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- A criança morreu

- "A criança morreu" – O ator fala no filme, encaro o sorriso bonito de David.

- Você não estava brincando mesmo – Desisto de tentar prestar atenção no filme e me viro para o garoto ao meu lado, puxo minhas pernas para cima do sofá e encaro seu olhar atento na tv.

- Eu não brinco com filmes – Ele diz concentrado – Por que está me encarando? – Ele me olha com o sorriso no rosto.

- Eu já vi esse filme muitas vezes também – Informo e ele sorri – Vamos conversar, eu quero conversar.

- Tudo bem – Ele se ajeita no sofá também, ficando de frente para mim – Eu não ia falar nada, mas na sexta passada, o que foi aquilo?

- Aquilo foi eu protegendo a Stacy de uma roubada – Seu sorriso bonito invade seu rosto.

- Não, essa parte eu entendi, você correu muito bem – Ele elogia e assinto agradecida – Estou falando daquele aceno, por que não foi lá falar comigo?

- Eu estava nervosa, os três patetas e Henry conseguiram tirar minha paciência.

- E o que eu tinha a ver com isso? – Seu sorriso debochado expressa a brincadeira e eu reviro os olhos, levo minha mão até seu braço com força.

- Não brinca assim, idiota. Eu acredito fácil – Encosto minha cabeça no sofá e o encaro de baixo, ele é bonito de todos os ângulos, consigo perceber.

- Você acredita em tudo mesmo?

- Não, não sou estúpida ao ponto, mas quando é alguém que eu sei que posso confiar, sim.

- Então já tenho sua confiança? A gente se conhece a o que? 2 semanas?

- Uma semana e meia, para ser mais exata – A gargalhada sai sem medo de nossas gargantas.

- Está contando?

- Jamais – Sento ereta de novo e admiro o brilho em seus olhos – Mas parece que faz anos, né?

- Que a gente se conhece? – Ele enche a boca de pipoca, enquanto eu assinto – Sim, parece que te acompanhei crescer.

- Não, se você tivesse me visto crescer, provavelmente não seriamos amigos hoje.

- Será?

- Eu tenho certeza.

- Se a madame tem certeza, quem sou eu para negar – Sinto o carinho que ele faz em meus cabelos – Tem certeza que não tem problema eu ficar aqui essa noite?

- Claro que não – Reviro os olhos sem perceber, estou pegando essa mania de Loren – E não se sinta especial demais – Preparo meu tom irônico – Você foi segunda opção.

- Bom, não se sinta tão especial – Ele tira o cabelo do meu rosto e esconde atrás da minha orelha – Você também foi.

- Quites? – Busco minha garrafa de refrigerante no chão e brindo com ele.

- Quites – Voltamos a rir, apoio meu cotovelo no sofá e meu rosto em minha mão – Você já se apaixonou? – Sua pergunta me pegou de surpresa, sorrio ao encará-lo.

- Nunca – Ele bebe da sua bebida e observo seus lábios ficarem molhados de refrigerante, fazendo um brilho levemente irritante – Você?

Passo o dedão pela sua boca, tirando o excesso do liquido nele – Eu achava que sim, mas descobri que não. Então, nunca, também – Ele diz atônito aos meus movimentos, coloco o dedão na língua e sinto o gosto do refrigerante já sem gás.

- Entendo, por que achou que estava apaixonado?

- Eu não sabia o que era isso, ela me tratava de uma forma que me fazia me sentir especial quando estava com ela, pensei que eu a fazia sentir assim também, era o que ela dizia – Ele se interrompe para colocar pipoca em sua boca – Mas só estávamos nos usando, aqueles relacionamentos tóxicos de ambas as partes, sabe?

- Entendi – Meus olhos azuis observam os amendoados do seu – Agora você sabe o que é se apaixonar? – Ele foge o olhar do meu, deixa de bater na latinha do refrigerante e para de balançar a perna, travando por alguns segundos, observo sua expressão confusa e espero sua resposta.

- Não, mas tenho certeza que não podia ser aquilo – Ele responde pensativo ao voltar a fazer o que fazia.

- Tudo bem – Termino meu refrigerante em um gole e encaro o relógio – Acho melhor irmos dormir, amanhã ainda tem aula.

- Certo – Ele desliga a televisão e me puxa para si, enquanto deita no sofá.

Não sei se foi automático ou ele só achou que era o que eu queria, só sei que era o que eu precisava. Abraço sua cintura e relaxo meu corpo, minha cabeça está em seu peito, consigo sentir sua respiração de perto e é uma sensação desconhecida por mim, mas bonita. Seu indicador faz círculos na parte desnuda de meu ombro e isso me nina ainda mais.

- Obrigada.

- Pelo que? – Sua voz parece distante agora.

- Por estar aqui – Foi a conta de fechar os olhos e dormir.

- Bom dia dorminhoca – Tânia é quem me acorda e não sinto o cheiro ou o calor de David por perto, levanto no sofá agitada – Calma, ele não foi embora, está na cozinha, te esperando

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- Bom dia dorminhoca – Tânia é quem me acorda e não sinto o cheiro ou o calor de David por perto, levanto no sofá agitada – Calma, ele não foi embora, está na cozinha, te esperando.

- Me esperando pra que? – Coço minha cabeça e nuca, passo a mão pelo rosto e dou leves batidinhas para tentar acordar de fato.

- Oras, como pra que? Tomar café e ir para a escola, se você não se arrumar agora, vai se atrasar.

- Certo, estou indo – Levanto enfim, abraço a mulher e corro para o andar de cima. Foi estranhamente bom dormir tão perto assim de David, absurdamente estranho.

- Olha quem acordou – A voz dele está rouca e isso o torna ainda mais sensual – Sua mãe sabe que dormiu com um menino em casa?

- Não, mas está tranquilo se ela descobrir.

- Sério? Porque não foi bem isso que a Tânia disse.

- Você ameaçou ele, Tânia? – Grito para a mulher, segurando a risada.

- Talvez um pouquinho – Ela grita de volta e me faz gargalhar de leve, pelas manhãs não tenho muito ânimo.

- Ela não estava falando sério.

- Fico mais aliviado.

- Estava com medo da minha mãe, David?

- O que? Medo da sua mãe? Por que eu teria medo dela? – Ele fala rápido e embolado demais, deixa a faca cair três vezes nesse tempo e me faz rir ainda mais.

- É, né? Por que teria?

- Isso – Ele encara o chão e juntos começamos a rir e enfim, começamos a tomar o café.

Acho que a essa altura é impossível não chegarmos atrasados.

Para Sempre Sua, AmyOnde histórias criam vida. Descubra agora