Os rapazes começaram a puxar tudo que tinha dentro da porta, várias notas de euros em pequenos maços, o cartão de visitas e um colar de ouro com um pingente de meio coração com a Letra P escrita. Decidiram contar o dinheiro e ali tinham cerca de quinze mil euros. Isso é muito estranho, quem guarda esse tanto dinheiro pensou Caio. Mateus pareceu ler os seus pensamentos.
— Quem guarda todo esse dinheiro em uma porta? Será que era dinheiro de droga?
— Não acho que seja isso, se fosse teria ao menos um pouco de droga por aqui. Rebateu Caio.
— Então o que?
— Tudo indica que ela estava se escondendo de alguém, talvez estivesse fugindo.
— Não estou gostando nada disso.
— Nem eu, mas não dá para parar agora, vamos sair daqui.
— Sempre dá para parar. Sempre...
Caio não respondeu e começou a juntar as coisas em uma sacola que pegou na cozinha. Ele não queria passar nem um minuto a mais dentro do apartamento. Mateus o seguiu, mas estava irritado. Perguntava-se como uma viagem havia se transformado em uma caçada.
Quando já estavam no carro Caio colocou o endereço do cartão de visitas no GPS e uma voz feminina começou a falar.
— O seu destino está a dez quilômetros. Siga por cinquenta metros e vire à direta...
— Você tem uma sorte tão grande de ter um amigo como eu Caio.
— Eu sei, mas não temos tempo a perder agora. — Disse Caio e logo depois girou a chave do carro ligando-o para Mateus . — Vamos lá?
— Acho que você não está me dando muita escolha não é?
— Não. Agora não, mas se tivesse seguido o cronograma nesse momento você provavelmente estaria entrando no Panteão.
— Pois é, acho que vai ficar para outra hora. Disse Mateus e começou a dirigir.
***
Mesmo com o GPS indicando o caminho Mateus errou as ruas algumas vezes, a loja ficava em um bairro chamado Torrino e nele havia algumas ruas muito estreitas que o fizeram confundir-se com as que a mulher do GPS dizia.
Chegaram a uma rua um pouco deslocada das principais e encontraram nela várias lojas pequenas com a frente de vidro sem sinalizações muito complexas. Tinha um Pet-shop, um barzinho típico italiano, um salão e entre essas, uma loja de eletrônica no meio. Como que essa loja ainda funciona hoje em dia? Pensou Caio, sabendo que era muito difícil competir com as multinacionais e as lojas online que já vinham acabando com esses negócios.
Quando abriram a porta ouviram o barulho de um sino tocando e quando ela fechou atrás deles, o ouviram mais uma vez. Bem-vindos aos anos noventa. Nos pequenos cartazes dentro da pequena loja conseguiram entender que além de vender eletrônicos como celulares, computadores e até micro-ondas, a loja também fazia consertos. O que provavelmente era o motivo de ainda estarem funcionando naquele lugar. Era uma loja de bairro, mas o que fez Heidi ir parar ali era o que se perguntava Caio.
— Buongiorno! Disse um senhor que devia ter quase sessenta anos, os poucos cabelos brancos que lhe restavam e o nariz proeminente não podiam negar.
Mateus logo se adiantou com um italiano básico e pedindo se tinha como eles responderem em inglês. O homem anuiu e pediu para que esperassem e dos fundos da loja saiu um homem que deveria ter a mesma idade de Caio e Mateus.
— Como posso ajudá-los? Perguntou ele.
— Eu tô com um problema e uma amiga indicou vocês.
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Vou te encontrar
Детектив / Триллер1º LUGAR NO CONCURSO BLUE - REINO AZUL. Caio viaja com seu melhor amigo, Mateus, para Roma. Nessa viajem Caio conhece uma garota misteriosa, Heidi, uma turista holandesa, e eles têm um breve relacionamento que é interrompido quando ela é sequestrad...