Capítulo 5

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Na manhã seguinte Caio levantou-se antes mesmo de o sol aparecer no céu. Ele passou a noite inteira virando na cama de um lado para outro, tentando achar alguma solução. Algum jeito de encontrar Heidi. Ele já tinha dito para Mateus que não se meteria em confusão, mas depois do encontro com os policiais na noite anterior, poderia mesmo confiar neles? Era a pergunta que mais o conturbava. Porque se a polícia não fizesse nada, ninguém faria. E se depender do tal de Piero eles não vão fazer nada pensou ele.

Duas horas depois Caio ouviu barulho vindo do quarto de Mateus que finalmente havia acordado.

— Já acordou? Perguntou Caio, batendo na porta, como se já não soubesse a resposta.

— Sim... — disse lentamente o amigo. — Pode entrar...

Quando ouviu o "sim", Caio já estava entrando no quarto. Nenhuma novidade até aí, tanto que Mateus esboçou um leve sorriso balançando a cabeça e seus dreads, curtos, sacudiram junto.

— O que você pretende fazer hoje? Perguntou Mateus.

— Eu acho que vou esperar alguma resposta da polícia.

— Eu sei que tudo isso é uma loucura, mas ficar preso aqui dentro não vai ajudar em nada.

Caio deu razão ao amigo, mas os dois estavam pensando coisas bem diferentes.

— Por que não seguimos o cronograma? Continuou Mateus.

— Se você quiser, pode seguir o que programamos, mas hoje eu não tenho cabeça para isso.

— Eu não acho que seja uma boa ideia te deixar sozinho agora.

— Por quê? Eu vou ficar bem aqui, pode ir.

— Caio, ontem você estava mentindo para polícia e ocultando provas. Acha mesmo que eu vou cair nessa?

— Eu não confio naquele tal de Piero e eu preciso ver o que tem naquele apartamento e no celular da Heidi antes para entender o que está acontecendo.

Mateus se irritou um pouco com o que Caio disse.

— Você falou que não ia se meter em confusão — Mateus que estava trocando de roupa jogou a camiseta que vestia com força em algum lugar no chão. — Mas é claro que Caio dos Santos Albuquerque não consegue ficar quieto no seu canto.

— Não, Caio dos Santos Albuquerque não consegue, senhor Mateus de Oliveira Gonçalves.

Os dois costumavam se chamar pelos nomes quando estavam irritados um com o outro, parecia como quando as nossas mães nos chamavam por nome completo e nós já sabíamos que vinha encrenca.

Caio e Mateus se conheciam desde pequenos. Os pais dos dois serviram no serviço militar brasileiro no mesmo batalhão, por isso as famílias se tornaram muito próximas. O pai de Mateus era mais tranquilo e brincalhão já o de Caio sempre fora linha dura. E assim como os seus pais, eles mantinham uma amizade longa e se conheciam desde os cinco anos. Estudaram nas mesmas escolas e na mesma universidade. As famílias eram tão unidas que a irmã mais nova de Caio, a Isadora, já tinha data de casamento marcado com o irmão mais velho de Mateus, o Renan.

Por esse motivo os dois já tinham aprontado muito nos últimos vinte anos, mas Mateus sempre sofria as consequências das ideias "geniais" de Caio. O pior era que ele seguia o amigo para não deixá-lo sozinho nas confusões e estas serem ainda piores, no fundo ele sabia que Caio era assim e que não podia mudá-lo. O jeito era amenizar o prejuízo.

— O que você tá pensando em fazer? Indagou Mateus.

— Nada de mais.

— Tipo?

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