Capítulo 11

65 13 9
                                    

Caio olhava para o amigo boquiaberto. A informação o pegara desprevenido, não sabia como digeri-la. De certa forma estava contente e ele se sentia mal por isso. Ao mesmo tempo estava preocupado com o que poderia ter acontecido com Heidi. Será que ela levou o mesmo fim? Nem pense nisso Caio as perguntas rodeavam sua cabeça e ele não conseguia evitar pensar no pior.

Tentou encaixar a linha do tempo dos acontecimentos na cabeça, procurando algum modo de como Heidi poderia ter feito aquilo e não ser, de fato, mais uma vítima fatal.

Caio estava aéreo e então Mateus tomou as rédeas e continuou a falar.

— Você não vai me perguntar nem como eu soube disso?

— Ahn? Que?

— Você não vai me perguntar como... Esquece! — Disse sacudindo a mão no ar e continuou. — Eu fui comprar as coisas para a gente comer e enquanto eu esperava comecei a olhar uma TV que estava ligada, então vi a noticia de um homem que tinha sido encontrado morto no Rio Tibre próximo de onde você disse que aconteceu. Achei que pudesse ser uma coincidência, quando alçaram o corpo da água ele estava coberto por aqueles sacos pretos para os corpos, que a polícia usa. A princípio fiquei preocupado, mas depois disseram que era um homem colocaram uma foto com o seu rosto na tela.

Caio olhava incrédulo para Mateus enquanto ele falava.

— Disseram que alguns passantes viram o corpo dentro do rio enquanto faziam uma corrida matutina próxima a borda do rio.

— Falaram qual era o nome dele ou algo assim?

— Acho que era Antonio Abruzzi ou algo assim, 37 anos.

Caio balançou a cabeça preocupado.

— Isso está ficando perigoso demais. Disse ele.

— Você acha? Já se esqueceu do tiro que levou?

Para dizer a verdade ele tinha esquecido sim. Estava tão preocupado a sua jornada de herói tentando salvar a garota, que por um breve período havia se esquecido de que ele também era mortal.

— Memento mori. Disse Mateus.

— Que?

— Os romanos tinham um servo para dizer a seus lideres após seus triunfos essa frase: Memento mori... Lembre-se de que és mortal. Tô longe de ser seu servo, mas agora estou aqui para te lembrar disso, você não precisava ver isso acontecer com os outros para saber que você também pode se machucar de verdade com essa história.

— Sim... claro... Eu sei disso. Disse Caio, mas sabia que não tinha soado nem um pouco convincente.

— Estou vendo.

— Acho que precisamos voltar na polícia... Dizer que foi esse cara que me atacou.

— Sim. A polícia é a melhor opção. Parece que está raciocinando melhor agora, menos mal.

— Pode ser, mas ainda assim não quero papo com aquele tal de Piero não. Preciso achar um jeito de conversar com o Giancarlo sozinho, não confio no colega dele.

— Pra dizer a verdade, nem eu. Ele parecia muito disposto a querer descartar logo a história... tentou jogar a culpa para você e para Heidi.

— Exatamente! Que porra aquele cara tem na cabeça.

— Foi por isso que você deu o endereço errado não é?

— Claro, sei lá com o quem ele está envolvido? Você sabe como é no Brasil, não é porque aqui é Europa que vai ser muito diferente. O ser humano é falho no mundo todo.

— Você acha que ele está envolvido com esses caras que pegaram vocês?

— Eu não tenho como saber, mas eu não acho que ele soubesse o que tinha acontecido porque parecia ter sido pego de surpresa. — Caio passou a mão nos lábios e pensou um pouco. — Mas talvez ele conheça o modus operandi desses caras.

— Como assim? Questionou Mateus.

— Pensa comigo. Se ele não imaginasse quem fosse, por qual motivo ele tentaria ir contra a gente, gratuitamente, daquele jeito? Talvez ele saiba quem possa ter feito isso, mas não estava avisado que aconteceria. Então a melhor coisa que ele podia fazer era bagunçar o caso e tentar afastar o colega, para ele resolver — nesse momento Caio fez sinal de aspas com os dedos no ar — sozinho.

— O passaporte da Heidi não ajudou nessa.

— Infelizmente não, mas preciso achar uma maneira de fazer o Giancarlo acreditar em mim e assim talvez ele nos ajude. Talvez até dê uma olhada nos podres desse tal do Piero.

Mateus ficou pensando no que dizer, mas não sabia ao certo o que, mas sabia que ele ainda não tinha conversado direito com Caio, mas sabia que o amigo parecia mais disposto a fazê-lo.

— O que você acha dessa história da Heidi, o passaporte falso e o resto?

— Eu ainda não consegui encaixar todas as peças na minha cabeça...

— Mas o que conseguiu encaixar até agora? Insistiu Mateus.

— Acho que surgiu alguma oportunidade para ela aqui e o passaporte falso foi para ela vir logo para cá, se ela for servia como o áudio indica, ela precisaria de um passaporte para entrar aqui e de visto também.

— Claro! — disse Mateus empolgado. — O acordo de Schengen não inclui a Servia.

— Isso mesmo.

— Então ela fez um passaporte falso para vir logo para cá para essa oportunidade com esses caras, algo deu errado e ela fugiu?

— Pode ser isso, aquele dinheiro todo que ela tinha é muito estranho, porque alguém andaria com tanto dinheiro invés de colocá-lo em um banco. Pode ser que ela tenha roubado eles.

— Então talvez eles nem estejam tão errados assim, não que eu seja a favor a fazer justiça com as próprias mãos, muito pelo contrário, mas ela devia saber no que estava se metendo.

— Mas porque eles tentariam me matar? Eu consegui fugir, mas suponhamos que ela tenha ficado para trás porque querer me matar? Tem algumas peças que não se encaixam.

— Sim, como o que aquele brutamonte estava fazendo na foto que ela tirou. Ele parecia segurança do prédio Rivoli.

Caio não tinha agora tinha muitas perguntas na cabeça, muito mais do que tinha antes que conseguir acessar o celular de Heidi, será que ela ainda tá viva? Quem é a irmã? Quem são os homens? O que o Piero sabe? Onde começa e onde acaba toda essa história?

Seu amigo o olhava sério esperando por respostas que ele não tinha e como em areia movediça quando mais seus pensamentos se mexiam, mais ele se sentia afundando neles. Caio temia pelo que poderia ter acontecido com Heidi, mas estava feliz por não terem encontrado nenhum corpo de garota até agora, será que seria encontrado? Será que o homem no rio foi só um recado? Ele sacudiu a cabeça afastando aqueles pensamentos sombrios e lembrou-se da Hacker.

— Ainda não paguei o restante para a garota.

— A hacker? — antes de deixar o amigo responder ele continuou. — Que história...

— É! Essas férias não estão saindo nada como planejado, não acha?

Antes mesmo de efetuar o pagamento apareceu um mensageiro na tela do computador.

"Muito bem garotos! Já estava achando que teria que pedir para mandarem o resto, dá próxima vez não se esqueçam de desligar a internet de vocês eu sou muito curiosa :) "

Vou te encontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora