Vou te encontrar

Capítulo 13

Mais uma vez no apartamento, Caio estava revirando as informações que tinha e tentando juntar as ideias e prováveis cenários que explicassem o porquê alguém sequestraria uma pessoa no centro de Roma e estariam dispostos a matar por isso. Nada até o momento o deixava satisfeito com as respostas que tinha.

Começou a buscar informações sobre a RR immobiliare e nada melhor como "o novo pai dos burros" para poder ajudá-lo: o pai Google. A primeira coisa que apareceu em sua pesquisa foi o site da empresa, mas não encontrou nenhuma notícia sobre o agente imobiliário assassinado. Isso queria dizer que ou a informação não tinha vazado ainda ou o Piero estava escondendo.

A notícia sobre a morte de Antonio saiu no jornal e em vários sites, ainda assim a sua profissão não é mencionada em nenhum lugar.

Estranho.

O site da empresa era elegante e nele se podia ver vários imóveis de luxo em destaque. Essas eram localizadas em diferentes cidades e regiões do país: Roma, Milão, Bolonha, Nápoles, Calábria, Sicília e entre outras. A empresa cobria todo o território nacional.

— Como é possível que um funcionário, de uma empresa de abrangência nacional, morre assassinado e ninguém fala nada... Em um país com menos de mil assassinatos por ano? Isso me soa estranho. O que você acha? Disse Caio para o amigo.

— eh...— Disse Mateus distraído. — Cara eu vou dormir. Se você descobrir algo muito importante você me acorda. Eu já não tenho mais energias para esse dia.

— é eu sei. Culpa minha... — E sem saber o que dizer apenas disse: — Desculpa.

— Esquece isso agora. Só faz o que você tem que fazer aí.

Mateus dirigiu-se ao seu quarto e em menos de um minuto parou de fazer barulho e Caio sabia que já devia estar apagado no sono. Uma coisa que sempre o surpreendeu foi como o amigo tinha a capacidade de dormir mesmo em momentos tensos. Já Caio não conseguia dormir direito se tivesse que fazer qualquer coisa minimamente relevante no dia seguinte. Sempre invejou a paz com que Mateus levava a vida. E ele nem precisava meditar, fazer ioga, tomar suco detox e todas essas coisas zens que são propagadas pela mídia e que Caio já havia tentado e falhado miseravelmente mais de uma vez.

Em sua pesquisa sobre a imobiliária ele não conseguiu encontrar nada que a ligasse a Antonio Abrazzo. Só em Roma existiam mais seis filiais espalhadas em diversos bairros. Procurou no google maps qual parecia ser a maior e anotou o endereço. A filial estava a poucos quarteirões de uma grande estação de trens e metrôs chamada Termini que estava localizada quase no centro de Roma.

Fez as contas mentais e chegou à conclusão que um imóvel no centro da capital de um dos países mais famosos e ricos do mundo não seria nada barato e isso o fazia questionar-se o quanto uma imobiliária precisa vender para manter-se naquele local. No mínimo deveria render milhões.

Por que um funcionário de uma empresa desse tamanho trabalharia como capanga de alguém?

Por mais de duas horas continuou navegando pela internet em buscas de informações que pudessem justificar Antonio nos dois lugares que sabia que ele tinha estado. Na Rimoli e no carro tendo seu nariz quebrado por Caio. Nada. Sua cabeça já estava doendo então se sentiu forçado a descansar.

Ao contrário do que estava acostumado ele sentiu suas pálpebras pesarem como se sacos que areia as puxasse quando se deitou e em poucos minutos já não sabia mais onde estava. A melhor parte do sono é aquela que a gente não lembra, parece que tudo está em paz.

Não soube dizer por quanto tempo essa sensação durou, mas enquanto tudo estava escuro acordou ouvindo barulho de passos no andar de cima. Isso não é normal. Ainda coberto pelo sono se esforçou para levantar. Olhou seu celular e viu o horário, eram três e trinta e sete da madrugada. Se fosse medroso se estaria preocupado, Mateus, por exemplo, não gostava quando acordava às três. O coitado assiste muitos filmes de terror. Certamente não gostaria de ser acordado no meio da noite, mas se estivesse acontecendo o que Caio imaginava, era melhor que ele acordasse bem rápido e sem fazer nenhum rumor.