tipo um sexo sem compromisso.
- Ah – Encaro seus olhos profundos, tentador – Foi mal, eu to namorando – Observo seus olhos assumirem um tamanho anormal.
- Foi mal, não sabia.
- Olha só, você pedindo desculpa – O biquinho surpreso nasceu involuntariamente.
- Acostuma não – Seu sorriso é bonito – Vou ter que achar uma outra foda.
- Vai sim, fique longe da ruivinha, ok? – Ele arqueia a sobrancelha e seu rosto se ilumina.
- Uma boa ideia.
- Fica longe, Cohen – Encaro seu sorriso malicioso enquanto finalmente viro a chave na ignição para poder começar a dirigir.
- Vou pensar – Ele bate na janela e estala o dedo em minha direção, saindo em seguida, com o sorriso nos lábios. Ele estava brincando. Eu acho.
O caminho até a casa de David foi baseado em música alta e animada e meus pensamentos voando entre o que Ellen disse mais cedo e a suposta brincadeira de Cohen. Estalo as costas ao finalmente estacionar a caminhonete na casa do garoto com o sorriso mais bonito da cidade, meu olhar foi direcionado para Andrea saindo da casa dos Wells, limpando algo na boca, a garota aparece na minha janela, para me cumprimentar.
- Como está, Amy?
- Bem e você?
- Bem melhor agora – Ela encara a casa atrás dela.
- Estava aí com o Liam? – Sua risada é engraçada.
- Não, ele nem está aí – A garota pisca para mim e anda animada até seu carro, isso não pode ser real.
Passei cerca de 5 minutos ponderando sobre o que fazer, deveria entrar e esclarecer ou apenas ir embora? Acho que não conheço David de verdade, porque estou em dúvidas. Eu não sei se ele seria capaz de me trair assim, estou dividida sobre o que pensar. Tudo será resolvido assim que eu entrar na casa bonita ao meu lado e conversar com meu namorado, mas estou com medo e o medo faz eu ligar meu carro novamente e voltar para casa com as lágrimas querendo sair. Talvez esse namoro realmente seja um erro, certo?
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Para Sempre Sua, Amy
Teen Fiction"- Não vai ser fácil - Consigo sentir as lágrimas se formando em meus olhos e meu nariz começa a arder - Não vai ser fácil mesmo. - Eu não te obriguei a me amar, Amy - Seus olhos me avaliam com cuidado, ele sempre faz isso, sempre faz eu me sentir a...