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- Como está? – David pergunta mais uma vez e me encara preocupado, como fez segundos atrás.

- Foi só uma bolada, David – Posiciono a compressa gelada em meu rosto de novo – Está tudo bem.

- Se estivesse tudo bem, a enfermeira não pediria para eu te levar pra casa – Ele fala encarando a rua, mas logo volta seu olhar para o meu rosto.

- Primeiro, ela manda todo mundo que vai lá para casa, segundo ela só te pediu isso porque você é praticamente emancipado e não precisa da autorização dos seus pais – Reviro os olhos e sorrio, acalmando-o – Estou mais preocupada com Loren dirigindo meu carro.

- Suas amigas vão vir ficar contigo depois do colégio?

- Não, Lori só vai passar aqui amanhã, para me buscar – Solto a risada e ele me encara, sorrindo também.

- O que é de tão anormal nisso?

- As meninas nunca dirigem, é como seu eu fosse a motorista delas, então é meio estranho – Apoio minha cabeça no encosto do banco e suspiro fundo, deixo meus braços caírem em meu colo e arrepio pela compressa atingir minha coxa desnuda.

- Está tudo bem?

- Se você perguntar de novo, eu juro que te jogo para fora desse carro – Ele ri com a ameaça.

- Mas o carro é meu.

- Isso não me impede de te chutar para fora.

- Tudo bem então, esquentadinha – Ele sorri e relaxa no banco do motorista, seu batuque no volante é melódico e isso me anima levemente.

- Você gosta de música?

- Quem é que não gosta? – Levanto os ombros e inclino a cabeça, numa mania estúpida minha – Mas, respondendo sua pergunta, sim, eu curto música, bastante.

- É? – Meu interesse é notório, e espero que ele entenda que eu quero saber mais.

- Uhum, teve uma época que eu até pensei em ser produtor.

- Não pensa mais?

- Todos os dias – Seu suspiro é melancólico e eu nem percebo quando ele para na porta da minha casa.

- Qual o problema? – David retira seu cinto e se mexe no banco, ficando de frente para mim, seu joelho raspa em minha coxa.

- Minha família é complicada – Ele sorri triste, encaro seus olhos castanhos com ternura, incentivando-o a falar – Meu pai é político e meu avô projetor de aviões, essas são minhas únicas opções – Observo ele coçar o pescoço e sigo as veias grossas em seu braço, desconcentro.

- Você não deveria ter só duas opções.

- Concordo, mas não é assim que as coisas funcionam pra gente – Acompanho a língua de David hidratar seus lábios e ele coçar a garganta – Mas eu já tenho uma ideia, pretendo seguir os passos do meu avô, que é o que mais me sinto à vontade e quando eu estiver livre deles, sigo com meu sonho de ser produtor.

- É um plano bom – Limpo a sujeira embaixo da minha unha – Seria melhor se você fizesse o que quer de primeira, mas pelo menos não vai desistir, certo?

- Espero que não – Ele suspira e encara o imóvel atrás de mim – Entregue.

- Vai voltar para o colégio? – Ele encara o relógio no pulso e nega com a cabeça – Você se importaria de passar a tarde comigo, então? – Encaro a chave do carro na ignição e observo seu sorriso aumentar pelo canto de olho.

- Não me importaria não – David puxa a chave de uma vez e sai do veículo, faço o mesmo e observo seu sorriso aumentar ainda mais, como se fosse possível – Mas será que daria para eu tomar um banho?

Para Sempre Sua, AmyOnde histórias criam vida. Descubra agora