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Quarta-feira

Meu coração acelera ao encarar a mesinha das cartas e ver uma carta de Yale ali, estamos na semana de receber nossas cartas de admissão e eu não tinha pensado nisso até a carta de Star chegar ontem, ela passou. Lori já recebeu a primeira carta, falta mais 3, David acabou de me mandar mensagem dizendo que a dele chegou e isso me preocupou.

Apesar de ser apenas duas horas de distância entre nossas universidades, não será a mesma coisa, não teremos o mesmo relacionamento. Abro a carta no hall de entrada mesmo e mamãe aparece do nada apressada.

- O que diz?

- Você estava me vigiando?

- Mas é claro, estou a um tempão esperando por você, quero acabar com esse mistério todo.

- Vocês ainda têm aquela aposta?

Na época que disse que faria medicina em Yale, meus pais ficaram divididos, eles não me achavam capaz, não os culpo, eu dava motivo para pensarem assim. Então, eles decidiram fazer uma aposta, não sei o que o vencedor ganharia, também não sei quem apostou contra mim e sinceramente não me importo, é o melhor a se fazer.

- Anda, Amy, estou curiosa – Mamãe prometeu não ter reação nenhuma, dando-me segurança então para abrir a carta – E então? O que diz aí?

- Bom, eu não sei quem apostou ao meu favor, mas essa pessoa ganhou – Sorrio e mamãe sorri alegre também, a mulher me dá um abraço apertado e me parabeniza, corre para o escritório, batendo a porta e quase gargalho com seu grito de felicidade.

Parece que papai perdeu a aposta, eu acho que sempre soube que ele apostou contra mim, mas enfim, é a vida.

Atendo a chamada de Star e Lori e sorrio por elas quererem saber se passei ou não, mas não me dão a oportunidade de falar.

- Meninas! – Assim que tenho o silencio que preciso dou a notícia – Fui aceita.

A falação voltou e preciso tirar o celular do ouvido para não acabar surda, volto apressada para meu quarto e pulo na cama, ainda com as meninas enchendo meu ouvido. O próximo assunto envolve a escolha de Lori, ela fez inscrição em Stanford, Columbia e Brown, sabemos apenas que ela foi aceita em Brown o que é ótimo, por ser uma universidade incrível, mas ela ainda está em dúvidas e isso a deixa preocupada. Por consequência, ficamos todas preocupadas.

Já estava escuro lá fora quando terminamos de conversar, precisei recusar algumas ligações de David e de papai para continuar conversando com minhas amigas. Mando mensagens para os dois homens da minha vida e papai é o primeiro a me retornar, conversamos pouco, porque com papai é assim. Ele me parabenizou por quase 5 minutos e isso me deixou com o coração leve.

- Como minha namorada está? – David fala assim que atendo sua chamada.

- Feliz demais e como meu namorado está?

- Feliz demais também – Sorrio e consigo sentir seu sorriso também, isso é muito estranho – Foi aceita, não foi?

- Fui!

- Eu sabia que você conseguiria.

- Você também foi, né? Óbvio.

- Por que tão óbvio?

- Porque você é superinteligente, claro.

- Não sou não, até precisei da sua ajuda.

- E você acha que eu não sei que estava me enganando?

- Por que eu faria isso?

- Aí eu já não sei – Finjo ser humilde, eu sei que ele só queria se aproximar de mim, porque Jack me contou – Mas sei que você sempre foi muito inteligente e seu irmão me disse outro dia que você nunca tirou nota baixa, então, sim, você foi aceito.

- Você venceu, eu fui aceito mesmo – Comemoramos por mais um tempo e o assunto foi mudando com o tempo, queria perguntar como seria nosso futuro juntos, estaremos separados por km, estamos acostumados com metros praticamente, como vai ser?

- O que você achou disso? Eu em Yale, você em MIT – Jogo a informação e espero que ele entenda do que estou falando.

- Eu achei incrível que entramos para onde queríamos, acho também que deveríamos nos visitar todo final de semana – Suspiro dramática, começa com as promessas, provavelmente ficaremos os primeiros meses assim, mas depois inventariamos desculpas para não nos vermos – O que foi?

- Você acha que daria certo?

- Como assim? Claro que acho.

- Eu não sei, David – Encaro meu teto e a porta aberta de meu quarto, acho que mamãe não está mais no escritório dela – Começa sempre assim com promessas, planos, mas quase nunca dá certo.

- Você já passou por isso?

- Não, mas

- Mas nada, a gente que decide, se depender de mim vamos conseguir manter um belo namoro.

- À distância – Complemento.

- O que importa a distância? A gente não se gosta por morarmos perto, será apenas uma fase, se não der certo, pelo menos não vai ser por não tentarmos – Ele até que tem razão.

- Acho que você até pode ter razão.

- Eu tenho – Reviro os olhos – Meu irmão trouxe umas meninas pra cá e eu não to afim de ficar ouvindo ele transar, então vou ir lá atrapalhar a foda dele.

- Tá bom, vai lá, cuidado para não apanhar.

- Eu? – Sua risada nasalada é sarcástica – Apanhar? Você acha?

- Acho, teu irmão tá fortinho.

- Fica reparando nele, é?

- Óbvio, quem é que não fica?

- Não gostei dessa informação.

- Faz parte – Ele riu e logo encerrou a chamada, mamãe entrou meu quarto em seguida, sabia que ela estava escutando detrás da porta.

- Então?

- Então?

- Como vocês dois vão ficar?

- Parece que está torcendo para nós terminarmos – Ela contorce o nariz e põe a mão no peito ofendida.

- Não fala um negócio desse, óbvio que não, minha filha – A mulher senta na minha cama e me puxa para deitar em seu peito, sinto seu carinho em meus cabelos – Ele te fez bem demais, quando a gente veio para cá as meninas foram essenciais para você, mas faltava alguma coisa para você ser perfeita como é agora, eu não sabia o que era, até ele chegar.

- Por que nunca disse isso antes?

- Porque não era necessário.

- Agora é?

- Demais, eu escutei sua conversa, vi suas reações, seu olhar fala demais, você é minha filha, eu sei que está pensando em desistir, sei que acha que esse relacionamento nunca vai para frente, mas olha eu e seu pai. Se a gente conseguiu, óbvio que você vai conseguir também.

- Vocês parecem que saíram de um livro.

- Mas a gente saiu – Ela sussurra em meu ouvido e deita minha cabeça em seu colo, o carinho em meu cabelo me faz dormir em segundos.

Mamãe é louca, apesar de não ter muita paciência para esse tipo de interação, ela se saiu muito bem e pareceu gostar disso.

Para Sempre Sua, AmyOnde histórias criam vida. Descubra agora